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Aprendemos na escola que o adjetivo é a classe de palavras que tem como função qualificar o sujeito. É uma explicação simples e objetiva, mas que não explica a complexidade desse elemento gramatical. O adjetivo não apenas qualifica o sujeito, como também delimita um substantivo, atribuindo a ele qualidades ou defeitos, podendo indicar também seu aspecto ou estado. Por estar entre as seis classes gramaticais que podem sofrer variação, o adjetivo flexiona-se, portanto, em gênero, número e grau. Esse último será nosso objeto de estudo.
A variação no grau do adjetivo ocorre quando há a necessidade de se comparar ou intensificar as características atribuídas a um substantivo. São dois os graus do adjetivo: o comparativo e o superlativo. O grau superlativo absoluto pode ser analítico ou sintético. O grau superlativo analítico é formado a partir da anteposição de palavras como muito, extraordinariamente e extremamente, sendo assim, mais fácil de ser construído. Já o grau superlativo absoluto sintético demanda mais cuidados e atenção. Atribuem mais expressividade ao adjetivo, por denotarem mais ênfase à qualidade ou ao defeito relacionado com o substantivo. Observe alguns exemplos:
"Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela
estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...”
“A vocação é tudo. O estado eclesiástico é perfeitíssimo, contanto que o
sacerdote venha já destinado do berço.”
“Oh! as leis são belíssimas!”
“José Dias soergueu-se e olhou para fora; após alguns instantes, deixou cair a cabeça, murmurando: Lindíssimo!”
“Não a conheceram; se a conhecessem mandariam esculpir santíssima.”
Machado de Assis é considerado o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa
Os exemplos que você acabou de ler foram extraídos do livro Dom Casmurro. Na obra-prima de Machado de Assis, há uma personagem, José Dias, que, segundo as próprias palavras do narrador, Bentinho, amava os superlativos. Para José Dias, usar o superlativo “era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia prolongar as frases”. (Machado de Assis, em Dom Casmurro). Percebeu como o emprego do grau superlativo absoluto sintético conferiu maior expressividade às falas do personagem? Porém, muitas vezes, ele é empregado erradamente. Para que você elimine de vez as dúvidas, a seguir uma tabela com a formação do grau superlativo absoluto sintético de alguns adjetivos. Fique atento às regras e esteja à vontade com os superlativos. Bons estudos!
Adjetivos terminados em -a, -e, -o: |
cuidadosa – cuidadosíssima amante – amantíssimo cauteloso – cautelosíssimo |
Terminados em – vel, apresentarão final -bil: Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) |
legível – legibilíssimo amável – amabilíssimo |
Terminados em -m e -aõ, passam para -n e -an: |
jovem - juvenilíssimo cristão - cristianíssimo |
Terminados em -z, receberão consoante -c: |
feliz – felicíssimo atroz – atrocíssimo |
Terminados em -u, -l (exceto -vel) e -r: |
mau – malíssimo frágil – fragílimo regular – regularíssimo |
Terminados em -io, a vogal -o sofre queda para receber o sufixo: |
cheio – cheiíssimo frio – friíssimo |
Superlativos presos às formas latinas: |
cruel – crudelíssimo doce – dulcíssimo humilde – humílimo pobre – paupérrimo |
Formas latinas quando acrescidas da terminação -íssimo: |
cruel – cruelíssimo antigo – antiguíssimo doce – docíssimo humilde – humilíssimo pobre – pobríssimo |
Por Luana Castro
Graduada em Letras