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Evanildo Bechara

Evanildo Bechara é um famoso professor brasileiro. Sua principal obra é a Moderna gramática portuguesa. O autor valoriza não só as normas, mas também a variedade linguística.

O professor Evanildo Bechara.[1]
O professor Evanildo Bechara.[1]
Crédito da Imagem: Commons
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Evanildo Bechara é um professor e filólogo pernambucano. Ele nasceu em 26 de fevereiro de 1928, em Recife. Mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Letras na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, da qual hoje é professor.

Ele é autor da Moderna gramática portuguesa, obra de referência para professores(as) e pesquisadores(as) do Brasil. A obra teve sua publicação em 1961 e foi várias vezes reeditada. A gramática de Bechara é normativa, mas valoriza também a diversidade linguística brasileira.

Leia também: Linguística — a ciência que se ocupa do estudo dos fatos da linguagem

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Evanildo Bechara

  • O filólogo brasileiro Evanildo Bechara nasceu em 26 de fevereiro de 1928.
  • O gramático é formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
  • Sua obra Moderna gramática portuguesa teve várias edições desde 1961.
  • A gramática normativa de Bechara considera também a variedade linguística.
  • O professor foi eleito para a Academia Brasileira de Letras no ano 2000.

Biografia de Evanildo Bechara

  • Nascimento de Evanildo Bechara

Evanildo Bechara nasceu em 26 de fevereiro de 1928, em Recife, no estado de Pernambuco.

  • Infância e adolescência de Evanildo Bechara

Seu pai era um comerciante libanês, e sua mãe, maranhense. Ainda na infância, ficou órfão de pai. Sua mãe não conseguiu criar os cinco filhos sozinha. Por isso, com 12 anos de idade, o gramático se mudou para a casa de um tio-avô, no Rio de Janeiro. Além de estudar, o rapaz também dava aulas particulares de Português, Matemática e Latim.

Era admirador do filólogo Said Ali (1861-1953), e, com 15 anos de idade, conseguiu ser recebido na casa do mestre. Além disso, acompanhava o folclorista Lindolfo Gomes (1875-1953) na Academia Brasileira de Filologia. O jovem Bechara estudou no Instituto La-Fayette, onde logo passou a dar aulas de reforço para os colegas.

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  • Casamento de Evanildo Bechara

Em 1950, casou-se com Ely Chauvet. Seu segundo casamento ocorreu em 1987, com Marlit Silva.

  • Filhos de Evanildo Bechara

O professor Evanildo Bechara tem dois filhos: Evaldo e Evanildo.

  • Formação e carreira de Evanildo Bechara

Bechara se formou em Letras, no ano de 1948, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi professor de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II a partir de 1954. Em 1960, foi eleito para a Academia Brasileira de Filologia. Em 1962, após prestar concurso, assumiu o cargo de Filologia Românica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Uerj.

Em 1966, foi para a Espanha para estudar Filologia Românica na Universidade de Madri. Em 1968, concluiu seu doutorado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é professor nessa instituição. Também foi professor de Filologia Românica na Universidade Federal Fluminense de 1975 a 1992.

  • Evanildo Bechara na Academia Brasileira de Letras

Em 2000, Evanildo Bechara foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tornando-se o quinto ocupante da cadeira 33. Ele tomou posse em 25 de maio de 2001.

O que Evanildo Bechara defende?

Em sua Moderna gramática portuguesa, o gramático não é de todo normativo, pois considera as possibilidades linguísticas. Portanto, defende e valoriza a diversidade da língua portuguesa. O autor tem consciência de que a norma culta deve ser utilizada apenas em determinados contextos sociais.

Assim, valoriza tanto a gramática descritiva (a qual registra fenômenos linguísticos) quanto a gramática normativa (a qual especifica as normas do uso formal da língua). E defende ou corrobora a ideia de que cada situação social exige uma adequação da fala ou da escrita.

Por fim, defende Bechara (citado por Flávio de Aguiar Barbosa):

O currículo tradicional que se põe em execução com vistas à educação linguística se mostra, em geral, na prática, antieconômico, banal, inatural e, por isso mesmo, improdutivo. Antieconômico por ensinar aos alunos fatos da língua que eles, ao chegarem à escola, já dominam, graças ao saber linguístico prévio (como a função distintiva dos fonemas, a morfologia flexiva e a sintaxe elementar); banal, porque o tipo de informações que são subministradas aos alunos nada ou pouco adiantam à capacidade operativa do falante, limitando-se, quase sempre, a fornecer-lhes capacidade classificatória, e, como a língua não é um rol de nomenclatura, a banalidade do aprendizado atinge as proporções de um novo suplício de Tântalo; inatural, porque muitas vezes segue o caminho estruturalmente inverso à direção do desenvolvimento linguístico dos alunos, partindo dos componentes linguísticos não dotados de significação para os dotados dela; por exemplo, da fonética e fonologia para a morfologia e, depois, a sintaxe e a semântica.

[...]

No fundo, a grande missão do professor de língua materna — no ensino de língua estrangeira o problema é outro — é transformar seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua, possibilitando-lhe escolher a língua funcional adequada a cada momento de criação e até, no texto em que isso se exigir ou for possível, entremear várias línguas funcionais para distinguir, por exemplo, a modalidade linguística do narrador ou as modalidades praticadas por seus personagens.

[...]

