Dia da Mulher: entenda a importância da educação como ferramenta para a equidade de gênero

Neste Dia Internacional da Mulher, especialistas destacam como a educação pode ser utilizada como ferramenta para a equidade de gênero

Em 07/03/2025 13h28 , atualizado em 10/03/2025 13h10
Mulher em sala de aula
O Dia Internacional da Mulher reforça o combate à desigualdade de gênero Crédito da Imagem: Foto - Shutterstock
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O Dia Internacional da Mulher celebrado neste sábado, 8 de março, foi criado em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de combater as desigualdades e descriminação de gênero no mundo. 

Nesse sentido, a data reforça e simboliza um processo de luta das mulheres pela garantia de condições equiparadas às dos homens, bem como pelo combate às violências contra as mulheres.

Para a professora de História do Poliedro Colégio, Fernanda Ribeiro, incluir a temática do Dia da Mulher na escola permite a construção de um ambiente mais inclusivo e respeitoso. A educadora reforça que a data é uma oportunidade para reflexão, questionamentos, luta e resistência em um mundo estruturalmente patriarcal. 

Segundo dados do último trimestre de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio das mulheres no Brasil é de R$2.562, enquanto dos homens é de R$3.233. Em cargos de direção e gerência, as mulheres recebem 27% a menos do que os homens, conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) do IBGE. 

Este é apenas um dos diversos recortes estatísticos que evidenciam a desigualdade de gênero na sociedade. O Brasil Escola conversou com especialistas que destacam como a educação pode ser utilizada como ferramenta em prol da igualdade de gênero.

No vídeo abaixo, Thais Pianucci, CEO da Start by Alura, apresenta reflexões sobre o domínio das tecnologias pelas mulheres em prol da construção de uma equidade de gênero:

Leia também: Os desafios das mulheres na sociedade 

Educação como ferramenta para a equidade de gênero

A educação é um mecanismo essencial para a promoção da igualdade de gênero, na opinião de Carolina Sperandio, diretora da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco. Isso porque ela faz parte de um compromisso global respaldado por iniciativas da Unesco, como também dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A pedagoga cita o ODS de nº 5 que busca "alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas".

Segunda a profissional, a garantia das mesmas oportunidades de acesso, permanência e sucesso escolar entre meninas e meninos são possibilitadas a partir de um compromisso coletivo de transformação dos sistemas educacionais. Com isso, Carolina destaca ações que envolvem a educação como ferramenta para a igualdade de gênero: 

  • Ensinar crianças e jovens sobre Direitos Humanos, compreendendo conceitos como igualdade de oportunidades, equidade e justiça social;

  • Compreender a origem e assumir o compromisso de combater toda forma de violência contra as mulheres, incluindo formas de identificar e denunciar situações de abuso e assédio;

  • Revisar currículos e materiais didáticos para combater estereótipos;

  • Capacitar professores para a promoção da equidade de gênero e ensino inclusivo;

  • Criar ambientes seguros e livres de violência, com a implementação de ações para promover uma cultura de respeito no ambiente escolar;

  • Incentivar a participação de meninas em áreas como STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática); 

  • Incentivar a participação, liderança e empreendedorismo feminino em todas as áreas do conhecimento para que façam escolhas conscientes de suas capacidades ao ingressarem na universidade ou mercado de trabalho.

Fernanda comenta a respeito da importância das escolas no desenvolvimento de debates e reflexões sobre equidade e respeito:

"As escolas, como espaços de construção de conhecimento e valores, têm o compromisso de fomentar essas discussões, ajudando a formar cidadãos que compreendam a importância da equidade e do respeito mútuo. Dessa forma, o Dia Internacional da Mulher deixa de ser apenas uma data comemorativa e se torna um ponto de partida para mudanças significativas na educação e na sociedade."

Fernanda Ribeiro, professora de História

Fernanda Ribeiro professor de História
Fernanda Ribeiro, professora de História.
Crédito: Divulgação / Poliedro.

Outro aspecto importante neste debate se refere à formação de liderança feminina desde a infância. "Incentivar a liderança entre meninas desde cedo é fundamental, pois os primeiros anos de vida são decisivos para a formação da identidade e autoestima delas", afirma Thaís Santos Wanderley, consultora pedagógica da Red Balloon. Com isso, a educação se torna um instrumento que reforça que as meninas podem ocupar qualquer papel na sociedade.

Reflexões para uma sociedade igualitária

Segundo Maria Carolina Araújo, diretora de ensino da Rede Alante, a educação é um local de transformação e ocupá-lo é uma oportunidade para que as mulheres conduzem uma participação ativa para um futuro de igualdade e respeito. Apesar de constituir a maioria no ambiente escolar, a desigualdade salarial é uma realidade, conforme aponta dados do Censo Escolar 2022.

A diretora evidencia que é importante que as crianças e os jovens cresçam "reconhecendo a importância da ocupação de mulheres em todos os espaços como papel fundamental para uma sociedade mais igualitária".

Estudos apontam a baixa presença de mulheres em áreas da Tecnologia da Informação (TI), que é um dos setores mais promissores do mercado de trabalho. Thais Pianucci, destaca a importância do aprendizado sobre as tecnologias desde a educação básica.

"Ao introduzir a tecnologia cedo, as meninas passam a enxergar esse campo como um espaço que também pertence a elas. Se essa exposição acontece apenas no momento da escolha de carreira, muitas sequer consideram a área como uma possibilidade. Letrar é fundamental não só para emancipar e equalizar oportunidades, mas para que tenham a certeza de que a tecnologia também é para elas"

Thais Pianucci - Especialista em Gestão Escolar

Entrevistadas na matéria do Dia da Mulher
Entrevistadas da matéria: Thais Pianucci, Carolina Sperandio, Thaís Wanderley e Maria Carolina Araujo (da esquerda para direita e superior para inferior).
Crédito: Divulgação.

A Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher foi instituída pela Lei nº 14.164/2021. Nesse debate, Tatiana Naumann, advogada e especialista em Defesa de Mulheres contra a Violência, afirma que a educação é o primeiro passo para conscientizar as próximas gerações. Na opinião de Tatiana é necessário desenvolver políticas públicas para reduzir o feminicídio, que afeta principalmente as mulheres negras.

Tatiana entrevistada na matéria
Tatiana Naumann, advogada e especialista em Defesa de Mulheres contra a Violência.
Crédito: Divulgação.

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Importância do Dia Internacional da Mulher

Confira o bate-papo com as professores de História Nathália de Freitas e Ana Carolina Coelho sobre a importância do Dia Internacional da Mulher:

 

Por Lucas Afonso
Jornalista