Sidonie-Gabrielle Colette

  Sidonie-Gabrielle Colette é uma escritora que nasceu em 28 de janeiro de 1873, em Saint-Sauveur-en-Puisaye, na França. Mais tarde, se mudou para Paris após se casar com o crítico de música Henry Gauthier-Villars, conhecido como Willy. Ele publicou os quatro primeiros livros da escritora como se fosse o autor das obras, o que só mais tarde foi descoberto.

A romancista, que faleceu em 3 de agosto de 1954, em Paris, faz parte do modernismo francês. Suas obras apresentam traços autobiográficos, mostram o universo feminino e trazem temáticas como amor e sexo. Os quatro volumes da série Claudine são os livros mais famosos da autora.

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Tópicos deste artigo

• 1 - Biografia de Colette
• 2 - Características da obra de Colette
• 3 - Obras de Colette
• 4 - Análise da série de livros Claudine, de Colette
  • → Claudine na escola
  • → Claudine em Paris
  • → Claudine em casa
  • → Claudine se vai
• 5 - Importância de Colette
• 6 - Filme Colette

Biografia de Colette

Sidonie-Gabrielle Colette nasceu em 28 de janeiro de 1873, em Saint-Sauveur-en-Puisaye, na França. Desde muito cedo, nutriu forte admiração pela mãe — Adèle Eugénie Sidonie (1835-1912) —, uma mulher de espírito libertário, a quem a filha chamava apenas de Sido.

Na infância, Colette se interessou pela leitura e, em sua adolescência, buscava abrigo na biblioteca de sua casa. Porém, logo se casou, em 1893, e foi viver em Paris. Seu primeiro marido era o crítico de música Willy ou Henry Gauthier-Villars (1859-1931), 14 anos mais velho do que a jovem esposa.

Em 1895, Colette passou a escrever para o periódico La Concorde. Já em 1900, Willy teve grande sucesso literário, quando publicou o primeiro livro da série Claudine. Porém, os livros da série Claudine eram escritos por Colette e assinados pelo marido, de forma que só mais tarde o público ficou sabendo de sua verdadeira autoria.

Diálogo de feras, de 1904, é o primeiro romance assinado por Colette. A escritora era ousada e, no final de seu casamento, teve um longo caso amoroso com a marquesa de Belbeuf (1863-1944). O divórcio entre Colette e Willy ocorreu em 1906, fato que, na época, era um acontecimento escandaloso.

Colette então passou a trabalhar no teatro, como dançarina. Por volta de 1908, também escrevia para o jornal La Vie Parisienne e, em 1910, para o Le Matin. Dois anos depois, em 1912, se casou o jornalista Henry de Jouvenel (1876-1935), com quem teve uma filha no ano seguinte.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a romancista trabalhou como jornalista. Mais tarde, em 1924, se divorciou do seu segundo marido. Por essa época, já tinha uma carreira literária consagrada. Era uma escritora popular, mas também apreciada pela crítica. Assim, em 1935, ingressou na Academia Real de Língua e Literatura Francesas da Bélgica.

Ainda em 1935, se casou com Maurice Goudeket (1889-1977), bem mais jovem do que ela. No ano seguinte, a autora se tornou membro da Ordem da Legião da Honra. Durante a Segunda Guerra Mundial, o casal viveu extrema tensão e insegurança, já que o marido era judeu e, por isso, chegou a ser preso em 1941.

Em 1948, ela foi indicada ao Prêmio Nobel, mas não foi escolhida. Quando Colette morreu em 3 de agosto de 1954, em Paris, a Igreja Católica não aceitou fazer seu funeral, devido ao seu estilo de vida. Ela então se tornou a primeira escritora francesa a ter um funeral com honras de Estado.

Características da obra de Colette

Colette foi uma escritora modernista, e suas obras apresentam as seguintes características:

• elementos autobiográficos;

• protagonismo feminino;

• análise do universo feminino;

• linguagem simples e poética;

• reflexão sobre o papel social da mulher;

• marcas de intertextualidade;

• crítica de costumes;

• valorização das sensações;

• temática amorosa e erótica;

• caráter popular.

