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Como muitos sabem, o século XX esteve fortemente marcado pelo desenvolvimento das tecnologias voltadas para a guerra. Em questão de décadas, a capacidade de destruição, a precisão e o alcance das armas atingiram patamares extraordinários. Na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) destacamos o recorrente uso das metralhadoras fixas em tripés. Apesar de deflagrar uma grande quantidade de tiros, essa arma logo acabou ficando ultrapassada.
Na verdade, o reforço e o invento de outras armas mostravam que a adoção de uma posição fixa no campo de batalha, exigida pelas primeiras metralhadoras, incorria em sérios riscos. Dessa forma, inventores e projetistas dedicaram-se ao desenvolvimento de rifles de assalto que tivessem o mesmo poder de destruição das metralhadoras, mas que deixassem os soldados livres para combaterem em diferentes posições.
Já na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), os alemães lançaram uso da Sturmgewehr 44, dada como primeira espingarda de assalto do mundo. Logo após o fim do conflito, Josef Stálin, líder da União Soviética, promoveu um concurso onde requeria o desenvolvimento de uma arma semelhante e que seria utilizada por todas as nações do bloco socialista. Foi então que o ex-combatente Mikhail Kalashnikov, que se recuperava em um hospital, venceu o concurso ao desenvolver a AK-47.
O grande sucesso da arma se deu por conta de duas características fundamentais: simplicidade e durabilidade. O processo de montagem da arma é tão simples como qualquer outro jogo de encaixe para crianças. Além disso, ela tem a capacidade de preservar seu bom desempenho nas mais variadas situações de conflito. A grande prova desse sucesso aparece em estimativas que dizem que a “Avtomat Kalashnikov-1947” (nome completo da arma) figurou cerca de 90% das guerras do século XX.
Após a desarticulação do bloco soviético, observamos que a AK-47 proliferou-se entre as guerras civis que assolavam o continente africano. Em alguns casos, o uso indiscriminado chegou a fazer com que essa potente arma, valesse algo em torno de vinte dólares no mercado africano. Alguns anos mais tarde, essa mesma arma ganhou prestígio entre os grupos terroristas islâmicos e dos vários cartéis envolvidos com o tráfico de drogas.
Tendo apenas 87 centímetros de comprimento e pesando menos de quatro quilos, essa arma ainda possuía um carregador com trinta cartuchos. Quando posta em uso, a arma oferece um desempenho que pode deixar qualquer pessoa impressionada. Estando em boas condições, ela pode deferir seiscentos tiros a cada minuto, sendo que cada um deles atingem uma velocidade de 2574 quilômetros por hora. Isso sem contar na precisão do tiro, que pode variar entre 800 metros a um quilômetro de distância.
Por volta de sessenta anos, a empresa russa Izhmash deteve os direitos de fabricação exclusiva da AK-47. No ano de 2009, por conta de uma série de contratempos, a empresa foi obrigada a pedir falência. Apesar disso, ainda existe um intenso mercado de vendas para o armamento, que é alimentado pela fabricação de versões piratas. Entre essas versões alternativas, ficou conhecido um modelo todo banhado a ouro, o qual pertencia à coleção particular do falecido ditador Saddam Hussein.
Por Rainer Sousa
Graduado em História