Sentido literal e figurado

Sentido literal e figurado são duas possibilidades semânticas. O sentido literal é o sentido denotativo ou objetivo. O sentido figurado é o sentido conotativo ou subjetivo.

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 Sentido literal e figurado são duas possibilidades de significado de um termo. O sentido literal ou denotativo de uma palavra é o seu sentido primeiro, original, próprio (por exemplo, “ouro” com o sentido de “metal precioso”). Já o sentido figurado ou conotativo de uma palavra é o seu sentido simbólico, artístico, expressivo (por exemplo, “ouro” com o sentido de “algo perfeito ou valioso”).

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Leia também: O que são figuras de linguagem?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre sentido literal e figurado

  • O sentido literal é o sentido denotativo ou original de uma palavra.

  • O sentido figurado é o sentido conotativo ou simbólico de uma palavra.

  • Em textos objetivos e funcionais, predomina o sentido literal.

  • Em textos subjetivos e artísticos, predomina o sentido figurado.

O que é sentido literal e figurado?

Palavra “esmeralda” exemplificando a diferença entre sentido literal e figurado.
O sentido literal é denotativo, enquanto o sentido figurado é conotativo.

O sentido literal é o sentido denotativo, ou seja, o significado primitivo ou próprio de uma palavra. Nesse caso, dizer, por exemplo, que “Aquela é uma rosa” significa que a coisa indicada é uma flor da roseira.

o sentido figurado é o sentido conotativo, isto é, o significado simbólico ou expressivo, o qual extrapola o sentido primitivo da palavra. Assim, dizer, por exemplo, que “Aquela é uma rosa” pode significar que a pessoa indicada é uma mulher muito bonita. Nesse caso, uma mulher está sendo comparada com uma rosa.

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Exemplos de sentido literal e figurado

LITERAL

FIGURADO

Comprei duas esmeraldas.

[pedra preciosa]

Os olhos dele são duas esmeraldas.

[olhos verdes]

Vi um touro no pasto.

[animal]

Meu pai é um touro.

[forte]

O Minotauro vivia no labirinto.

[lugar de difícil saída]

Minha vida é um labirinto.

[confusa, de difícil solução]

O cavalo estava sereno.

[animal]

Meu irmão é um cavalo.

[grosso, insensível]

O gato pulou na mesa.

[animal]

Pedro é um gato.

[bonito, atraente]

Amo comer jabuticabas.

[fruta]

Os olhos dela são duas jabuticabas.

[olhos pretos]

O anjo voou até a montanha.

[ser celestial associado a certas crenças religiosas]

Agnaldo era um anjo.

[bondoso, generoso]

Muitos morreram por causa do ouro.

[metal precioso]

Jéssica é uma menina de ouro.

[perfeita, exemplar]

Ontem à noite, tive aquele sonho outra vez.

[atividade mental que ocorre durante o sono]

Você é um sonho.

[incrível, inimaginável]

Importância do sentido literal e figurado

O sentido literal é predominante em textos mais objetivos e funcionais, ou seja, textos que pretendem ser diretos e claros para que o(a) leitor(a) possa exercer certa função ou ter informação acerca de algo. Diversos gêneros de texto apresentam tal objetividade, de forma a serem eficientes em sua funcionalidade.

Já o sentido figurado é predominante em textos literários, artísticos, os quais são mais subjetivos, isto é, textos que apresentam emoções, sensações e ideias mais trabalhadas artisticamente. Tais textos não possuem uma função prática, de forma que cada receptor(a) possa ter uma experiência única durante a leitura.

Assim, a importância de um texto com sentido literal está em sua funcionalidade. Já a importância de um texto com sentido figurado está em seu caráter artístico, criativo e imaginativo, capaz de transportar quem o lê para outras realidades ou mesmo despertar a atenção para detalhes ocultos na realidade cotidiana.

Leia também: Diferença entre linguagem literária e não literária

Exercícios sobre sentido literal e figurado

Questão 1 (Enem)

O termo (ou expressão) destacado que está empregado em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em

A) “[...]

É de laço e de nó

De gibeira o jiló

Dessa vida, cumprida a sol [...]”

(Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. Setembro de 1992.)

B) “Protegendo os inocentes

é que Deus, sábio demais,

põe cenários diferentes

nas impressões digitais.”

(Maria N. S. Carvalho. Evangelho da trova. s.n.b.)

C) “O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos mais comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas.”

(Maria T. Camargo Biderman. O dicionário-padrão da língua. Alfa (28), 2743, 1974 Supl.)

D)

Tirinha “O menino maluquinho” exemplifica sentido figurado da palavra bateria em questão do Enem.

(O Globo. O menino maluquinho. Agosto de 2002.)

E) “Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer.”

(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br. Acessado em julho de 2005.)

Resolução:

Alternativa C.

