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Economia Política

A Economia Política é tradicionalmente conhecida como uma ciência que se dedica ao estudo de todo o processo econômico e de sua relação com a dinâmica da sociedade.

A obra “A Riqueza das Nações”, de A. Smith, é um dos clássicos da Economia Política
A obra “A Riqueza das Nações”, de A. Smith, é um dos clássicos da Economia Política
Crédito da Imagem: Wikipedia
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A Economia Política foi uma ciência que se constituiu entre os séculos XVIII e XIX e que teve por objeto de estudo todo o processo econômico ou, em outros termos, o processo de geração de riqueza. Esse processo implica a produção, a distribuição e o consumo de bens materiais que atendem às diversas demandas do ser humano. Esse estudo, para a Economia Política, não se dissociava do estudo das formas de organização social e política, de modo que essa ciência interessava diretamente os estadistas e governantes.

  • Origem do termo “Economia Política”

O primeiro a utilizar o termo “Economia Política” foi o francês Antoine Montchrétien, em sua obra Traité de l'Economie Politique (Tratado de Economia Política), publicada em 1615. Montchrétien estava intelectualmente associado aos teóricos do Absolutismo, como o também francês Jean Bodin, e caracterizou-se por destacar a importância da inter-relação entre política e economia. Desde então, as reflexões sobre Economia Política passaram a ser desenvolvidas por pensadores de várias nações europeias, mas foram os franceses e, principalmente, os britânicos que se destacaram nesse campo.

  • Definições de Economia Política

Entre os franceses que contribuíram para os fundamentos da Economia Política, estão François Quesnay, autor das obras Tableau Économique e Maximes géneráles du gouvernement économique, e Anne Robert Jacques Turgot, autor de Réflexions sur la formation et la distribuion des richesses. Entre os britânicos, destacam-se: Thomas Malthus, Adam Smith, David Ricardo e, mais tardiamente, John Stuart Mill, nomes que compõem também o chamado liberalismo clássico.

Adam Smith é considerado o grande sistematizador dos problemas de Economia Política, tanto que suas reflexões foram e ainda são retomadas por economistas e sociólogos que pretendem entender as inter-relações entre organização social e atividade econômica. A definição que Smith dá à Economia Política consta no Livro IV de sua principal obra, A Riqueza das Nações, de 1776. Vejamos:

A Economia Política, considerada como um setor da ciência própria de um estadista ou de um legislador, propõe-se a dois objetivos distintos: primeiro, prover uma renda ou manutenção farta para a população ou, mais adequadamente, dar-lhe a possibilidade de conseguir ela mesma tal renda ou manutenção; segundo, prover o Estado ou a comunidade de uma renda suficiente para os serviços públicos. Portanto, a Economia Política visa a enriquecer tanto o povo quando o soberano. [1]

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Percebemos que Smith destaca o caráter pragmático da Economia Política, uma ciência que oferece tanto à sociedade quanto aos chefes políticos as diretrizes para a produção de riqueza, isto é, para o alcance da prosperidade a partir de princípios como o livre-comércio, a propriedade privada e a divisão do trabalho. Esse tema da riqueza é o ponto central da Economia Política, pois está no cerne da chamada Economia de Mercado, a base do sistema capitalista. Se lermos a definição de John Stuart Mill, em sua obra Princípios de Economia Política, de 1848, perceberemos que ele reitera essa questão da preocupação com a riqueza:

[…] Os autores de Economia Política professam ensinar ou investigar a natureza da riqueza, bem como as leis de sua produção e distribuição, incluindo, diretamente ou de maneira remota, a operação de todas as causas que fazem com que prospere ou decline a condição da humanidade, ou de qualquer sociedade de seres humanos, com respeito a esse objeto universal do desejo humano. Não que algum tratado de Economia Política possa discutir ou mesmo enumerar todas as essas causas; todavia, empreende segundo quais elas operam. [2]

Esse universalismo característico da Economia Política destacado por Mill foi, com o tempo, desmanchado por conta do nascimento de disciplinas especializadas, como a Sociologia e a moderna Ciência Econômica.

Cabe ressaltar que foi a Economia Política que começou a construir os fundamentos para se equacionar problemas como a questão do preço de mercadorias (desde uma joia ou um alimento até um navio ou um avião) e o tipo de trabalho nela empregado. Foi também essa ciência que deu os instrumentos iniciais para o cálculo político e o cálculo econômico, o que hoje é chamado de política econômica: taxa de juros, equilíbrio entre importação e exportação, inflação, política monetária etc.

NOTAS

[1] SMITH, Adam. A Riqueza das Nações: investigações sobre sua natureza e suas causas. Trad. Luiz João Baraúna. Editora Nova Cultural: São Paulo, 1996. p. 413.

[2] MILL, John Stuart. Princípios de Economia Política (vol I). Trad. Luiz João Baraúna. Editora Abril Cultural: São Paulo, 1996. p. 57.


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Economia Política"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/economia-politica.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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