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Nero

Nero foi um imperador romano conhecido por seu governo controverso, marcado por acusações de tirania, perseguições aos cristãos e extravagância.

Rosto de Nero, imperador romano.
Nero foi um imperador romano.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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Nero foi um imperador romano conhecido por seu governo controverso, marcado por acusações de tirania, perseguições aos cristãos e extravagância, além de ser frequentemente associado ao grande incêndio de Roma, embora as evidências sobre sua culpa sejam inconclusivas.

Nero nasceu em 15 de dezembro de 37 d.C., em uma família poderosa, e com a ajuda de sua mãe, Agripina, foi adotado pelo imperador Cláudio, o que o colocou na linha sucessória. Ele teve três casamentos, sendo o primeiro com Otávia, filha de Cláudio, o que consolidou sua posição.

Em 54 d.C., Nero ascendeu ao poder orientado por sua mãe e por conselheiros como Sêneca e Burro inicialmente. No entanto, com o tempo, ele assumiu o controle total, enfrentando rebeliões que enfraqueceram o império.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Nero

  • Nero foi um imperador romano conhecido por seu governo controverso, marcado por acusações de tirania, perseguições aos cristãos e extravagância.
  • Nero nasceu em 15 de dezembro de 37 d.C., filho de Agripina e Domício Enobarbo, em uma linhagem influente de Roma que o colocaria próximo ao poder.
  • Nero casou-se três vezes, incluindo um casamento político com Otávia, filha de Cláudio, e outro com Popeia Sabina, cujas relações foram tumultuadas e marcadas por tragédias pessoais e acusações de infidelidade.
  • Não há registros de filhos sobreviventes de Nero, embora Popeia Sabina tenha dado à luz uma filha, Cláudia Augusta, que morreu ainda bebê.
  • Nero ascendeu ao trono romano em 54 d.C., após a morte de Cláudio, beneficiando-se da influência de sua mãe e do apoio de seus mentores Sêneca e Burro.
  • Em 64 d.C., Roma sofreu um grande incêndio que destruiu parte da cidade; muitos rumores sugeriam que Nero teria sido responsável, o que manchou sua reputação, apesar das reformas e reconstruções que ele promoveu.
  • Após o incêndio de Roma, Nero iniciou a perseguição aos cristãos, acusando-os de terem causado o fogo e implementando punições públicas brutais que influenciaram a imagem posterior do imperador.
  • O império de Nero desmoronou em 68 d.C., quando rebeliões e a perda de apoio político levaram-no a ser declarado inimigo público pelo Senado, forçando sua fuga de Roma.
  • Em 9 de junho de 68 d.C., sem alternativas para recuperar o poder, Nero cometeu suicídio, deixando como suas últimas palavras uma lamentação por seu talento artístico desperdiçado.

Biografia de Nero

  • Nascimento de Nero

Nero nasceu em 15 de dezembro de 37 d.C., em Âncio, uma cidade próxima a Roma. Seu nome de nascimento era Lúcio Domício Enobarbo. Filho de Agripina, a Jovem, e Cneu Domício Enobarbo, Nero fazia parte da dinastia Júlio-Claudiana, que governava o Império Romano. Quando seu pai faleceu, ele ainda era criança, e sua mãe casou-se posteriormente com o imperador Cláudio, fortalecendo a posição de Nero na linha sucessória.

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  • Casamento de Nero

Nero se casou três vezes ao longo de sua vida. Seu primeiro casamento foi com Cláudia Otávia, filha de Cláudio, quando tinha 16 anos. Esse casamento foi fundamental para solidificar sua posição como herdeiro legítimo do trono romano. Contudo, a relação foi marcada por infidelidades e terminou com a execução de Otávia, em 62 d.C.

Nero também se casou com Popeia Sabina, que, segundo fontes antigas, era uma mulher de grande beleza e ambição. Esse relacionamento foi conturbado e terminou tragicamente com a morte de Popeia, supostamente causada por um ataque de fúria de Nero. Seu último casamento foi com Estatelia Messalina, após a morte de Popeia.

  • Filhos de Nero

O imperador romano Nero teve uma filha chamada Cláudia Augusta, nascida em 21 de janeiro de 63 d.C., fruto de seu casamento com Popeia Sabina. Infelizmente, Cláudia Augusta faleceu ainda bebê, em abril do mesmo ano. Não há registros de filhos sobreviventes de Nero.

Ascensão de Nero ao Poder

A ascensão de Nero ao trono começou com o casamento de sua mãe, Agripina, com o imperador Cláudio, e a posterior adoção de Nero por Cláudio em 50 d.C. Em 54 d.C., com a morte de Cláudio, suspeita-se que envenenado por Agripina, Nero assumiu o trono com apenas 17 anos.

