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Um esqueleto com idade entre 13 e 12 mil anos, descoberto na Península de Yucatán (leste do México), pode mudar a forma de pensarmos sobre os primeiros habitantes da América (paleoamericanos) e os ameríndios. Esse esqueleto é um dos mais antigos e completos entre os encontrados na América e foi localizado em um sistema de cavernas.
O esqueleto humano encontrado era de uma mulher de altura inferior a 1,5 m e que morreu com aproximadamente 15 anos de idade. Os ossos foram encontrados dentro de uma fossa localizada a mais de 40 metros abaixo do nível do mar, conhecida como Hoyo Negro. Nesse local foram encontradas também ossadas de vários animais que já foram extintos, tais como os dentes-de-sabre e os mastodontes.
Acredita-se que a garota morreu após cair no local, que na época não era inundado. Os pesquisadores sugerem a morte por queda em virtude das fraturas presentes nos ossos da pelve que foram adquiridas antes de sua morte.
O esqueleto Naia, como ficou conhecido, apresenta alguns traços africanos e de aborígines australianos que são característicos dos paleoamericanos. Entretanto, dados de DNA mitocondrial extraídos dos dentes sisos revelaram o parentesco de Naia com os indígenas modernos, o que sugere que toda a população nativa da América seria resultado de uma única onda de migração.
O DNA de Naia apresenta o haplogrupo D1, que teve sua origem na Sibéria e é encontrado em aproximadamente 10% dos ameríndios. Com esse resultado, os pesquisadores conseguiram mostrar um paleoamericano com ancestrais da Sibéria e que apresenta laços genéticos com os ameríndios.
Os pesquisadores que fizeram a descoberta defendem que as primeiras pessoas chegaram ao continente americano através do Estreito de Bering, por uma região conhecida como Beríngia. Segundo os autores, apesar de o crânio dos primeiros esqueletos americanos apresentar morfologia distinta dos nativos americanos modernos, a América foi provavelmente povoada por uma única onda migratória e as diferenças entre ameríndios e paleoamericanos é explicada pela seleção natural. Essa teoria confronta outra aceita por vários pesquisadores que afirma que os nativos americanos são descendentes de pessoas que migraram de várias regiões do planeta, e não apenas da Sibéria.
O trabalho que foi considerado por muitos como a peça que faltava para a compreensão do vínculo entre os primeiros povoadores e os grupos indígenas do continente americano ainda não foi aceito por todos. Aparentemente, os pesquisadores ainda não chegaram a um consenso a respeito do tema e mais estudos deverão ser feitos para confirmar a teoria proposta por esse estudo.
O trabalho, liderado por James Chatters, pode ser encontrado na revista Science. Clique aqui para ter acesso ao estudo.
Por Ma. Vanessa dos Santos