PUBLICIDADE
No século XVIII, a insatisfação da população baiana contra a administração colonial se avolumava por conta da ausência de produtos, da fome e outras mazelas que assolavam a população. Além disso, percebemos que, nesse mesmo período, os conteúdos do pensamento iluminista ali se manifestavam sob o signo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. De fato, a experiência revolucionária ocorrida na França servia de inspiração contra o domínio dos colonizadores.
Desde a transferência da capital para o Rio de Janeiro, os moradores da cidade de Salvador manifestavam a sua revolta com ataques contra as autoridades locais. Em geral, a elevação do preço dos alimentos, o saque aos armazéns e o incêndio do Pelourinho incorporavam o desenvolvimento de um ambiente revolucionário. Aos poucos, os integrantes das mais variadas camadas sociais passaram a defender alguma transformação mais substanciosa.
No ano de 1797, sob a influência da maçonaria francesa, formou-se em Salvador uma sociedade secreta que tinha como foco inicial realizar a disseminação do iluminismo. Composta por membros da elite intelectual baiana, essa loja maçônica promovia a leitura de textos de Voltaire e Rousseau. Além disso, seus integrantes, também conhecidos como “Cavaleiros da Luz”, passaram a circular panfletos que criticavam o governo local e defendiam a criação de uma República na Bahia.
Com o passar do tempo, esse processo de doutrinamento político ganhou forças com o expresso apoio de outros extratos da sociedade local. Em agosto de 1798, o número de integrantes do movimento se avolumou, assim como a variabilidade das reivindicações. Entre estas, destacamos a criação de um governo de inspiração jacobina, a transformação do sistema tributário, a melhoria nos salários dos oficiais, a liberdade econômica e intelectual, e a libertação dos escravos.
A inserção de líderes e demandas populares logo motivou o afastamento dos Cavaleiros da Luz, que interpretavam negativamente o aprofundamento da conjuração. Logo em seguida, por meio de investigações e denúncias, as autoridades lusitanas foram determinando quais eram os principais líderes da Inconfidência Baiana. A essa altura, nenhum membro das elites estava entre os indivíduos sujeitos à prisão e julgamento oficial.
Os soldados Lucas Dantas de Aromam e Luís Gonzaga das Virgens, e os alfaiates Manuel Faustino dos Santos e João de Deus Nascimento foram condenados à forca e esquartejamento. Outros sete acusados foram encaminhados ao exílio na África. Alguns dos escravos envolvidos no episódio foram condenados ao sofrimento de penas físicas ou vendidos para outras capitanias. Com isso, a possibilidade de uma rebelião popular foi reprimida pelos portugueses.
Por Rainer Sousa
Mestre em História