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A história da Guiana foi marcada pela colonização realizada, primeiramente, pelos holandeses e, depois, pelos britânicos. Na colonização, a região foi usada para a produção de açúcar e para o cultivo de algodão principalmente. A independência da Guiana em relação aos britânicos foi conquistada em 1966, e o país é atualmente uma república presidencialista.
Historicamente o país tem um entrave diplomático com a Venezuela por conta da questão de Essequibo, região que corresponde a mais da metade do território da Guiana e que é rica em petróleo e gás natural.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a história da Guiana
- 2 - Colonização da Guiana
- 3 - Independência da Guiana
- 4 - Guiana Essequiba
- 5 - Guiana na atualidade
Resumo sobre a história da Guiana
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A história da Guiana foi marcada pela colonização realizada, primeiramente, pelos holandeses e, depois, pelos britânicos.
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A presença humana na Guiana é milenar, e os maiores povos indígenas da região foram os aruaques e caraíbas.
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No período da colonização, os holandeses formaram três colônias na região: Essequibo, Demerara e Berbice.
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A região de Essequibo era reivindicada pela Espanha, tornando-se posteriormente uma reivindicação da Venezuela.
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A Guiana conquistou sua independência em relação aos britânicos em 1966.
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Essequibo é um foco permanente de tensão entre Guiana e Venezuela, sobretudo depois da descoberta de petróleo e gás natural na região.
Colonização da Guiana
A história da Guiana se iniciou antes da chegada dos europeus no continente americano no final do século XV. Estima-se que a presença humana na região remonte a cerca de 20 mil anos atrás, sendo que o território foi dominado por dois povos indígenas, aruaques e caraíbas. Os primeiros estavam muito presentes na região litorânea, enquanto os segundos estavam no interior do país.
Os dois povos também estavam presentes em diversas ilhas do Caribe, mas os historiadores apontam que, em muitas delas, os caraíbas haviam expulsado os aruaques e outros povos que as habitavam. Isso porque os caraíbas eram conhecidos por serem belicosos e hostis com estrangeiros.
Inclusive, quando os espanhóis chegaram à América, no final do século XV, os caraíbas impuseram uma resistência feroz. A ocupação da Guiana só foi iniciada, pelos holandeses, na segunda metade do século XVI. A princípio, a presença holandesa se deu por meio de feitorias na costa da Guiana.
Posteriormente, os holandeses foram se aprofundando no território, estabelecendo assentamentos no interior, às margens de importantes rios. Havia uma disputa entre Espanha e Países Baixos, e, por meio do Tratado de Münster, o domínio holandês na região foi ratificado em 1648.
A exploração da Guiana foi realizada pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, e, na ocasião, a colonização correspondia aos territórios dos atuais Suriname e Guiana. A empresa holandesa fragmentou a colônia, fundando as colônias Demerara e Berbice, e deixando-as totalmente separadas da colônia mais antiga, Essequibo.
A colonização holandesa se desenvolveu com base no modelo plantation, produzindo principalmente açúcar e algodão. Além disso, o tabaco e, posteriormente, o café se tornaram importantes produtos para a economia da Guiana. A partir do século XVII, a colonização holandesa foi responsável pela introdução de africanos escravizados na região.
A partir de 1746, a região de Demerara passou a receber imigrantes britânicos, cujo foco era o da produção de algodão. Com o passar do tempo, a relação entre britânicos e holandeses na região foi se desgastando. Em 1781, as colônias Essequibo e Demerara foram ocupadas pelos britânicos como consequência de um conflito entre o Reino Unido e os Países Baixos.
Em 1784, os holandeses retomaram o controle da Guiana, mas, em 1795, a região foi ocupada pelos franceses como consequência dos conflitos relacionados à Revolução Francesa na Europa. Os britânicos retomaram o controle da região em 1796, mas devolveram a Guiana para os holandeses em 1802. Por fim, em 1814, um acordo ratificou que Essequibo, Demerara e Berbice seriam território britânico, sendo chamadas de Guiana Britânica.
Independência da Guiana
A Guiana foi mantida sob o domínio britânico até a segunda metade do século XX. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a descolonização tornou-se tendência em todo o planeta, não sendo diferente na Guiana. A partir da década de 1950, o cenário político na Guiana tornou-se mais complexo, com uma série de partidos políticos sendo formados.
Esses partidos passaram a criticar o colonialismo britânico na Guiana, principalmente pela grande pobreza em que a região era mantida. As demandas por independência começaram a ganhar força no país, fazendo com que os britânicos concedessem o direito de manter sua autonomia administrativa para a Guiana em 1960.
A independência da Guiana foi ratificada em 26 de maio de 1966, em uma conferência constitucional realizada em Londres. Esse evento foi parte do primeiro encontro do Congresso da Guiana em sua história.
Guiana Essequiba
Uma vez reconhecida a independência da Guiana, um problema diplomático histórico que afetava a região foi transferido para o governo guianês: o controle de Essequibo, uma região que corresponde a mais da metade do território da Guiana e que também é conhecida como Guiana Essequiba. A disputa pela região se estende desde o período colonial.
Primeiramente, a Espanha exigia o território de Essequibo dos Países Baixos, e a questão foi parcialmente resolvida com o acordo de 1648. Acontece que a Espanha nunca abriu mão oficialmente de sua exigência sobre o território, mesmo com o acordo do século XVII.
Quando a Venezuela conquistou sua independência, no começo do século XIX, a antiga demanda passou a ser realizada pelo governo venezuelano. A Venezuela passou a exigir do governo britânico o direito de controle de Essequibo, e o governo britânico anunciou que a região não seria ocupada até que a disputa fosse resolvida. Isso não foi cumprido porque a descoberta de ouro na Guiana motivou milhares de colonos britânicos a se estabelecerem na região.
No final do século XIX, um pequeno julgamento internacional foi realizado para definir o domínio da região e foi determinado que Essequibo pertencia, de fato, à Guiana. Essa decisão, emitida no julgamento chamado Sentença Arbitral de Paris, aconteceu em 1899 e manteve a questão sob controle por algumas décadas.
Na segunda metade do século XX, a Venezuela passou a anunciar novamente o seu desejo de anexar a região ao seu território. Pequenas hostilidades de fronteira aconteceram entre Guiana e Venezuela da década de 1990 em diante, e a situação se agravou quando uma petroleira descobriu enormes reservas de petróleo e gás natural em Essequibo. A descoberta transformou a Guiana no país que mais cresce na América do Sul nos últimos anos, registrando um crescimento de 57,8% do PIB, só em 2022.
Guiana na atualidade
A Guiana é uma pequena nação localizada no norte do território sul-americano. É considerada uma república presidencialista. A língua oficial da Guiana é o inglês, mas o idioma mais falado pela população é a língua criola da Guiana, idioma que mistura elementos do inglês, holandês, idiomas do oeste africano, idiomas de origem indiana e línguas indígenas.
Atualmente possui uma população de cerca de 800 mil habitantes e sua capital é a cidade de Georgetown. Grande parte da população guianesa habita as regiões litorâneas, e o país é marcado por uma densa Floresta Amazônica, ainda bastante preservada, pois a presença humana nas regiões distantes do litoral é bastante limitada.
A economia da Guiana gira em torno da agricultura, mineração e, mais recentemente, da exploração de petróleo e de gás natural. A descoberta de petróleo e gás natural no país fez com que fosse registrado um enorme crescimento do PIB guianês. Por outro lado, como vimos, isso reacendeu a tensão entre Venezuela e Guiana pelo controle de Essequibo, onde se concentram as reservas de petróleo.
A tensão entre as duas nações aumentou consideravelmente depois que um referendo foi realizado na Venezuela, e nele a população local demonstrou apoio à anexação da região de Essequibo. Isso aumentou o risco de um possível conflito entre as duas nações no futuro. Brasil e Estados Unidos já atuam diplomaticamente para evitar que o conflito aconteça. Para saber mais detalhes sobre a Guiana, clique aqui.
Fontes
BASSETT, Thomas E. e SCRUGGS, Gregory R. Water, water everywhere: sea level rise and land use planning in Barbados, Trinidad and Tobago, Guyana and Pará. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/resrep18423.
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BUSCHSCHLÜTER, Vanessa. Essequibo: Venezuelans back claim to Guyana-controlled oil region. Disponível em: https://www.bbc.co.uk/news/world-latin-america-67610200.
HOONHOUT, Bram. The forgotten history of Dutch slavery in Guyana. Disponível em: https://www.universiteitleiden.nl/en/news/2020/02/the-forgotten-history-of-dutch-slavery-in-guyana.
MELLO, Marcelo Moura. Spirits, history and colonialism in Guyana. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/download/186650/178092/530534.
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PAREDES, Norberto. Essequibo: venezuelanos apoiam proposta polêmica para anexar território disputado com Guiana. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv2zzr17lgmo.