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Rosa Luxemburgo

Rosa Luxemburgo foi uma filósofa, economista e militante comunista polonesa que lutou intensamente contra a opressão ao proletariado.

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Rosa Luxemburgo foi uma filósofa e militante comunista e feminista polonesa. Suas contribuições intelectuais incluem análises críticas sobre o pensamento marxista e novas propostas de leitura para o socialismo, além de intensa luta ativista pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras europeias. Como feminista, a pensadora aliou o marxismo ao feminismo, ao falar da necessidade de incluir as mulheres na militância e tratar da questão das operárias como particular em relação à luta por direitos.  

Leia também: Hannah Arendt – uma das principais filósofas políticas do século XX 

Tópicos deste artigo

Biografia de Rosa Luxemburgo 

Rozalia Luksemburg é o nome original da filósofa, socióloga, economista e teórica política polonesa conhecida no Brasil como Rosa Luxemburgo. Ela nasceu em 1871, na Polônia, em uma família judaica. Seu pai era comerciante de madeira, e a família mudou-se para a cidade de Varsóvia em 1873. 

Em 1880, a filósofa ingressou no estudo ginasial (ensino básico, que se refere à segunda fase do nosso Ensino Fundamental e ao Ensino Médio), em que obteve grande desempenho e era descrita como rebelde e subversiva. Ainda no ginásio, Rosa Luxemburgo entrou para o Partido do Proletariado, de orientação socialista, e organizou uma greve. O motim organizado pelos membros do partido resultou na morte de quatro trabalhadores e na consequente dissolução da organização política. Rosa e os membros do partido não foram presos. 

Rosa Luxemburgo, filósofa, economista e militante comunista polonesa.[1]
Rosa Luxemburgo, filósofa, economista e militante comunista polonesa.[1]

Em 1889, uma ordem de prisão (a primeira de várias) é expedida contra a filósofa, que foge para a Suíça e ingressa no curso de Direito da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique. Em 1898, Rosa Luxemburgo defende a sua tese de doutorado intitulada O desenvolvimento industrial da Polônia. Em seu período de estudos, a pensadora aprofundou-se em economia, filosofia política e sociologia

Rosa integrou o Partido Operário Social-Democrata Russo, o POSDR, mas logo se desligou da instituição por desentendimentos políticos. Tanto os membros do Partido Socialista Polonês quanto os membros do POSDR eram a favor da autodeterminação dos povos poloneses (a Polônia era dominada pela Rússia, e a autodeterminação é a defesa de autonomia política para grupos étnicos, sem interferência externa), mas Luxemburgo considerava a autodeterminação um fator de enfraquecimento para o movimento socialista. 

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Foi com o militante socialista lituano Leo Jogiches que Rosa Luxemburgo fundou o  Partido Social-Democrata do Reino da Polônia (SDRP). Em 1898, Rosa Luxemburgo mudou-se de Zurique para Berlim e casou-se de fachada com o intelectual e militante anarquista Gustav Lübeck para conseguir a cidadania alemã. 

Na Alemanha, a filósofa juntou-se ao Partido Social-Democrata da Alemanha. Em geral, os social-democratas eram contra a revolução e a favor do reformismo político. Rosa defendia o reformismo como meio de ação, mas era a favor de uma radical, porém lenta, transformação social em defesa do proletariado. A defesa da reforma social como finalidade da social-democracia era mantida pelos revisionistas do marxismo, como o teórico político Eduard Bernstein. Em 1900, Luxemburgo escreve o livro Reforma ou revolução?, em crítica ao revisionismo e reformismo extremo de Bernstein. 

Luxemburgo comprou brigas dentro do partido, exigindo a expulsão dos reformistas e defendendo uma postura socialista mais radical, o que não aconteceu de fato. No entanto o socialismo marxista continuou integrando as bases ideológicas do partido, e Rosa Luxemburgo ganhou o respeito dos membros. Em 1902, Luxemburgo divorciou-se de Lübeck. Em 1904, a intelectual foi presa, sendo a primeira de muitas prisões. 

Em 1905, Luxemburgo passou a defender a Revolução Russa de 1905, defendendo os bolcheviques (radicais de esquerda) contra o Império Russo. Nesse período foi presa na Rússia, ficando detida por três meses. A partir de 1906, ela começou a desenvolver sua teoria de luta política embasada em greves gerais. Em 1907, ela foi presa novamente pelo mesmo motivo de 1905: agitação contra a guerra. Entre 1907 e 1914, ela atuou como professora da Escola do Partido Social-Democrata. 