A princípio, ele era influenciado por sua mãe, por Sêneca, seu tutor, e pelo prefeito pretoriano Burro. Essa fase inicial foi considerada próspera, com decisões orientadas pelo conselho de seus mentores. No entanto, à medida que Nero amadureceu, afastou-se de seus conselheiros e tomou o controle total do poder, seguindo suas próprias inclinações.

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Nero como Imperador de Roma

  • Rebeliões durante o Império de Nero

O governo de Nero foi marcado por várias revoltas e conflitos internos. Uma das mais significativas foi a revolta na Britânia, liderada pela rainha Boudica, que ocorreu em 60-61 d.C.

Esse levante foi motivado pela brutalidade e corrupção dos oficiais romanos e resultou em devastação em várias cidades romanas antes de ser sufocado. Além disso, Nero enfrentou outras rebeliões em áreas como a Gália e a Hispânia, onde as tensões políticas e a má administração contribuíram para o descontentamento. Esses conflitos desgastaram o império e contribuíram para a queda de Nero.

  • Nero e o incêndio de Roma

Em 64 d.C., um incêndio devastador atingiu Roma, destruindo grande parte da cidade. Embora a causa exata do incêndio seja desconhecida, muitos rumores surgiram, alegando que o próprio Nero teria iniciado o fogo para abrir espaço para a construção de um palácio luxuoso, o Domus Aurea.

Algumas fontes históricas afirmam que Nero “tocava lira” enquanto Roma queimava, sugerindo sua indiferença ao desastre. No entanto, é importante notar que essa versão dos eventos pode ter sido exagerada pelos detratores de Nero. Após o incêndio, Nero implementou reformas urbanísticas e incentivou a reconstrução da cidade, mas sua reputação já estava manchada.

O grande incêndio de Roma, ocorrido em 64 d.C., foi um dos eventos mais devastadores da história da cidade e permanece cercado por controvérsias, principalmente sobre a suposta responsabilidade do imperador Nero.

Muitos relatos antigos indicam que Nero foi o culpado pelo incêndio, mas diversas fontes históricas oferecem versões que questionam essa acusação. Entre os autores que abordam o tema estão Tácito, Suetônio e Cassius Dio, cujas obras nos ajudam a entender a complexidade e as disputas em torno dessa figura histórica.

Tácito, historiador romano e uma das fontes mais confiáveis sobre o período, narra o incêndio em suas Annales (15.38-44). Ele descreve que o fogo começou em uma área comercial de Roma e rapidamente se espalhou, destruindo grande parte da cidade. Tácito afirma que Nero estava em sua vila em Âncio quando o incêndio teve início e que retornou a Roma para ajudar no socorro às vítimas, organizando medidas de assistência e oferecendo abrigo aos desabrigados.

Segundo ele, Nero empreendeu esforços para reconstruir Roma e implementar medidas de segurança contra futuros incêndios, como o alargamento de ruas e a imposição de restrições no uso de materiais inflamáveis. Em relação à culpa do imperador, Tácito é cauteloso e sugere que a responsabilidade de Nero é improvável, embora mencione que o imperador buscou culpar os cristãos para desviar as acusações.

Suetônio, em sua obra A vida dos doze Césares, traz uma visão mais sensacionalista sobre Nero, incluindo rumores de que o imperador teria tocado lira e recitado versos durante o incêndio. Embora não existam evidências que comprovem esses relatos, Suetônio insinua que Nero tinha um comportamento extravagante e pouco sensível em relação ao sofrimento dos romanos.

No entanto, Suetônio também admite que essas histórias circulavam entre os romanos e não eram necessariamente comprovadas, o que sugere que poderiam refletir uma imagem construída de Nero por opositores e críticos de seu governo.

Cassius Dio, em sua História romana, também menciona o incêndio e as acusações contra Nero, mas aborda a questão com certa ambiguidade. Ele relata os rumores de que Nero teria desejado reestruturar Roma para adequá-la ao seu gosto e que o incêndio seria uma oportunidade para essa reforma urbana.

No entanto, Dio reconhece que essas histórias se baseiam em especulações e não confirma que Nero tenha sido realmente o responsável. Ao discutir as atitudes de Nero, Dio deixa claro que o imperador era uma figura polêmica e que seu comportamento pouco ortodoxo contribuiu para alimentar a má reputação que o cercava, o que pode ter influenciado a propagação dos rumores.

