A estiagem é um período em que há diminuição significativa no volume de chuvas de uma região ou a completa ausência de precipitações. Esse é um fenômeno meteorológico que se diferencia da seca pelo fato de ser temporário, com duração de semanas a meses. Fatores como a chegada de uma massa de ar seca, como a massa tropical continental — mTc, e a instalação de centros de alta pressão atmosférica são os principais responsáveis pelas estiagens.
Elas são muito comuns em climas como o tropical, que apresentam alternância entre uma estação seca e outra chuvosa. As consequências da estiagem variam conforme a sua intensidade, mas incluem perda de plantações, redução no nível de reservatórios de abastecimento e aumento de condições de saúde atreladas ao tempo seco, como irritações nos olhos e na pele.
Leia também: Seca no Nordeste — saiba sobre esse fenômeno que tem origem natural, mas que é agravado pela ação humana
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre estiagem
- 2 - O que é estiagem?
- 3 - Diferenças entre seca e estiagem
- 4 - O que causa a estiagem?
- 5 - Consequências da estiagem
- 6 - Estiagem no Brasil
- 7 - Exercícios resolvidos sobre estiagem
Resumo sobre estiagem
- Estiagem é um período em que há diminuição acentuada no volume de chuvas ou total ausência de precipitações em uma dada área.
- É um fenômeno meteorológico temporário. Se ele prolongar, torna-se uma seca.
- Os próprios elementos climáticos e as dinâmicas atmosféricas locais são o que causam as estiagens, como massas de ar secas e os centros de baixa pressão.
- Fenômenos como o El Niño e La Niña intensificam esse fenômeno ou provocam-no fora do período do ano para o qual ele era previsto.
- Tem como consequências a redução do nível de reservatórios de abastecimento e de represas hidrelétricas, o que pode levar ao racionamento, ao ressecamento do solo e à perda de plantações.
- A estiagem é muito comum no clima tropical e em suas variações no Brasil, bem como no clima semiárido, que apresentam uma estação com baixo índice de chuvas.
- No Brasil, a Defesa Civil age em casos de estiagem severa por meio de auxílio à população de áreas mais afetadas.
O que é estiagem?
Estiagem é o nome dado para o período em que há queda acentuada no volume de chuvas em uma determinada área, podendo, ainda, representar a completa ausência de precipitações. Note que a estiagem acontece em um dado intervalo de tempo, que não é excessivamente prolongado. Ela é mais bem identificada em climas úmidos ou que apresentam estações alternadas com aumento e redução do volume pluviométrico, como é o caso do clima tropical e de suas variações.
Diferenças entre seca e estiagem
Seca e estiagem são dois fenômenos meteorológicos correlacionados e que podem ser facilmente confundidos, visto que possuem muitos aspectos semelhantes. Contudo, é muito importante saber diferenciar e identificar cada um deles, até mesmo para sabermos como lidar com ambas as situações. Entenda, então, a diferença entre seca e estiagem:
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Seca |
Estiagem |
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A seca representa um período muito longo com ausência de precipitações, o que torna o ar ressecado e dificulta a formação de nuvens. |
A estiagem é um período de diminuição do volume de chuvas em uma área, ou, então, a ausência temporária de precipitação. |
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A Defesa Civil caracteriza a seca como a escassez extrema de chuvas, sendo ela comum em áreas onde as precipitações são naturalmente reduzidas por causa das condições climáticas. |
Diferente da seca, a estiagem é classificada pela Defesa Civil como uma condição passageira observada em climas onde acontece a variação do volume de chuvas ao longo do ano. |
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Sua duração varia de meses a anos. |
Sua duração é variável, chegando a meses. |
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Uma de suas principais consequências é o severo estresse hídrico, o que ocasiona danos extremos para o meio ambiente e, principalmente, para os seres vivos. A falta de água pode provocar a desertificação dos solos, a destruição de lavouras, a morte de animais e de seres humanos, a depender da gravidade da seca. |
As consequências da estiagem dependem de como ou quando ela instalou-se, podendo variar desde o ressecamento do solo e de plantações até o desabastecimento e necessidade de racionamento de água. |
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Medidas emergenciais, assim como políticas de médio e longo prazo, são necessárias para garantir a segurança da população que vive em áreas onde as secas são recorrentes. |
Medidas emergenciais são comumente adotadas em estiagens, a exemplo do já mencionado racionamento de recursos. |
O que causa a estiagem?