Teoria de Evanildo Bechara

Evanildo Bechara lançou uma periodização da língua portuguesa, com as seguintes fases:

  • arcaica: século XIII ao final do XIV;
  • arcaica média: século XV à primeira metade do XVI;
  • moderna: segunda metade do século XVI ao final do XVII;
  • contemporânea: século XVIII ao XX.

Leia também: Gramática — tipos, importância e divisões

Evanildo Bechara e a gramática

Em 1960, Evanildo Bechara publicou sua primeira obra como gramático, ou seja, o livro Lições de português pela análise sintática. No ano seguinte, publicou aquela que seria sua grande obra, a Moderna gramática portuguesa, com uma visão estruturalista e um aprofundamento morfossintático.

Apesar de sua gramática ser normativa, ela apresenta algumas observações típicas da gramática descritiva, o que, provavelmente, contribuiu para o sucesso da obra. Além disso, o gramático tem a consciência de que, no processo educativo, é necessário ensinar a norma culta, mas também valorizar a diversidade linguística.

Obras de Evanildo Bechara

Capa da Moderna gramática portuguesa, de Evanildo Bechara, publicada pela editora Nova Fronteira.[2
Capa da Moderna gramática portuguesa, de Evanildo Bechara, publicada pela editora Nova Fronteira.[2
  • Fenômenos de intonação: um capítulo de fonética expressiva (1946)
  • Primeiros ensaios sobre língua portuguesa (1954)
  • Exercícios de linguagem: curso médio (1954)
  • Lições de português pela análise sintática (1960)
  • Moderna gramática portuguesa (1961)
  • Curso moderno de português (1968-1969)
  • A contribuição de M. Said Ali à linguística portuguesa (1970)
  • A nova ortografia (1972)
  • Guias de estudo de língua e de linguagem: da linguística ao ensino da língua (1977)
  • Guias de estudo de língua e de linguagem: dos termos linguísticos ao seu conceito (1977)
  • Guias de estudo de língua e de linguagem: instrumentos de avaliação (1977)
  • Guias de estudo de língua e de linguagem: introdução linguística (1977)
  • O ensino da gramática: Opressão? Liberdade? (1985)
  • Manual de redação oficial do Estado do Rio de Janeiro (2000)
  • Gramática escolar da língua portuguesa (2001)
  • Língua e linguagem (2003)
  • A nova ortografia (2008)
  • O que muda com o novo Acordo Ortográfico (2008)
  • Minidicionário da língua portuguesa (2009)
  • Estudo da língua portuguesa: textos de apoio (2010)
  • Gramática fácil (2014)

Importância de Evanildo Bechara

Evanildo Bechara é um dos principais gramáticos brasileiros. Sua obra Moderna gramática portuguesa é aclamada desde sua publicação, em 1961, seguida de inúmeras edições. Além disso, o filólogo integrou a comissão responsável pela atualização do Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras, e a equipe responsável pelo Índice do vocabulário de Machado de Assis.

Prêmios e homenagens a Evanildo Bechara

  • Doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra
  • Medalha José de Anchieta
  • Medalha de Honra ao Mérito Educacional
  • Medalha Oskar Nobiling

Além disso, em 2008, foi homenageado com a publicação Entrelaços entre textos, organizada pelo professor e doutor Ricardo Cavaliere. No mesmo ano, a editora Nova Fronteira publicou a obra Homenagem: Evanildo Bechara.

Frases de Evanildo Bechara

A seguir, vamos ler algumas frases de Evanildo Bechara, retiradas de uma entrevista concedida em 2017:

“Todas as manifestações linguísticas são importantes.”

“A língua, como espírito humano, está em perpétuo devenir, está em perpétua modificação.”

“Todos os traços de um povo estão refletidos na sua língua; portanto, você não pode separar língua e homem.”

“Para se comunicar, você tem de adequar o seu repertório linguístico ao nível da pessoa com quem você fala.”

“Você tem de ser um poliglota na sua própria língua, porque não existe um português, existem vários portugueses.”

“Um bom professor é ser um professor consciente, que não ponha nas suas aulas nenhuma intenção além dos limites da sua disciplina.”

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

[2] Nova Fronteira (reprodução)

Fontes

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Evanildo Bechara. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/evanildo-bechara.

ACADEMIA LÍBANO-BRASILEIRA. Evanildo Bechara. Disponível em: https://academialibanobrasil.com.br/portfolio-item/pedro-simon/.

BARBOSA, Flávio de Aguiar. Definir Bechara: como alcançar seis léguas com seis passos. In: CAMARA, Tania Maria Nunes de Lima et al (orgs.). Evanildo Bechara e os bastidores da NGB. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2020.

BECHARA, Evanildo. As fases históricas da língua portuguesa: tentativa de proposta de nova periodização. 1985. Tese de concurso (Professor titular de Língua Portuguesa) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1985.

CNPq. Evanildo Cavalcante Bechara. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/9760572939772146.

RETONDAR, Heloana Cardoso et al. Tradição e atualidade: uma tarde na ABL com Evanildo Bechara (entrevista realizada em 1o de dezembro de 2017). In: CAMARA, Tania Maria Nunes de Lima et al (orgs.). Evanildo Bechara e os bastidores da NGB. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2020.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Evanildo Bechara"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/evanildo-bechara.htm. Acesso em 04 de dezembro de 2024.

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