A análise dessas fontes demonstra que, embora Nero seja frequentemente associado ao incêndio, não há evidências históricas conclusivas de que ele tenha realmente ordenado ou provocado o desastre. As narrativas de Tácito, Suetônio e Cassius Dio refletem uma mistura de fatos, rumores e julgamentos morais que dificultam uma avaliação objetiva da responsabilidade de Nero.

Por outro lado, o fato de Nero ter utilizado o incêndio para remodelar Roma e construir o complexo de sua luxuosa Domus Aurea contribuiu para alimentar as suspeitas contra ele. Essa reconstrução monumental, embora planejada para revitalizar a cidade, foi vista por muitos como um ato de autoengrandecimento, o que pode ter reforçado a associação do imperador com o evento trágico.

A responsabilidade de Nero pelo incêndio de Roma permanece incerta, e a própria história romana, por meio de suas fontes, indica que essa imagem pode ter sido moldada por uma visão negativa da figura do imperador. Tácito, Suetônio e Cassius Dio, ao relatarem o evento, lançam dúvidas sobre a veracidade dessa acusação e sugerem que a reputação de Nero bem como os interesses de seus inimigos podem ter contribuído para o mito de sua culpa.

Pintura que retrata o grande incêndio de Roma.
Pintura que retrata o grande incêndio de Roma.
  • Nero e a perseguição aos cristãos

Após o incêndio de Roma, Nero precisava de um bode expiatório para desviar as suspeitas de que ele seria o responsável pelo desastre. Ele então acusou a crescente comunidade cristã de ser responsável pelo incêndio. Isso marcou o início de uma das primeiras perseguições organizadas aos cristãos na história de Roma.

Os cristãos foram submetidos a torturas e mortes públicas, incluindo crucificações e serem lançados aos leões em arenas. Esse episódio contribuiu para a imagem de Nero como um governante cruel e sádico, particularmente na literatura cristã posterior, que destacou seu papel como um dos primeiros perseguidores da fé.

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Fim do império de Nero

Nos últimos anos de seu governo, Nero enfrentou uma série de revoltas e conspirações. Em 68 d.C., a rebelião liderada por Caio Júlio Vindex, governador da Gália, se tornou o catalisador para a queda de Nero. As legiões romanas, lideradas por Galba, declararam-se contra Nero, e ele perdeu o apoio do Senado e dos pretorianos.

Pressionado pela instabilidade política e pela oposição, Nero fugiu de Roma e foi declarado inimigo público pelo Senado. Esse foi um golpe devastador para sua autoridade, e Nero percebeu que seu governo estava insustentável.

Morte de Nero

Sem alternativas para retomar o poder e percebendo a inevitabilidade de sua derrota, Nero optou por cometer suicídio em 9 de junho de 68 d.C. Em sua última declaração, teria dito: “Qualis artifex pereo!” (Que artista morre em mim!), uma frase que reflete seu apego à arte e ao espetáculo, aspectos que marcaram sua personalidade. Sua morte marcou o fim da dinastia Júlio-Claudiana e deu início ao turbulento “ano dos quatro imperadores”, em que diferentes líderes disputaram o trono romano.

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Curiosidades sobre Nero

  • Apreço pelas artes: Nero era um grande entusiasta das artes e da música. Ele compunha poemas, tocava lira e até mesmo competia em jogos e apresentações públicas. Esse gosto por espetáculos e entretenimento, porém, era visto como indigno de um imperador e gerava escândalo entre as elites romanas.
  • Domus Aurea: Após o incêndio de Roma, Nero construiu a Domus Aurea, ou Casa Dourada, um palácio monumental decorado com ouro, mármores preciosos e pinturas sofisticadas. Esse palácio foi símbolo de sua extravagância e acabou sendo destruído após sua morte para evitar que qualquer outro imperador tentasse seguir seu exemplo de excessos.
  • Primeiro imperador a perseguir cristãos: Embora não tenha sido o único, Nero é lembrado como o primeiro imperador romano a implementar perseguições sistemáticas contra os cristãos, estabelecendo um precedente sombrio para as futuras relações entre Roma e a nascente religião cristã.
  • Relação com a mãe: A relação de Nero com sua mãe, Agripina, foi extremamente complexa e, eventualmente, fatal. Agripina foi uma figura central em sua ascensão, mas, ao se tornar imperador, Nero a considerava uma ameaça ao seu poder. Ele ordenou sua morte em 59 d.C., encerrando uma relação marcada pela manipulação política e pelo conflito de poder.

Fonte

BEARD, Mary. SPQR. São Paulo: Crítica, 2023. 560 p.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Nero"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/nero.htm. Acesso em 26 de dezembro de 2024.

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