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Cinco poemas da Literatura Portuguesa

O Brasil Escola selecionou para você cinco poemas da Literatura Portuguesa que representam magistralmente a riquíssima lírica lusitana.

Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Florbela Espanca são alguns dos expoentes da poesia portuguesa
Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Florbela Espanca são alguns dos expoentes da poesia portuguesa
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Luís de Camões, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca, Almada Negreiros. Esses são apenas alguns nomes da riquíssima poesia lusitana, que há séculos contribui para a divulgação da literatura em língua portuguesa. Fato é que, embora Portugal e Brasil estejam intrinsecamente ligados por questões linguísticas e culturais, nem sempre o intercâmbio literário acontece a contento.

Para que você conheça um pouco mais sobre a lírica que tanto influenciou as nossas letras, o Brasil Escola selecionou cinco poemas da literatura portuguesa para você conhecer e apreciar. Dos primeiros trovadores aos modernistas, um breve passeio pela história de Portugal. Boa leitura!

Cantiga, partindo-se

Senhora partem tão triste 
Meus olhos por vós, meu bem 
Que nunca tão tristes vistes 
Outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos, 
Tão doentes da partida, 
Tão cansados, tão chorosos, 
Da morte mais desejosos 
Cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes os tristes, 
Tão fora de esperar bem, 
Que nunca tão tristes vistes 
Outros nenhuns por ninguém.

Garcia de Resende

Ao Desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.

Luís Vaz de Camões

Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

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Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa

 

Último Soneto

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço -
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Mário de Sá-Carneiro

Amor que morre

O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!

Florbela Espanca


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Luana Castro Alves Perez Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PEREZ, Luana Castro Alves. "Cinco poemas da Literatura Portuguesa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-literatura-portuguesa.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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