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Sabe-se, desde a década de 70, que os gases CFCs (Clorofluorcarbonetos) são os principais responsáveis pela destruição da camada de ozônio. As reações que ocorrem e como o ozônio é degradado por essas substâncias são bem explanados no texto Camada de Ozônio. Por isso, desde 2010, a emissão dessas substâncias está terminantemente proibida.
No entanto, uma notícia recente, publicada na revista Nature Geoscience, de 09 de março de 2014, trouxe um alerta muito ruim: foram descobertos quatro novos gases que destroem a camada de ozônio. Três deles são CFCs, que são: CFC-112, CFC-112a, CFC-113a, e o quarto gás descoberto é um HCFC (hidroclorofluorcarbonetos), que é o HCFC-133a. A estrutura desses compostos está mostrada a seguir:
CFC-112 CFC-112a
(1,1,2,2-tetracloro-1,2-difluoretano) (1,1,2,2-tetracloro-2,2-difluoretano)
Cℓ F F Cℓ
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Cℓ ─ C ─ C ─ Cℓ Cℓ ─ C ─ C ─ Cℓ
| | | |
F Cℓ F Cℓ
CFC-113a HCFC-133a
(1,1,1-tricloro-2,2,2-trifluoretano) (1,1,1-trifluor-2-cloroetano)
F Cℓ F H
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F ─ C ─ C ─ Cℓ F ─ C ─ C ─ H
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F Cℓ F Cℓ
Essas substâncias são consideradas novas porque, apesar de já sabermos que os CFCs degradam a camada de ozônio, esses gases descobertos não estavam entre os CFCs indicados como presentes na atmosfera. Até o momento, já se sabia que outros sete tipos de CFCs e seis tipos de HCFCs contribuíam para a destruição do ozônio estratosférico. Eles estão entre os proibidos pelo Protocolo de Montreal — acordo assinado em 1987 por 150 países para eliminar a produção desses gases prejudiciais à camada de ozônio. Mas análises feitas por cientistas da Universidade de East Anglia, Londres, Reino Unido, mostraram a presença desses quatro novos gases na atmosfera desde meados de 1960.
O que significa que eles não estavam presentes lá anteriormente, ou seja, eles são provenientes de alguma atividade humana. Dois deles estão se acumulando muito rápido na atmosfera, principalmente o gás CFC-113a.
Mas como eles conseguiram fazer essa determinação?
Bem, simplificadamente, a equipe liderada pelo cientista atmosférico Johannes Laube coletou amostras de ar que ficaram aprisionadas em blocos de neve. Essas amostras são espécies de “arquivos naturais”, pois podem permanecer ali por até uma década. As porções de ar analisadas foram extraídas da neve da Groenlândia em 2008 e do ar não poluído do Cabo Grim, uma região da ilha da Tasmânia, Austrália, entre 1978 e 2012. Entre as técnicas de análise, detecção e quantificação que foram utilizadas, estavam a cromatografia gasosa com detector de espectrometria de massa.
Os resultados mostraram estimativas de que desde antes de 2012 as emissões de todos esses quatro novos gases que destroem a camada de ozônio combinados atingiram mais de 74 mil toneladas.
Os cientistas reconhecem que esse é um valor bem menor do que o que foi lançado na década de 1980 dos outros gases CFCs. Mas essa concentração está aumentando e destruindo gradativamente a camada de ozônio. Cada átomo de cloro liberado pelos CFCs pode, em média, destruir cerca de um milhão de moléculas de ozônio. O pior é que esses gases não são eliminados rapidamente da atmosfera, mas permanecem por décadas e até séculos. Então, mesmo que parem de ser emitidos, seu efeito vai contribuir para elevar o buraco na camada de ozônio durante muitas décadas.
Algumas fontes possíveis são insumos químicos para a produção de inseticidas e solventes como materiais de limpeza de componentes eletrônicos. Mas investigações e pesquisas mais detalhadas oferecerão maiores dados sobre essas fontes.
Isso mostra como é importante continuar estudando e monitorando a nossa atmosfera terrestre.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química