A estiagem é um fenômeno natural que é causado pelos próprios aspectos do clima da região em que ela acontece. Portanto, são as dinâmicas próprias dessa ocorrência climática que condicionam períodos chuvosos e períodos de estiagem, com menor volume ou escassez completa de chuvas. Essas dinâmicas incluem:
- o avanço de massas de ar secas, que apresentam baixo teor de umidade (no Brasil, por exemplo, um exemplo é a massa tropical continental — mTc);
- a instalação de um centro de alta pressão atmosférica sore a área, diminuindo a taxa de formação de nuvens e expulsando o ar úmido para outras regiões onde a pressão é menor.
Existem fenômenos que potencializam as estiagens de um clima ou que a provocam fora de época, isto é, em períodos em que ela normalmente não aconteceria. Esses são fenômenos que alteram temporariamente a circulação atmosférica, como é o caso do ENOS, ou El Niño Oscilação Sul, responsável pelo El Niño e pelo La Niña.
Consequências da estiagem
As consequências da estiagem dependem do seu tempo de permanência. Na maioria dos casos, os volumes diminutos de chuva estendem-se de semanas a meses, podendo alcançar até seis meses. Caso ultrapasse esse limiar, estamos tratando de um estado de seca. Retomando, então, a estiagem, os seus efeitos estão diretamente relacionados com a sua duração e com a área em que ela acontece. No geral, as estiagens têm como consequências:
- ressecamento dos solos, resultando em prejuízo ao crescimento de lavouras agrícolas ou até mesmo na morte das culturas, em caso de estiagens mais longas;
- encarecimento dos alimentos e risco de desabastecimento em mercados e em outros estabelecimentos comerciais;
- diminuição do volume de água em reservatórios ou em represas, encarecendo o preço dos serviços de abastecimento de água, de esgoto e, também, de energia em localidades onde a eletricidade é proveniente das usinas hidrelétricas;
- implementação de medidas para assegurar o uso consciente da água, com a possibilidade de racionamento em caso de estiagens prolongadas;
- prevalência de tempo seco, aumentando problemas de saúde, como irritações nos olhos e bas vias aéreas, ressecamento da pele, sangramentos nasais, rinite alérgica, asma e outros.
Estiagem no Brasil
A estiagem é um fenômeno bastante comum no Brasil, país cujo clima predominante é o tropical. Na maior parte do território brasileiro, prevalece a alternância entre uma estação chuvosa e outra estação seca, sendo esse padrão observado na maior parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país. Uma vez que a maior dessas localidades está sob um regime climático tropical típico, a estiagem estende-se entre os meses de abril e de setembro, quando há diminuição significativa do volume de chuvas.
Observe o climograma a seguir, que representa o clima tropical típico da cidade de Goiânia (GO), e atente-se para o comportamento das barras azuis, que representam a pluviosidade:
A partir do mês de abril (04), houve uma queda brusca no volume mensal de chuvas, atingindo um mínimo em julho. Somente então houve maior registro pluviométrico até chegar ao mês de outubro (10), quando as barras tornaram-se maiores. Mesmo em climas como aquele que ocorre em uma sub-região do Nordeste chamada Semiárido, é possível observar uma flutuação semelhante nas chuvas, indicando o período de estiagem. O climograma abaixo é da cidade de Petrolina (PE):
Embora Petrolina registre um volume muito baixo de chuvas durante todo o ano, fica claro quando começa e quando termina a estiagem. A região do Semiárido é conhecida pela recorrência de estiagens prolongadas, e muitas delas acabam transformando-se em secas severas que têm a duração de anos. A mais longa delas instalou-se em 2012 e foi dissipada somente em 2017, tendo sido, também, a maior seca já registrada no Brasil.
