PUBLICIDADE
A cidade de Paris, capital da França, na noite de 13 de novembro de 2015, foi palco do maior atentado terrorista já ocorrido em solo europeu e um dos maiores já realizados por grupos fundamentalistas islâmicos contra o Ocidente – ficando atrás apenas dos ataques de 11 de setembro de 2001. A ação foi executada por terroristas ligados ao Estado Islâmico, grupo fundamentalista atuante no Iraque e na Síria que ganhou notoriedade ao longo do ano de 2014 por, entre outras coisas, divulgar vídeos de decapitações, fuzilamentos e carbonizações de jornalistas ocidentais, cristãos e militares iraquianos. Destaca-se também o fato de seu líder, Abu Bakr al-Bahgdadi, ter se autoproclamado califa universal dos muçulmanos.
Os ataques em Paris começaram por volta das 21:16 e estenderam-se até o início da madrugada do dia 14 de novembro. No total, oito terroristas, de nacionalidade belga e francesa, participaram da ação, que resultou em 129 mortes confirmadas pelo governo francês e mais de 350 feridos. Seis locais de grande movimentação de pessoas foram os alvos escolhidos pelos terroristas. O primeiro foi o Stade de France (o estádio de futebol que foi palco da final da Copa do Mundo de 1998). Um homem-bomba detonou um cinto de explosivos, às 21:16, nas imediações do estádio onde estava sendo realizado um jogo entre as seleções francesa e alemã, que era assistido pelo presidente da França, François Holland.
À primeira explosão próxima ao estádio seguiu o ataque com fuzis e metralhadoras, por volta de 21:20, contra as pessoas presentes nos restaurantes Le Carillon e Le Petit Cambodge. Por volta das 21:30, houve mais uma explosão nas imediações do Stade de France. A suspeita de ser fruto de ataque terrorista foi confirmada, e o presidente francês foi retirado do interior do estádio. Os espectadores tiveram que se dirigir para o centro do estádio para se resguardar e esperar mais informações sobre o que estava ocorrendo. Ao mesmo tempo, mais dois restaurantes foram alvos de fuzilamento, o La Casa Nostra e o La Bélle Équipe. Dezenas de pessoas morreram nesse entretempo.
Às 21:45, quatro terroristas invadiram a casa de espetáculos Bataclan, onde estava acontecendo a apresentação de uma banda de rock americana. Centenas de pessoas foram fuziladas no interior do estabelecimento. Muitas conseguiram fugir, mas os terroristas conseguiram manter por quase três horas cerca de 80 pessoas como reféns no estabelecimento. No tempo em que o terror se instalava na casa de espetáculos, uma terceira explosão ocorreu nas proximidades do Stade de France. Apesar de a Bataclan ter sido cercada pela polícia parisiense, não pôde evitar o desfecho funesto: os quatros terroristas detonaram seus cintos de explosivos, matando todos que se encontravam no interior da casa de shows.
Nos dias que transcorreram após o atentado, descobriu-se que os terroristas que dele participaram teriam recebido treinamento nos domínios do Estado Islâmico na Síria e voltado para a Europa para preparar o atentado. Essas oito pessoas, segundo as investigações da polícia francesa, teriam seguido o plano de ataque elaborado por Abdelhamid Abaaoud, terrorista de nacionalidade belga que está atualmente entre os membros do Estado Islâmico na Síria, mas já viveu no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, que é considerado um reduto de terroristas islâmicos da Europa. Segundo testemunhas, o carro usado pelos suspeitos para transitar de um ponto a outro onde ocorreram os ataques tinha placa belga.
Além do mentor do atentado, viveram em Molenbeek pelos menos dois dos oito terroristas do dia 13/11. Além disso, o terrorista Amedy Coulibaly comprou as armas que utilizou em seu atentado no dia 07 de janeiro, no mesmo bairro belga. Couliabaly, recordemos, atacou um supermercado na periferia de Paris no mesmo dia (07/01/2015) em que os irmãos Kouachi atacaram a sede do jornal satírico Charlie Hebdo. Os Kouachi estavam ligados à A-Qaeda, enquanto Couliabaly, à sede do Estado Islâmico no Iêmen.
O Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados em 13 de novembro de 2015 por meio de uma carta pública. Além disso, os representantes da organização terrorista também ameaçaram outros países, como os Estados Unidos, que, junto à França, empreendem ataques aéreos às instalações do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Por Me. Cláudio Fernandes