Em 1914, Luxemburgo foi presa, julgada e condenada a um ano de prisão por incitar a desobediência civil. Em 1915, a filósofa foi presa novamente por mostrar-se contra a guerra e a formação militarista da nação, ficando retida até 1918. Desentendimentos com o partido resultaram na saída dela dos social-democratas. 

Logo do Partido Comunista Alemão.
Logo do Partido Comunista Alemão.

Após sair da prisão, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht fundaram o Partido Comunista da Alemanha. Conflitos internos resultaram na perseguição e assassinato de Luxemburgo e Liebknecht, junto a Wilhelm Pieck. Os três eram os principais líderes do Partido Comunista da Alemanha. 

Veja também: Social-democracia – conjunto de práticas que visa opor-se ao liberalismo 

Rosa Luxemburgo e o feminismo 

Rosa Luxemburgo não teorizou diretamente o feminismo. No entanto, sua vida emancipada e seus escritos contra a opressão das mulheres operárias renderam um grande legado para as discussões posteriores do movimento feminista. 

A filósofa viveu uma vida completamente contrária ao que a sociedade de sua época prescrevia às mulheres: namorou o militante revolucionário Leo Jogiches por muito tempo e rompeu o relacionamento por conta da infidelidade de Jogiches. Casou-se apenas para receber a cidadania alemã, e, passado o período de necessidade do casamento, divorciou-se. Luxemburgo levou uma vida ativa, sem medo de enfrentar os desafios do mundo misógino que não dava crédito a uma mulher. A luta constante nos movimentos sociais e sua personalidade forte atestam sua postura altamente feminista

São poucos textos em que a filósofa fala diretamente das mulheres, mas há indícios intelectuais de que ela tenha sido o que se chama de socialista feminista. As socialistas feministas centram o problema da opressão na questão da classe social, porém elas também enxergam a importância de extirpar-se a opressão de gênero. 

Sindicatos 

A teoria da ação revolucionária de Rosa Luxemburgo, expressamente desenvolvida a partir de 1905, era baseada na luta sindical e no movimento grevista. Luxemburgo não era adepta de uma revolução armada, ela preferia um movimento mais brando, pelo meio reformista, mas nem por isso sem luta. A filósofa defendia a formação de sindicatos para unir e apoiar a luta dos trabalhadores

Capa de “A Revolução Russa”, de Rosa Luxemburgo. [1]
Capa de “A Revolução Russa”, de Rosa Luxemburgo. [1]

Em 1906, período em que vivia no cárcere, Rosa Luxemburgo escreveu o livro Greve de massas, partidos e sindicatos. O livro é baseado na experiência da militante na Revolução Russa de 1905, movimento de massa de teor revolucionário que explodiu na Rússia imperial em 1905. 

Socialismo ou barbárie 

“Socialismo ou barbárie” foi o lema adotado por Rosa Luxemburgo para inspiração de sua vida e de sua luta. Ela percebeu que o capitalismo estava enveredando, no século XX, para a barbárie do militarismo e das guerras. A filósofa entendia que, para frear a onda bélica que assolava a população, era necessário derrubar o sistema capitalista

A situação europeia era de encaminhamento para a barbárie. O capitalismo, na leitura de Luxemburgo, levaria a Europa ao colapso, deixando graves sequelas apenas entre as classes trabalhadoras, pois a burguesia não sofreria com as mazelas provocadas pela guerra. 

Acesse também: Materialismo histórico – conceito crítico ao capitalismo criado por Marx e Engels 

Rosa Luxemburgo: pensamento e ação 

Essa é a mais célebre biografia escrita sobre Rosa Luxemburgo. O livro foi escrito pelo intelectual e militante comunista Paul Fröhlich, amigo dela e um dos fundadores do Partido Comunista da Alemanha. Fröhlich percorre toda a vida de luta da filósofa pelos movimentos sociais e recorre, ao mesmo tempo, à exposição da teoria filosófica e econômica de sua amiga. 

Além disso, a obra desfaz um erro histórico de considerar Rosa Luxemburgo como uma social-democrata antibolchevique por defender a reforma e não a revolução. Ela, no entanto, como foi exposto na obra, apoiou os bolcheviques após a Revolução Russa de 1905.

Crédito da imagem

[1] Bundesarchiv, Bild 183-14077-006 / Commons

 

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia 

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Rosa Luxemburgo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/rosa-luxemburgo.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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