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Alexandre VI, o papa corrupto

Alexandre VI foi conhecido por ser um dos papas mais corruptos da história. Natural da Espanha, usou seu cargo para aumentar a influência de sua família e fez inimigos pela Itália.

Estátua de Alexandre VI localizada em Xátiva, na Espanha
Estátua de Alexandre VI localizada em Xátiva, na Espanha
Crédito da Imagem: Shutterstock
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Alexandre VI, ou Rodrigo Bórgia, é o nome do papa que esteve à frente da Igreja Católica de agosto de 1492 a agosto de 1503. É considerado até hoje como um dos papas mais corruptos da história da Igreja. Usou a sua influência durante o papado para perpetuar o poder da família Bórgia por meio de nepotismo. Além disso, esteve em conflitos contra as autoridades seculares da época e um de seus filhos – César – era temido por todos por causa de sua violência.

Origens de Rodrigo Bórgia

Rodrigo Bórgia nasceu no dia 1º de janeiro de 1431 ou 1432 (há dúvidas entre os historiadores acerca do ano), na cidade de Xátiva, Espanha. Ele afirmava que sua família era descendente de um ramo da dinastia de Aragão. Entretanto, o historiador alemão Volker Reinhardt afirma que isso não é verdade de acordo com as pesquisas sobre a genealogia da família|1|. A família Bórgia era considerada parte da nobreza menor, pois havia exercido funções em cargos de influência local.

A influência da família Bórgia cresceu a partir da escalada social realizada pelo tio de Rodrigo, Alonso Bórgia. Alonso tornou-se cardeal em 1444 e, anos depois, foi eleito papa da Igreja e tornou-se Calisto III. No cargo de papa, Calisto fez o possível para aumentar a influência da família Bórgia.

A partir da influência de seu tio, Rodrigo Bórgia mudou-se para a Itália em 1449. Calisto III fez de seu sobrinho cardeal em 1456, vice-chanceler em 1457, além de ser bispo de Valência e capitão das tropas papais. Começou nesse momento o crescimento da influência de Rodrigo Bórgia.

O Papado

Nas décadas seguintes, Rodrigo Bórgia fez o possível para manter sua influência nos meios políticos da Igreja Católica. Apesar de buscar manter sua imagem, não se importou em ser advertido pelo papa Pio II por causa do seu comportamento, que não estava de acordo com o celibato eclesiástico. Rodrigo constituiu família com Vanozza dei Cattanei, com quem teve quatro filhos: César (nascido em 1475), Giovanni (nascido em 1476), Lucrécia (nascida em 1480) e Jofre (nascido em 1481). Outra amante bastante conhecida de Rodrigo foi Giulia Farnese.

Rodrigo Bórgia só foi eleito papa em 1492 no conclave realizado após a morte do papa Inocêncio VIII. O historiador Volker Reinhardt fala que a eleição responsável por eleger Rodrigo foi comprada na madrugada do dia 10 para 11 de agosto com a ajuda de seu aliado, o cardeal Ascânio Sforza. O maior adversário de Rodrigo nas eleições era Giuliano della Rovere, que se exilou de Roma após a derrota por temer represálias de Alexandre VI.

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Os dez anos do papado de Alexandre VI foram marcados pelas manobras políticas com as lideranças da época, corrupção e muitas polêmicas em torno do assassinato de adversários por envenenamento. Especula-se também que César matou seu irmão, Giovanni, em 1497. Alexandre VI foi acusado inúmeras vezes de simonia (venda de cargos eclesiásticos) por seus adversários e fez uso do nepotismo ao nomear seu filho César como cardeal em 1493.

Atuou na determinação da divisão da América, que havia sido “descoberta” em 1492 na expedição de Cristóvão Colombo. O acordo com a Coroa espanhola estipulava benefícios ao seu filho, Juan Bórgia, que foi reconhecido como duque de Gandia. Em troca, a Coroa espanhola recebeu do papa uma bula que os autorizava a possuir todas as terras do novo continente. Entretanto, posteriormente, a Espanha negociaria esses termos à parte com Portugal durante o Tratado de Tordesilhas, realizado em 1494.

Apesar dos inúmeros conflitos com autoridades seculares, um dos maiores desafios de Alexandre VI foi o padre dominicano Girolamo Savonarola. O padre dominicano contestava o poder do papa e afirmava ser ele o porta-voz de Deus. Ele denunciava pela cidade de Florença que a eleição papal de 1492 havia sido comprada. O conflito de Alexandre VI e Savonarola foi finalizado em 1498, quando Savonarola foi morto:

O destino de Savonarola foi definido em Florença. Os membros do governo [de Florença] que tinham sido sorteados para os meses de maio e junho eram-lhe, em grande parte, hostis. Eles mandaram torturar o grande profeta para trazer à tona supostas confissões. Ele teria confessado que, desde o início, tudo se tratou apenas de mentira e falsidade: as mensagens de Deus, a comunhão com os anjos, tudo inventado e imaginado. […] Em 23 de maio de 1498, Girolamo Savonarola foi estrangulado e, em seguida, queimado|2|.

Alexandre VI morreu em 18 de agosto de 1503, após passar uma semana doente, com febre constante e vômitos esporádicos. Especulou-se que sua morte foi por envenenamento ao tomar uma taça de vinho envenenada por engano, porém, atualmente, levanta-se que Alexandre pode ter contraído malária. A morte de Alexandre resultou na derrocada da família Bórgia, uma vez que, ao longo de 12 anos de papado, os Bórgias haviam acumulado inimigos por toda a Itália.

|1| REINHARDT, Volker. Alexandre VI – Bórgia: O Papa sinistro. São Paulo: Editora Europa, 2012, p.19.
|2| Idem, p.157.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Alexandre VI, o papa corrupto"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/alexandre-vi-papa-corrupto.htm. Acesso em 10 de dezembro de 2024.

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