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Até 1914, a estrutura dos grandes impérios da Europa, da Ásia Menor e do Oriente Médio possuía uma configuração bem acentuada. O Império Turco-Otomano era um dos mais longevos e mais extensos da época. Em 1914, como é sabido, estourou a Primeira Guerra Mundial, que, sendo tão catastrófica e tão impactante, ao seu término, em 1918, acabou por mudar a geografia não apenas da Europa, mas também de outras regiões do mundo. Vários processos de disputa territorial, revoluções políticas e luta por independência afloraram nesse período. A Guerra Greco-Turca é um exemplo.
Ao longo da Primeira Guerra, o Império Turco-Otomano desgastou-se bastante, esfacelando-se a partir de 1919. Nesse ínterim, nasceram disputas internas entre os muçulmanos, que pretendiam fundar governos independentes. Um dos movimentos era o Movimento Nacional Turco, que fundou a República da Turquia. O problema é que os ingleses derrotaram os turcos durante a guerra com a ajuda dos, entre outros aliados, gregos e a estes prometeram terras que antes pertenciam aos turcos, como a Trácia Oriental e a Anatólia. Entretanto, essas terras foram revindicadas pelos revolucionários do Movimento Nacional Turco.
Dessa forma, os revolucionários turcos e os gregos iniciaram um conflito que tinha como motivação principal o domínio sobre o espólio territorial deixado pelo Império Turco-Otomano. As campanhas dos revolucionários turcos assolaram progressivamente a organização militar grega, mas também acabaram por minar exércitos aliados, como o dos armênios e dos franceses, que também se envolveram na guerra.
Ao fim da guerra, os gregos, franceses, ingleses e armênios foram obrigados a reconhecer a independência da República da Turquia, recém-nascida, e a soberania dela sobre as regiões da Trácia Oriental e da Anatólia. Esse reconhecimento ficou selado no Tratado de Lausane, assinado em 24 de junho de 1923, que não apenas delimitava as novas fronteiras da República da Turquia, mas também negociava com os países acordantes o domínio sobre outros territórios antes pertencentes ao vasto Império Turco-Otomano.
Por Me. Cláudio Fernandes