A comparação acima teve o propósito de evidenciar como a estiagem ocorre no território brasileiro, variando conforme os aspectos climáticos locais. Quando o El Niño está vigente, as regiões Norte e Nordeste do país experimentam redução significativa no seu volume de chuvas. Já em anos de La Niña, é a região Sul do Brasil que passa por uma longa estiagem, com presença de precipitação, mas muito inferior ao que é comumente registrado anualmente. A incidência de ondas de calor, como tem sido recorrente no país, também condiciona a alteração no padrão pluviométrico e provoca a estiagem em conjunto com um aumento brusco nas temperaturas, instalando um tempo atmosférico muito quente e seco.
Estiagens severas podem demandar ações da Defesa Civil para mitigar os impactos negativos que esse período sem chuvas trazem para a população, como por meio da disponibilização de água para consumo ou por meio de caminhões-pipa e da garantia da chegada de alimentos até famílias que vivem em áreas rurais, que tendem a ser mais afetadas.
Veja também: Quais são os climas do Brasil?
Exercícios resolvidos sobre estiagem
Questão 1
Leia os itens abaixo e indique aquele que aponta o aspecto que diferencia a estiagem da seca.
A) Período de duração, que é menor na estiagem.
B) Intensidade com que os raios UV atingem o solo.
C) Volume de chuvas registrado em cada um deles.
D) Amplitude térmica, menor durante a seca.
E) Tipos de clima acometidos por esses fenômenos.
Resolução:
Alternativa A.
Enquanto a estiagem é temporária, a seca é um fenômeno duradouro que se instala com o prolongamento do período de escassez ou de ausência de chuvas.
Questão 2
Cidades no estado da Paraíba, na região Nordeste do Brasil, passaram, no final de 2025, por um período de emergência reconhecida pelo Governo Federal ocasionado por estiagens prolongadas que mobilizaram a Defesa Civil para atender à população afetada. Analise as alternativas abaixo e assinale aquela que descreve corretamente uma das consequências desse fenômeno meteorológico.
A) Reabastecimento de mananciais, como rios e lagos.
B) Aumento do nível de represas hidrelétricas.
C) Perda de lavouras agrícolas.
D) Encharcamento do solo.
E) Inundações e deslizamentos de terra.
Resolução:
Alternativa C.
A ausência de chuvas, que caracteriza a estiagem, provoca o ressecamento do tempo e a diminuição da disponibilidade hídrica, causando escassez, que leva à perda de lavouras agrícolas.
Fontes
MDS. Orientação técnica conjunta à atuação dos estados, municípios e Distrito Federal no enfrentamento das situações de seca e estiagem. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), [s.d.]. Disponível em: https://mds.gov.br/webarquivos/MDS/2_Acoes_e_Programas/Calamidade_Publica_e_Emergencias/SUAS/Operacao_Estiagem/Orientacao_Tecnica_Conjunta_Situacao_Seca_Estiagem.pdf.
REBELLO, Aiuri. Seca de 2012 a 2017 no semiárido foi a mais longa na história do Brasil. UOL Notícias, 03 mar. 2018. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2018/03/03/seca-de-2012-a-2017-no-semiarido-foi-a-mais-longa-da-historia.htm.
ROCHA, Gabriela. Período de seca pede cuidados especiais. Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde, [s.d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/periodo-de-seca-pede-cuidados-especiais/.
SNAS. Apoio Técnico sobre Estiagem | Atuação da Defesa Civil. YouTube, 12 ago. 2024. Disponível em: https://youtu.be/QVBErDxCB6k.