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Os esteroides são um grupo da classe dos lipídios que não apresentam a função éster como os demais grupos dessa classe, mas que se caracterizam por possuírem uma estrutura em comum, formada por 17 átomos de carbono ligados na forma de 4 ciclos, conforme mostrado abaixo:
No entanto, cada esteroide possui grupos funcionais diversos, como álcool, cetona, enol e ácido carboxílico, ligados a esses ciclos. Um dos esteroides naturais é a testosterona, principal hormônio masculino, cuja fórmula está representada a seguir:
A partir da testosterona, podem-se produzir os hormônios sintéticos conhecidos como esteroides anabólicos androgênicos (EAA), mais conhecidos como anabolizantes. Esses compostos possuem propriedades que intensificam os efeitos fisiológicos da testosterona, como o aumento da massa muscular e a redução de gordura. Dois exemplos de anabolizantes derivados da testosterona são mostrados a seguir:
Os anabolizantes podem ser usados para tratar alguns problemas de saúde, mas com cuidadoso acompanhamento médico. Veja alguns exemplos:
· Hipogonadismo: casos em que os testículos produzem pouca testosterona, levando à infertilidade e diminuição da libido;
· Doenças compulsivas: casos em que a pessoa vai se definhando;
· Doenças musculares;
· Velhice ou andropausa: quando há queda sensível na qualidade de vida. Nos casos de mulheres com problemas na menopausa, a terapia de reposição hormonal só é feita em casos específicos, pois vem sendo relacionada ao desenvolvimento de câncer;
· Em portadores de HIV: para recuperar a perda de massa muscular e reforçar o sistema imunológico;
· Em tratamentos de obesidade: o hormônio masculino provoca um aumento do metabolismo e, com isso, aumenta a “queima” de gorduras.
Infelizmente, porém, esses compostos vêm sendo utilizados indiscriminadamente e sem receita médica por jovens saudáveis que querem ficar mais fortes e mais bonitos esteticamente, por atletas que querem aumentar seu desempenho em competições e por praticantes de fisiculturismo, que procuram aumentar a massa muscular por um caminho mais fácil.
Muitos desses jovens são incentivados até mesmo por um treinador ou personal trainer, que desenvolveu “sua própria terapêutica”, indicando a quantidade que ele acha que dará mais resultado em cada jovem. Mas essa prática não tem nenhuma base científica e o treinador não sabe como a droga reagirá individualmente no organismo.
Outros são influenciados por amigos e conhecidos e, é por isso que principalmente em academias esse produto é muito procurado. Mas o que esses jovens (principalmente homens na idade de 18 a 34 anos) não se dão conta é que o uso desses hormônios pode prejudicar em muito a saúde e trazer muitos efeitos indesejados. Na figura a seguir são mostrados alguns desses:
Além desses efeitos temos tremores, aumento da pressão sanguínea, intolerância à glicose, aumento do colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL (forma boa de colesterol), variação do humor, agressividade e raiva incontroláveis, ciúme patológico, extrema irritabilidade, insônia, sentimentos de invencibilidade, distração, confusão mental e esquecimentos.
A prescrição e a venda indiscriminada dos anabolizantes têm levado à existência de produtos de baixa qualidade que entram ilegalmente em nosso país. Isso agrava ainda mais o efeitos adversos, pois muitas dessas substâncias vendidas são falsificadas e acondicionadas em ampolas não esterilizadas e misturadas a outras drogas. Já houve casos de pessoas que utilizaram produtos veterinários à base de esteroides, sem saber o risco desses medicamentos em humanos.
Outro problema grave relacionado ao uso de anabolizantes é que faz com que o usuário passe a usar também outras drogas recreativas, para, entre outros motivos, combater os sintomas de insônia e irritabilidade causados pelos EAA.
Os atletas que usam esses esteroides são proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional de participar de competições, pois os nomes desses compostos foram incluídos na lista de drogas cujo uso é considerado doping.
Um caso trágico que nos mostra isso ocorreu nas Olimpíadas de Seul (Coreia do Sul) em 1988. A atleta norte-americana Florence Griffith Joyner bateu o recorde de 100 metros rasos e ficou com a medalha de ouro. No entanto, havia suspeitas de que ela utilizava drogas e essas suspeitas se tornaram ainda maiores quando em 1998 ela sofreu um ataque cardíaco e morreu prematuramente, aos 38 anos de idade.
Esse e outros exemplos nos mostram que realmente não vale a pena usar essas drogas para encurtar o esforço necessário para obter os resultados desejados, pois eles também acabam “encurtando” outros prazeres da vida e, muitas vezes, a própria vida.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química