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É sabido que, nos séculos XVI e XVII, o continente europeu viveu um período de grandes tensões provocadas pelas guerras civis religiosas. Essas guerras desencadearam-se em virtude do uso político das Reformas Protestantes, que tiveram início em 1517 com as 95 teses de Lutero, contra a Igreja Católica. Nações como Alemanha, Holanda, Suíça, França e Inglaterra foram as primeiras a aderirem ao protestantismo. O caso inglês foi bem peculiar porque, além da penetração das ideias calvinistas, a reforma religiosa foi operada pela própria Coroa, na pessoa de Henrique VIII, que criou o anglicanismo.
Os chamados pilgrims fathers, isto é, “pais peregrinos”, foram os primeiros ingleses protestantes a emigrarem para a América do Norte e lá fundarem as primeiras colônias, que, a posteriori, deram origem aos Estados Unidos da América. Esses imigrantes partilhavam da fé puritana (resultante do calvinismo que se desenvolveu na Inglaterra) e, assim como os católicos ingleses, eram perseguidos, no século XVII, pela monarquia absolutista anglicana. Essas perseguições acabaram por levá-los a sair dos domínios britânicos. O navio utilizado para a viagem dos peregrinos chamava-se Mayflower (“Flor de maio”). Ao todo, o navio transportou cerca de 102 passageiros e 25 tripulantes.
O Mayflower zarpou da Inglaterra em 6 de setembro de 1620 e seguiu por oitenta dias pelo Oceano Atlântico até aportar na baía do Cabo Cod, que se encontra no atual estado de Massachusetts. O navio permaneceu ancorado nessa baía ao longo de mais dois meses, aguardando o inverno passar. Durante esse tempo, muitas doenças acometeram os passageiros. Dos 102 que estavam à bordo, 53 sobreviveram. Seus líderes eram John Robinson, William Brewster e William Bradfort.
Foi ainda a bordo do navio que os imigrantes elaboraram o chamado “Mayflower Compact”, assinado por 41 homens. Esse documento traçava regras a serem seguidas quando finalmente estivessem em terra firme, assentados na colônia. Quando o inverno passou, os sobreviventes do Mayflower aportaram na região hoje conhecida como Plymouth e lá fundaram uma cidade, que subsiste até hoje. No ano seguinte, durante o inverno, os imigrantes já assentados como colonos decidiram comemorar sua sobrevivência e chegada no “novo mundo”. Essa comemoração deu início àquilo que hoje é conhecido como dia de ação de graças, que é comemorado em toda quarta quinta-feira de novembro, como afirma o historiador Leandro Karnal:
No início do inverno seguinte, em 1621, os sobreviventes decidiram comemorar uma festa de Ação de Graças (Thanksgiving). Os colonos utilizaram sua primeira colheita de milho, já que a plantação de trigo europeu tinha falhado, e convidaram para a festa o chefe Massasoit, da tribo Wampanoag, que os havia auxiliado desde a sua chegada. O cardápio foi reforçado com uma ave nativa, o peru, e tortas de abóbora. Desde então, os norte-americanos repetem, no mês de novembro, a festa de Ação de Graças, reforçando a ideia de que eles querem ter os “pais peregrinos” de Massachusetts como modelo de fundação. [1]
NOTAS
[1] KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação: São Paulo: Contexto, 2007. p. 38.
Por Me. Cláudio Fernandes