COP 30 em Belém: entenda o que é o evento sobre mudanças climáticas e sua importância, segundo especialistas

Especialistas que participam da COP 30 explicam o que é e como funciona a COP 30, evento sobre mudanças climáticas que acontece em Belém (PA)

Em 10/11/2025 07h30 , atualizado em 14/11/2025 18h36

Cidade de Belém
Belém, capital do Pará, sedia a COP 30 em novembro.
Crédito da Imagem: Foto - Luis War / Shutterstock
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COP 30 de Belém começou nesta segunda-feira, 10 de novembro, e segue até o próximo dia 21. A 30ª Conferência das Partes, evento sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) acontece pela primeira vez na Amazônia

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Chefes de Estado, ministros, diplomatas, representantes da ONU, cientistas, líderes de empresas e ativistas de mais de 190 países se reúnem na capital paraense para debater sobre as transformações do clima e tomar medidas em prol da sustentabilidade global. São esperados mais de 40 mil visitantes.

Entre os objetivos da COP 30 está a negociação de ações e compromissos internacionais para conter o aquecimento do planeta e lidar com o impacto das mudanças climáticas, afirma Rafael Loyola, diretor de Desenvolvimento na Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

Entenda no vídeo abaixo o que é a COP 30 e quais são as expectativas para esta edição, segundo André Ferretti, engenheiro florestal e gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza:

Confira também: Como a COP 30 pode cair nas provas do Enem e vestibulares 

Tópicos deste artigo

O que é a COP 30 em Belém?

A COP 30 é a 30ª edição da Conferência das Partes, reunião organizada pela ONU que reúne os países participantes do órgão para discutir e implementar acordos internacionais.

Segundo Rafael Loyola, além da participação de países para a assinatura de termos globais que envolvem o meio ambiente, participam também cientistas, empresas e Organizações Não Governamentais (ONGs) que acompanham as negociações e apresentam seus pontos de vistas e experiências.

A COP é órgão supremo de tomada de decisões da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), pontua Juliana Baladelli Ribeiro, bióloga e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Essa não é a primeira vez que uma COP acontece no Brasil, uma vez que em 2006, Curitiba (PR) sediou 8ª edição da Conferência das Partes sobre diversidade biológica. Entretanto, essa é a primeira vez que acontece uma COP sobre clima no país e na Amazônia.

"Fazer a COP-30 em Belém é simbólico: reconhece o papel crucial da floresta amazônica no equilíbrio climático global e coloca o Brasil no centro das discussões sobre desenvolvimento sustentável e justiça climática."

Rafael Loyola, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG)

Especialistas entrevistados na matéria da COP 30 de Belém
Especialistas entrevistados. Da esquerda para direita, Rafael Loyola, Juliana Baladelli e André Ferretti.
Créditos: 1ª foto | Acervo; 2ª e 3ª fotos | Renata Salles / Fundação Grupo Boticário.

Teste seus conhecimentos sobre mudanças climáticas nesta página de exercícios 

Como funciona a COP 30 na prática?

Juliana Baladelli explica que a COP 30 funciona como uma "grande plataforma de negociação de ação global", a qual reúne diversos e diferentes atores da sociedade e do governo.

Veja alguns pontos destacados pela bióloga que explicam o funcionamento do evento:

Decisões por consenso: as nações (partes) se reúnem para debater metas e buscar consenso na forma de operacionalizar os acordos internacionais.

Estrutura de apoio: as negociações são complexas e envolvem órgãos técnicos que subsidiam as decisões, como o SBSTA (Corpo Subsidiário de Aconselhamento Científico e Tecnológico) para ciência e tecnologia, e o SBI (Órgão Subsidiário de Implementação), que trata de como os acordos serão postos em prática.

Negociações formais: as conversas entre diplomatas para firmar ou regulamentar acordos climáticos.

Agenda de ação: focada na implementação de soluções concretas por atores não governamentais (empresas, cidades, sociedade civil).

Mobilização global: o esforço para envolver toda a sociedade, chamado pelo Brasil de "Mutirão Global".

Cúpula de líderes: reunião de chefes de Estado e líderes políticos para dar impulso às decisões.

Importância da COP 30 para o meio ambiente

A COP 30 acontece em um momento de extrema urgência, aponta Juliana. Para a especialista, o evento é importante para o meio ambiente devido à implementação de acordos climáticos, como o Acordo de Paris.

