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Que a Língua Portuguesa é dinâmica todos concordam. Observa-se tal afirmação no fato de que as relações como um todo são demarcadas pela evolução dos fatos. Fazendo parte delas, estão as circunstâncias comunicativas das quais fazemos uso. Mas de uma coisa ninguém discorda: ao mesmo tempo em que tal evolução se perpetua, continuamos sendo regidos por um sistema que norteia essa mesma língua – no caso, o padrão formal da linguagem. Assim, por mais que criações lexicais tendam a se entremear, enquanto não se encontrarem dicionarizadas, não farão parte do padrão da língua.
Tal explanação serviu-nos para citar o fato de que determinadas expressões fazem parte de nossas comunicações cotidianas e, por vezes, até se tornam cristalizadas, embora não condigam com a norma padrão, configurando-se, assim, como aqueles inevitáveis desvios linguísticos. Uma delas? “Vítima fatal”, por exemplo.
Por certo já dissemos ou ouvimos de alguém que “naquele acidente houve vítimas fatais”.
A bem da verdade, temos de considerar que o acidente é que foi fatal, não as vítimas. Dessa forma, o discurso precisa urgentemente ser reformulado, de modo a se adequar às características semânticas apropriadas, ora manifestando-se da seguinte forma:
Aquele acidente foi fatal, haja vista que houve vítimas.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras