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Antes de avançarmos nossa discussão acerca do assunto em pauta, retomemos alguns conceitos no que tange aos pronomes indefinidos, mais precisamente ao sentido que alguns deles expressam. Analisemos, pois, os páreos expressos por “algum e alguém” e “nenhum e ninguém”. Enquanto que esses últimos denotam sentido negativo, os primeiros expressam sentido positivo. Assim entendido, prossigamos analisando o enunciado que segue:
Não vi ninguém.
Quando analisado, há de se afirmar que o emissor acabou vendo alguém, ou seja, ninguém. Na verdade se trata de uma constatação equivocada, haja vista que o funcionamento da língua deve ser concebido de forma diferente, em se tratando desse caso em específico.
Mediante o caso em análise, a negativa aparece antes do verbo, razão pela qual inferimos que não temos de afirmar antes de negar, a menos que se trate de uma variante que normalmente ocorre na língua – as chamadas variações diatópicas, cujas mudanças se operam no nível da sintaxe.
Tais ocorrências assim se manifestam: “sei não”, “vi não”. Dessa forma, constata-se que a negação aparece depois do verbo. Cabe afirmar que essas construções estão corretas, mas decorrem do aspecto não convencional da língua, demarcado, sobretudo, pela oralidade, na qual podemos atestar o emprego enfático em que a segunda negativa prevalece sobre a primeira, como em: “não sei, não” / “não vi, não”.
Sendo assim, como afirmado anteriormente, no caso de a negativa anteceder o verbo (não vi ninguém), considera-se perfeitamente adequado aos moldes padrões da língua portuguesa – o que configura a dupla negativa.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras