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A Batalha de Waterloo aconteceu em 18 de junho de 1815 e ficou conhecida como a derrota final de Napoleão Bonaparte. Nessa batalha, Napoleão lutou contra as tropas lideradas pelo Duque de Wellington e por Blücher, sendo forçado a se retirar depois de ver suas tropas sucumbirem. Dias depois, renunciou e foi enviado para um novo exílio.
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Antecedentes da Batalha de Waterloo
A Batalha de Waterloo marcou a derrocada definitiva de Napoleão Bonaparte, mas essa decadência do general francês era algo que se arrastava havia alguns anos. Tudo se iniciou com a Campanha da Rússia, realizada em 1812. Essa campanha, que basicamente foi a invasão da Rússia, ocorreu porque os russos decidiram furar o Bloqueio Continental.
A invasão da Rússia foi uma decisão completamente desastrosa para Napoleão Bonaparte, principalmente porque o serviço de suprimento de seu exército era muito ruim. Em um local como a Rússia, onde não havia campos para saquear — porque os russos destruíam tudo —, a situação das tropas ficava bastante delicada.
A falta de suprimentos afetava diretamente a capacidade das tropas napoleônicas de lutar. O rigoroso inverno e os constantes ataque russos foram os fatores que fizeram os franceses recuarem. Dos mais de 500 mil soldados que marcharam com Napoleão, menos de 50 mil retornaram para a França.
Essa derrota teve um impacto tão significativo para Napoleão que, em 1813, seus adversários montaram uma nova coalizão e partiram para o ataque. Essa coalizão foi formada por tropas austríacas, prussianas, russas, inglesas, portuguesas, suecas, espanholas e germânicas. O resultado foi a derrota de Napoleão.
O imperador francês abdicou de sua posição, a monarquia foi restaurada na França, com o trono sendo entregue a Luís XVIII, e Napoleão foi enviado para a ilha de Elba, no Mar Mediterrâneo, para lá permanecer em exílio.
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Governo dos Cem Dias
A situação mudou no final de fevereiro de 1815, pois Napoleão fugiu do seu cativeiro em Elba. As nações inimigas de Napoleão declararam que ele era um fora da lei e, poucos dias depois, o imperador reapareceu. Ele foi recebido em Paris, em 20 de março de 1815, com honrarias, sendo ovacionado pela população parisiense.
O retorno de Napoleão deu início a um período que ficou conhecido como Governo dos Cem Dias, e logo ele reiniciou a formação de um novo exército. Isso se fez necessário porque ingleses, austríacos, prussianos e russos formavam uma nova coalizão para derrotar a França. Napoleão formou um exército com 125 mil soldados e partiu ao ataque antes que seus adversários ficassem fortes demais.
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Batalha de Ligny
Nesse ataque, Napoleão invadiu a Bélgica, em 15 de junho de 1815, com seus mais de 100 mil soldados. Ele tinha como principal alvo as tropas lideradas por Arthur Wellesley, o Duque de Wellington. Napoleão dividiu suas tropas com dois de seus comandantes, entregando o flanco direito a Emanuel de Grouchy e o flanco esquerdo a Michel Ney.
Os franceses tinham duas tropas para lidar na Bélgica: uma liderada pelo Duque de Wellington e outra liderada por Gebhard von Blücher. Napoleão ordenou que Michel Ney e mais 24 homens ficassem na retaguarda francesa, protegendo-os, enquanto ele e Grouchy atacariam as tropas prussianas que estavam na Bélgica e eram lideradas por Blücher.
Michel Ney atuaria para repelir as tropas de Wellington e impedir que elas se unissem a Blücher. Enquanto isso, Napoleão e Grouchy destruíram as tropas prussianas. Essa luta ficou conhecida como Batalha de Ligny e nela Napoleão conseguiu derrotar os prussianos, forçando Blücher a decretar o recuo de suas tropas.
Batalha de Waterloo
Napoleão então ordenou que Grouchy perseguisse os prussianos, a fim de evitar que eles se unissem a Wellington. Apesar da derrota em Ligny, o recuo de Blücher foi estratégico e permitiu que ele mantivesse contato com o comandante inglês.
