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Fulgêncio Batista foi um militar e político de Cuba que, a partir de 1933, após ser o líder de um golpe de Estado, passou a ser o comandante das Forças Armadas do país, tendo grande poder político. Ele governou Cuba por duas vezes: na primeira chegou à presidência através de eleições democráticas e na segunda, através de um outro golpe de Estado.
Seu segundo governo foi uma violenta ditadura, apoiada pelos Estados Unidos e muito impopular em Cuba. Em plena ditadura de Fulgêncio, instaurou-se no país uma guerrilha rural que passou a ganhar apoiadores, até que esta venceu as tropas governistas e Fulgêncio deixou Cuba, sem nunca mais retornar ao país.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Fulgêncio Batista
- 2 - Biografia de Fulgêncio Batista
- 3 - Fulgêncio Batista na política cubana
- 4 - Como foi o governo de Fulgêncio Batista?
- 5 - Revolução Cubana e a queda de Fulgêncio Batista
- 6 - Morte de Fulgêncio Batista
Resumo sobre Fulgêncio Batista
- Fulgêncio Batista foi uma das figuras mais marcantes da história cubana no século XX.
- De 1933 até 1958 ele foi o mais importante líder político de Cuba e contou com o apoio das Forças Armadas e dos Estados Unidos.
- Fulgêncio Batista teve duas espoas: Elisa Godínez, com a qual foi casado de 1933 até 1945, e Marta Fernández Miranda de Batista, com a qual foi casado de 1945 até 1973, quando Fulgêncio Faleceu.
- Em 1952 Fulgêncio Batista deu um golpe de Estado e se tornou ditador em Cuba.
- A ditadura de Fulgêncio foi marcada por uma crise político-econômica e violenta repressão aos opositores.
- Uma guerrilha se formou em Cuba e conseguiu derrotar as tropas de Fulgêncio, que deixou o poder em 1º de janeiro de 1959.
- Fidel Castro passou a governar Cuba, e o país se tornou um Estado socialista, alinhado à União Soviética.
Biografia de Fulgêncio Batista
Fulgêncio Batista nasceu em Banes, cidade cubana, em 1901, filho de pais que haviam lutado na Guerra de Independência de Cuba. Na adolescência e início da juventude ele exerceu diversas atividades, como aprendiz de alfaiate, mecânico e vendedor de frutas.
Com 20 anos, ele se mudou para Havana, a capital de Cuba, ingressando no exército cubano como soldado. No exército ele aprendeu taquigrafia e datilografia, passando a trabalhar como secretário de um grupo de oficiais e suboficiais.
Em 1933, ocorreu o que alguns historiadores chamam de Revolução Cubana de 1933 e outros, de Revolta dos Sargentos. Inconformados com os soldos e com a miséria na qual boa parte da população cubana vivia, soldados de baixa patente iniciaram uma revolta que logo ganhou apoio de setores urbanos, como o movimento estudantil e operário.
O golpe derrubou o presidente Carlos Manuel de Céspedes y Quesada, e, no seu lugar, uma pentarquia passou a governar Cuba. A pentarquia foi substituída poucos dias depois por um novo presidente, Ramón Grau.
Fulgêncio Batista teve participação ativa na Revolta dos Sargentos e foi nomeado pelo novo presidente como comandante das Forças Armadas de Cuba. Foi a partir desse momento que Fulgêncio Batista passou a ter grande influência na política cubana, isso perdurou por um quarto de século.
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Fulgêncio Batista na política cubana
A Revolta dos Sargentos deu muitos poderes aos militares cubanos e ao seu comandante, Fulgêncio Batista. Um cônsul norte-americano descreveu como Cuba estava em 1935:
“Os tentáculos do Exército cresceram tanto que chegam agora a controlar até mesmo responsabilidades municipais insignificantes, como a nomeação de garis... Diz-se que essas indicações são distribuídas a parentes próximos e amigos dos soldados e oficiais... De forma vagarosa, mas eficiente, os militares estão substituindo os prefeitos de muitos municípios dessa Província.”|1|
Para muitos historiadores Fulgêncio Batista foi quem governou, de fato, Cuba a partir de 1933, mantendo presidentes civis fracos como seus fantoches. Em 1935, o presidente cubano Carlos Mendieta promulgou um decreto-lei, com apoio de Fulgêncio Batista, que previa a pena de morte ou a prisão perpétua para quem cometesse qualquer ataque contra a indústria açucareira, sendo que boa parte desse setor era controlado por empresas norte-americanas. O decreto ainda previa as mesmas penas para quem fizesse “propaganda subversiva” ou comandasse greves em fábricas.
Em 1940, Fulgêncio Batista se candidatou à presidência da república, sendo o vencedor da eleição e iniciando seu governo constitucional. Ele governou o país até 1944, deixando o governo para o seu sucessor e passando a morar na Flórida. Em 1952 ele retornou a Cuba, foi líder de um golpe de Estado após ser derrotado na eleição e se tornou ditador do país.
Fulgêncio Batista agiu com extrema violência contra os grupos opositores, prendendo e assassinando milhares deles. Ele só foi derrubado em 1959, quando a Revolução Cubana terminou com a conquista de Havana. Fulgêncio fugiu para a República Dominicana, levando milhões de dólares, depois viveu em Portugal e finalmente na Espanha, sob os cuidados da ditadura franquista.
Como foi o governo de Fulgêncio Batista?