Obras de Colette

• Claudine na escola (1900)

• Claudine em Paris (1901)

• Claudine em casa (1902)

• Claudine se vai (1903)

• Diálogos de feras (1904)

• O retiro sentimental (1907)

• As gavinhas da videira (1908)

• A ingênua libertina (1909)

• A vagabunda (1910)

• O impedimento (1913)

• Atrás da sala de música (1913)

• Paz entre as bestas (1916)

• Longas horas (1917)

• A criança e os feitiços (1917)

• Na multidão (1918)

• Mitsou (1919)

• Chéri (1920)

• A sala iluminada (1922)

• A casa de Claudine (1922)

• Verdes anos (1923)

• A mulher oculta (1924)

• O fim de Chéri (1926)

• O nascimento do dia (1928)

• Sido (1929)

• O puro e o impuro (1932)

• O gato (1933)

• Esplendor de borboletas (1936)

• Meus aprendizados (1936)

• Bela vista (1937)

• O gêmeo negro (1934-1938)

• Quarto de hotel (1940)

• Julie de Carneilhan (1941)

• Nudez (1943)

• Paris da minha janela (1944)

• Gigi (1944)

• O lanterna azul (1949)|1|

Análise da série de livros Claudine, de Colette

A série de livros Claudine possui traços autobiográficos da autora e está dividida em quatro volumes:

→ Claudine na escola

O livro é narrado e protagonizado pela personagem Claudine. Ela é uma jovem de 15 anos, está em seu último ano escolar e prestes a ingressar no mundo dos adultos. Claudine vive em Montigny-en-Fresnois, um pequeno povoado onde todos se conhecem. Ela é uma jovem inteligente e atrevida que relata seu cotidiano de estudante.

→ Claudine em Paris

Claudine e seu pai se mudam para Paris, onde a jovem se recupera de uma doença que a fez perder os cabelos. Restabelecida, ela relata a sua vida em Paris e sua amizade com Marcel, filho de Renaud, por quem Claudine se apaixona. Ela precisa escolher entre a vida agitada em companhia de Renaud e a volta à sua pacata aldeia.

→ Claudine em casa

Claudine está casada com Renaud, e o casal reside em Paris, onde eles recebem convidados, e Claudine conhece a jovem Rézi Lambrook, de quem se torna amante. Mas se decepciona ao encontrar Rézi e Renaud juntos. Claudine então decide voltar para a casa do pai em Montigny.

→ Claudine se vai

Esse volume é narrado por outra personagem feminina. Annie é uma mulher submissa casada com Alain. O marido faz uma longa viagem, e Annie vai viver na casa da libertária Marthe. Marthe é amiga de Claudine, e a independência dessas mulheres leva Annie a mudar seu modo de ver a si, o marido e seu casamento.

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Importância de Colette

Colette é uma das principais escritoras francesas da primeira metade do século XX. A popularidade de seus romances permitiu que o universo feminino estivesse em evidência. Ela não só falou de amor, mas também de sexo, de forma a mostrar a vivência erótica feminina por meio de um olhar feminino.

Além disso, a sua postura como artista e mulher, que escandalizou a sociedade francesa de sua época, demonstrava a sua emancipação e a sua liberdade de expressão. Portanto, apesar de não ser uma feminista, Colette ajudou a derrubar ideias pré-concebidas e conservadoras acerca do papel da mulher na sociedade.

Filme Colette

O filme Colette, que estreou em 2018, é um drama biográfico do diretor Wash Westmoreland, com roteiro de Rebecca Lenkiewicz, Richard Glatzer e Wash Westmoreland. É, portanto, uma obra filmada em inglês, que conta com a atuação, no papel de protagonista, da atriz britânica Keira Knightley.

A obra mostra a relação da escritora com Willy, seu primeiro marido, a sua emancipação sexual, seus relacionamentos lésbicos, além de sua luta por ser reconhecida como autora dos livros da série Claudine. Ademais, evidencia a sua postura de contestação diante do conservadorismo francês.

Nota

|1| A maioria dos títulos aqui relacionados apresenta uma tradução literal do francês, já que poucos livros da autora foram traduzidos para o português.

Por Warley Souza
Professor de Literatura