Napoleão Bonaparte partiu para se juntar com as tropas de Michel Ney e atacar as tropas de Wellington. O comandante inglês aproveitou-se de uma forte chuva que ocorreu na região e se estabeleceu em um local conhecido como Monte Saint Jean. Os historiadores contam que essa chuva transformou o campo de batalha em um lamaçal.
As tropas de Wellington e Napoleão tinham forças parecidas, cerca de 70 mil soldados, mas as tropas francesas tinham um potencial de artilharia maior. Wellington assumiu uma posição defensiva, posicionando suas tropas com o objetivo de resistir aos ataques promovidos por Napoleão. O objetivo dele era ganhar tempo até que as tropas de Blücher chegassem para dar-lhe suporte.
Napoleão só conseguiu atacar próximo do meio-dia, pois teve de esperar o Sol secar o solo da chuva do dia anterior. Ele deu início a um ataque de artilharia, concentrando os ataques no flanco direito das tropas de Wellington. Depois, milhares de soldados franceses foram enviados para atacar essa posição.
O objetivo era forçar Wellington a retirar suas tropas posicionadas no centro, mas o comandante inglês não enviou reforços para seu flanco. Napoleão então deu início ao ataque ao centro do batalhão de Wellington. O flanco esquerdo das tropas de Wellington também foi atacado e começou a ceder posições.
A luta seguiu indefinida até às 15 horas, pois, em todas as posições, as tropas de Wellington conseguiam resistir aos ataques franceses. O exército de Wellington sofria muitas baixas, mas também causava danos consideráveis nos exércitos franceses, até que o ato decisivo dessa batalha aconteceu.
As tropas prussianas lideradas por Blücher foram avistadas e marchavam em direção à batalha para unir esforços a Wellington. Blücher havia enganado Grouchy e deixado algumas tropas para trás, enganando o comandante francês e afastando-o do campo de batalha. Estima-se que Grouchy tinha cerca de 40 mil homens em seu comando.
Napoleão ordenou que o general Lobau e mais dois batalhões assumissem posições defensivas no flanco direito para barrar o avanço das tropas de Blücher. Enquanto isso acontecia, Michel Ney tomou uma decisão desastrosa e ordenou que sua cavalaria realizasse um ataque frontal contra as tropas de Wellington. As cargas de cavalaria não tiveram sucesso e milhares morreram nesses ataques frustrados.
No fim da tarde, Ney identificou uma chance de realizar um ataque fulminante para dizimar as defesas de Wellington e pediu reforços para realizar o ataque, mas Napoleão não possuía mais tropas para enviar a ele. Grouchy teria sido crucial nesse momento, mas ele nunca retornou e foi criticado por toda a sua vida em razão disso.
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Derrota
No final da tarde e começo da noite, as tropas de Napoleão começaram a ceder espaço no campo de batalha. O maior número de inimigos foi crucial para a derrota. Alguns batalhões franceses foram cercados e lutaram até a morte, e Napoleão Bonaparte foi obrigado a abandonar o campo de batalha. No final da noite, Wellington e Blücher uniram-se e declararam sua vitória.
Ao final da batalha, Wellington e Blücher amargaram cerca de 20 mil mortes, enquanto as forças de Napoleão tiveram 25 mil mortes, além de prisioneiros e desertores. Napoleão retornou a Paris para tentar formar um novo exército, mas a derrota fez com que ele perdesse apoio popular e político. Assim, em 24 de junho de 1815, ele decidiu abdicar do trono pela segunda vez.
Napoleão cogitou fugir para os Estados Unidos, mas seu plano fracassou porque os portos franceses estavam bloqueados por embarcações inglesas. Ele foi preso e enviado para um segundo exílio, mas dessa vez na distante ilha de Santa Helena, localizada no Atlântico Sul. Nessa ilha, Napoleão faleceu em 1821.
Por Daniel Neves Silva
Professor de História