Além disso, esta edição é vista como a "COP da adaptação", pois o mundo já vive a "era das consequências" dos eventos climáticos extremos, enfatiza a Juliana. Para ela é essencial avançar no Objetivo Global de Adaptação e na adoção de seus indicadores, que servirão como bússola para medir o progresso e direcionar esforços mundiais.

Outro ponto é a rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), em que os países devem apresentar metas ambiciosas para 2035, alinhadas ao limite de 1,5 ºC de aquecimento global.

"A COP30 é de grande importância para o meio ambiente devido aos diversos impactos ambientais causados pela mudança climática, como perda de biodiversidade e desequilíbrio dos ecossistemas, incêndios florestais, aquecimento e acidificação dos oceanos, derretimentos de geleiras, aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas, inundações e tempestades"

André Ferretti

Vista aérea de Belém
Belém (PA) deve receber mais de 40 mil pessoas para a COP 30.
Crédito: Shutterstock.

Qual a importância de acompanhar a COP 30 de Belém?

Segundo Juliana, as decisões tomadas durante a COP 30 possuem consequências diretas no cotidiano das pessoas. Por isso, a especialista lista fatores que justificam a importância de acompanhar o evento:

✔ Impacto no cotidiano: a crise climática é uma realidade próxima, afetando casas, colheitas, economias locais, saúde e ansiedade das comunidades, especialmente nas periferias.

✔ Ação climática: a eficácia da política climática depende de ela promover transformações socioeconômicas. A presidência da COP 30 defende que a ação climática deve começar e terminar com as pessoas, e o acompanhamento público garante que o foco esteja na redução da pobreza e das desigualdades estruturais.

✔ Fonte de soluções: as soluções mais promissoras nascem nos territórios. A participação da sociedade civil, de jovens e das comunidades tradicionais é essencial para levar a realidade local e a sabedoria ancestral para os debates globais, influenciando e aprimorando as soluções climáticas.

✔ Mutirão global: a presidência brasileira convida todos, em um espírito de "mutirão" (união para um trabalho compartilhado), a assumir a responsabilidade pela mudança positiva, em vez de apenas esperar, mobilizando a ação necessária para a implementação do Acordo de Paris.

"Muito mais que algozes da mudança climática, os países e as populações amazônicas são vítimas da mudança do clima. Há soluções que precisam de financiamento para escalar, e é isso que deve ser mostrado. Além disso, é uma forma de trazer investimentos estruturantes para uma cidade fora do circuito das capitais do Brasil. Belém recebeu mais de 5 bilhões de reais em investimentos em infraestrutura, saneamento, parques, porto, aeroporto, o que se torna um patrimônio que fica para a população local."

Felipe Bottini - Diretor-geral de ESG para a América Latina na Accenture

Celular mostra logo da COP 30 Belém
COP será realizada pela primeira vez na Amazônia.
Crédito: 

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Expectativas da COP 30 

Entre os debates e expectativas da COP 30, Juliana considera que o evento se concentrará nos seguintes pontos:

Financiamento climático: aumentar o financiamento para países em desenvolvimento. Há expectativas de progresso no "Mapa do Caminho de Baku a Belém para 1,3T" (que busca mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035), e o apelo de organizações para triplicar o financiamento para adaptação até 2030.

Florestas e bioeconomia: sendo na Amazônia, haverá grande foco no papel das florestas e na iniciativa de interromper e reverter o desmatamento e a degradação florestal até 2030. O Brasil espera anunciar aportes internacionais no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

Transição energética: debate sobre o afastamento gradual dos combustíveis fósseis. Inclui o chamado global para triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, e a proposta liderada pelo Brasil para quadruplicar a produção global de combustíveis sustentáveis até 2035.

Transição justa: debate sobre como garantir que as mudanças econômicas e energéticas sejam justas e abordem as desigualdades estruturais (gênero, raça, etnia).

Adaptação: conclusão da avaliação dos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), avanço no Objetivo Global de Adaptação (GGA) e operacionalização de indicadores concretos para medir resiliência.

Belém no centro do mundo em mapa do IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou um mapa invertido em que o estado do Pará se encontra no centro do mundo para simbolizar a importância de Belém sediar a COP 30 e decisões internacionais. Veja:

Mapa do mundo do IBGE para a COP 30
Mapa do mundo feito pelo IBGE para a COP 30.
Crédito: Reprodução / IBGE Comunica / X.

Videoaula sobre mudanças climáticas

Fique por dentro das causas e consequências das mudanças climáticas na videoaula abaixo:

 

Por Lucas Afonso
Jornalista