→ Governo constitucional de Fulgêncio Batista
Em 1940, Fulgêncio Batista iniciou seu governo constitucional, após se eleito presidente na eleição que ocorreu no mesmo ano. Quando assumiu o poder, o mundo vivia a Segunda Guerra Mundial, e Fulgêncio Batista declarou guerra ao Eixo, aproximando-se dos Estados Unidos.
No seu primeiro governo Fulgêncio Batista tomou diversas medidas populistas, como aumentar por decreto o salário dos trabalhadores, criar direitos trabalhistas como uma multa para demissão e obrigar as usinas a garantir segurança para seus trabalhadores. Vale lembrar que a base da economia cubana era a indústria açucareira e que boa parte dela era controlada por empresas dos Estados Unidos.
Fulgêncio não tinha muita popularidade no final do seu governo, e o seu indicado à sucessão presidencial foi derrotado. Após deixar o governo, Fulgêncio Batista se mudou para a Flórida, onde ficou até o início da década de 1950.
→ Ditadura de Fulgêncio Batista
Em 1952, Fulgêncio Batista foi novamente candidato à presidência, mas as pesquisas indicavam que ele teria poucos votos e que deveria ficar em terceiro lugar na eleição. Apenas três meses antes da eleição, Fulgêncio Batista liderou um novo golpe de Estado, novamente um golpe militar.
Fulgêncio foi nomeado presidente provisório, mas com o apoio das Forças Armadas se tornou ditador na ilha. Ele suspendeu a Constituição do país (em vigor desde 1940), fechou o Congresso Nacional, suspendeu o direito de greve, retomou a pena de morte e suprimiu diversos direitos individuais. Ele também aumentou o salário dos policiais e dos militares de todo o país logo no início da sua ditadura.
O governo norte-americano apoiou política e financeiramente a ditadura de Fulgêncio, que se alinhou aos Estados Unidos na Guerra Fria e tratou de garantir o lucro das empresas norte-americanas no país.
Diversas greves e manifestações contrárias à ditadura de Fulgêncio ocorreram em Cuba a partir de 1953. Os opositores e todas as manifestações foram duramente reprimidos pelas forças policiais e militares de Fulgêncio. Em 1956, após diversos movimentos pela democracia terem ocorrido na Universidade de Havana, ela foi fechada pelo presidente.
Saiba mais: Che Guevara — quem foi e qual o seu papel na Revolução Cubana?
Revolução Cubana e a queda de Fulgêncio Batista
Em 1953, um estudante de direito chamado Fidel Castro liderou um ataque frustrado a um quartel do Exército, chamado de La Moncada. Quase metade dos 200 participantes do ataque morreram em combate, e o restante acabou preso no dia do ataque os nos dias posteriores.
Fidel Castro e seu irmão Raul Castro foram presos, julgados e condenados à prisão. Em 1955, após pressão interna e do exterior, Fulgêncio libertou Fidel e seu irmão, que se refugiaram no México.
No México, Castro e outros cubanos passaram a treinar militarmente para retornar a Cuba e tentar um golpe armado para derrubar Fulgêncio Batista. Em 1956, Fidel Castro partiu do México para Cuba em uma embarcação chamada Granma, com pouco mais de 80 homens.
O plano de Castro era que o barco chegasse em Cuba dois dias depois, iniciando o ataque no litoral. No mesmo momento forças rebeldes se levantariam em Havana, criando duas frentes de batalha simultâneas. Mas o barco enfrentou dificuldades para chegar a Cuba, e em Havana a revolta foi rapidamente reprimida pelas forças de Batista, sendo que alguns prisioneiros informaram o governo sobre o local onde os tripulantes do Granma iriam desembarcar.
Quando o Granma chegou ao litoral cubano, foi alvo da Força Aérea cubana e do Exército, e apenas uma dúzia de guerrilheiros sobreviveu e se reuniu na Sierra Maestra. Nessa serra eles iniciaram uma guerrilha, que gradativamente ganhou apoio popular. Com o passar do tempo, diversos grupos políticos passaram a apoiar a guerrilha de Fidel Castro. Muitos estudantes, intelectuais e trabalhadores cubanos aderiram à guerrilha, que passou a infligir diversas derrotas às tropas do governo.
Em 1958 o governo dos Estados Unidos tirou o apoio à ditadura de Fulgêncio. No mesmo ano a guerrilha conseguiu dominar diversas cidades, além de controlar portos, rodovias e algumas cidades, o que desestabilizou ainda mais o governo de Fulgêncio.
Em dezembro de 1958, tropas revolucionárias comandadas pelo argentino Che Guevara derrotaram as tropas de Fulgêncio Batista em Santa Clara, importante cidade cubana. Ao perceber a derrota iminente, Fulgêncio Batista fugiu de Cuba e se exilou na República Dominicana.
Em 1º de janeiro de 1959, iniciou-se o governo revolucionário cubano. Em pouco tempo Fidel Castro passou a governar Cuba, deixando o poder somente em 2016, quando faleceu.
Morte de Fulgêncio Batista
Fulgêncio Batista faleceu na Espanha de causas naturais em 1973, sendo sepultado nesse país ao lado de sua segunda esposa. Ao todo ele teve oito filhos, os três primeiros com a primeira esposa e os outros cinco com a segunda.
Nota
|1| MCGILLIVRAY, Gillian. Ascensão e queda do populismo cubano 1934 – 1959. Universidade de Nova Iorque. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tem/a/pVc7Hq76dtRsZJh68j3zK8G/?lang=pt
Créditos da imagem
Fontes
AYERBE, Luís Fernando. A Revolução Cubana. Editora UNESP, São Paulo, 2014.
FERRER, Ada. Cuba: an american history. Scribner Book Company, Nova Iorque, 2021.