O termo “dicionário-padrão” está empregado em seu sentido literal, ou seja, denotativo. Os outros termos destacados são expressões figuradas.

Questão 2 (Facape)

TEXTO I

Em defesa dos adjetivos

Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha

dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.

Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários. Pois o adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas. Vejo uma pilha de melões na bancada de uma quitanda. Para um adversário dos adjetivos, não há dificuldade: “Melões estão empilhados na bancada da quitanda”. Todavia um dos melões é pálido como a tez de Talleyrand quando discursou no Congresso de Viena; outro é verde, imaturo, cheio de arrogância juvenil; outro ainda tem faces encovadas e está perdido num silêncio profundo e fúnebre, como se não suportasse a saudade dos campos da Provença. Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios. Têm cheiro do campo, do pôr do sol, ou estão secos, resignados, exauridos pela viagem, pela chuva, pelo contato das mãos de estranhos, pelos céus cinzentos de um subúrbio parisiense.

O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura. O senhor do meu lado no metrô: uma lista inteira de adjetivos. Está fingindo que cochila, mas por entre as pálpebras semicerradas observa os colegas passageiros. De vez em quando, o sorrisinho arqueado nos seus lábios vira uma torção irônica. Não sei se o que há nele é desespero calmo, fadiga ou um paciente senso de humor que não se dobra à passagem do tempo.

[...]

Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esquecido ou corrente. Precisamos de você, esbelto e maleável adjetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas e cuida para que elas não percam o gosto revigorante da individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nuvens negras, nuvens enormes e cheias de fúria, o que seria de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos?

A ética também não sobreviveria um dia sem adjetivos. Bom, mau, sagaz, generoso, vingativo, apaixonado, nobre — essas palavras cintilam como guilhotinas afiadas.

E também não existiriam as lembranças não fosse pelo adjetivo. A memória é feita de adjetivos. Uma rua comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados... (tudo bem, teus é pronome possessivo).

ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí. N. 52, jan. 2011. p. 47.

TEXTO II

Irene no céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor

Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
[...]

Manuel Bandeira.

A linguagem figurada foi usada:

A) Somente no Texto I.

B) Apenas no Texto II.

C) Apenas no título do Texto II.

D) Nos Textos I e II.

E) Apenas nos dois primeiros parágrafos do Texto I.

Resolução:

Alternativa D.

O texto I está repleto de linguagem figurada, como, por exemplo: “um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo” (parágrafo 1), “Todavia um dos melões é pálido como a tez de Talleyrand” (parágrafo 2), “Cidades e ruas sombrias se banham de um sol pálido e cruel” (parágrafo 4) e “essas palavras cintilam como guilhotinas afiadas” (parágrafo 5). No texto II, a palavra “céu” está em sentido figurado, já que não se refere ao céu propriamente dito, mas a um lugar após a morte.

Fonte:

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Deseja fazer uma citação?
SOUZA, Warley. "Sentido literal e figurado"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/sentido-literal-sentido-figurado.htm. Acesso em 13 de julho de 2025.
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Lista de exercícios


Exercício 1

A ambiguidade representa, digamos assim, um fator de não textualidade, pois compromete a clareza e a precisão do discurso. Contudo, em se tratando dos anúncios publicitários, nos quais prevalece a linguagem figurada, ela é feita de forma intencional, portanto, bem-vinda. Acerca do anúncio publicitário expresso abaixo, teça um comentário fazendo referência aos dizeres nele presentes:

As figuras de linguagem se encontram presentes nos anúncios publicitários

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Exercício 2

Leia este trecho:

É terminantemente proibido animais circulando nas áreas comuns a todos, principalmente para fazerem suas necessidades fisiológicas no jardim do condomínio.

Nesse texto ocorrem as seguintes figuras de linguagem:
 
a) pleonasmo e eufemismo
b) metonímia e eufemismo
c) pleonasmo e polissíndeto
d) pleonasmo e metonímia
d) eufemismo e polissíndeto.

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Exercício 3

Em “Por que é a beleza vaga e tênue, falaz e vã e incauta e inquieta?” ocorre uma figura de linguagem conhecida por:

a) hipérbato
b) elipse
c) silepse
d) assíndeto
e) polissíndeto

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Exercício 4

Partindo do pressuposto de que o sentido figurado, como o próprio nome já nos retrata, diz respeito às figuras de linguagem, analise os casos representativos abaixo, identificando a figura de linguagem neles demarcadas:

a)
“Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de Ilha  de Vera-Cruz.

Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz 

Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas [...]”


                                                 Cassiano Ricardo

b)

 “Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.


                                               Manuel Bandeira 

 
c)

 “Moça linda, bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor!”

                                        Mário de Andrade


d)

“ Árvores encalhadas pedem socorro
Mata-paus vou-bem-de-saúde se abraçam
o céu tapa o rosto
Chove... Chove... chove”.

                                           Raul Bopp 

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