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Eudaimonia

Eudaimonia é um conceito grego que ultrapassa a simples ideia de “felicidade” e representa um estado de realização plena.

Imagem explicando o que é eudaimonia.
Eudaimonia é um conceito filosófico de origem grega.
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A eudaimonia é um conceito grego que ultrapassa a simples ideia de “felicidade”e  representa um estado de realização plena que se atinge pela excelência e pela prática da virtude em consonância com a razão. Para Aristóteles, esse é o bem supremo da existência humana, alcançado pelo equilíbrio entre virtudes morais e intelectuais, permitindo ao indivíduo uma autossatisfação duradoura. Já Sócrates acredita que a eudaimonia se encontra no autoconhecimento e na busca pela virtude, onde a verdadeira felicidade reside no aprimoramento da alma e no domínio das paixões.

Leia também: Afinal, o que é a filosofia?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre eudaimonia

  • A eudaimonia é um conceito grego que vai além da ideia de "felicidade".
  • Para Aristóteles, a eudaimonia é o bem supremo da vida humana, alcançada pela prática de virtudes morais e intelectuais, que harmonizam a razão e a parte irracional da alma, permitindo ao ser humano atingir a verdadeira excelência e autossatisfação.
  • Sócrates defende que a eudaimonia depende do autoconhecimento e da virtude, pois a verdadeira felicidade não se encontra em bens materiais, mas sim no aprimoramento da alma e na busca constante pelo bem, alcançado por meio do autodomínio e da sabedoria.
  • Ao contrário do hedonismo, que valoriza o prazer como fim último, a eudaimonia envolve um estado de realização duradouro, que se atinge com a prática da virtude e da razão, levando o ser humano a uma vida plena e significativa, além do prazer imediato.
  • O eudemonismo considera a eudaimonia como objetivo final da vida humana, enfatizando que a felicidade genuína se alcança pela excelência e pelo cumprimento das potencialidades da natureza humana, superando prazeres efêmeros e promovendo uma vida harmoniosa e virtuosa.

O que é eudaimonia?

Ilustração representativa da discussão do conceito “eudaimonia”.
A eudaimonia é um conceito filosófico discutido por vários pensadores.

Eudaimonia é um conceito filosófico de origem grega que transcende a tradução simplista de "felicidade" ou "bem-estar", representando um estado de realização plena que se atinge pela excelência e pela prática da virtude em consonância com a razão. Essa concepção diverge da ideia de felicidade baseada apenas no prazer, pois ela envolve uma jornada de desenvolvimento pessoal e aprimoramento das virtudes.

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Aristóteles e a eudaimonia

Escultura do filósofo grego Aristóteles, para quem a eudaimonia é a expressão máxima da natureza humana.
Escultura do filósofo grego Aristóteles.

Para Aristóteles, a eudaimonia é a expressão máxima da natureza humana, alcançada através de uma vida virtuosa. Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles explica que todos os seres humanos buscam um bem supremo que dá propósito às ações, e esse bem é a eudaimonia. Ele afirma que "o bem para o homem consiste numa atividade da alma conforme a virtude"​.

Aristóteles concebe a alma como dividida entre uma parte racional e uma irracional; a virtude, nesse contexto, refere-se à excelência em cada uma dessas partes. Assim, as virtudes morais, como a coragem e a temperança, dizem respeito à conformidade da parte irracional com a razão, enquanto as virtudes intelectuais, como a sabedoria, relacionam-se com o desenvolvimento do raciocínio e da compreensão.

Em sua filosofia, Aristóteles diferencia dois tipos de virtudes: as morais, que são formadas pelo hábito e pela prática, e as intelectuais, desenvolvidas pela instrução. A virtude moral, segundo ele, é um meio termo entre dois extremos e deve ser guiada pela "phronesis" (prudência), uma forma de sabedoria prática que auxilia o indivíduo a tomar decisões equilibradas.

Na visão aristotélica, o estado de eudaimonia é alcançado quando o ser humano pratica a excelência em ambas as virtudes, harmonizando-se com a própria natureza.

Sócrates e a eudaimonia

Escultura do filósofo grego Sócrates, para quem a eudaimonia está intimamente ligada ao autoconhecimento e à virtude.
Escultura do filósofo grego Sócrates. [1]

Para Sócrates, a eudaimonia está intimamente ligada ao autoconhecimento e à virtude. Ele argumenta que a verdadeira felicidade não pode ser alcançada por meio de bens externos, como riqueza ou poder, mas somente através do aprimoramento da alma. Sócrates defendia que a virtude é o único caminho para a eudaimonia e que "o homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade”. Em sua filosofia, ele valoriza o autodomínio e a autonomia como elementos fundamentais para a realização da eudaimonia, enfatizando que o homem livre é aquele que domina suas paixões e desejos e age em conformidade com o bem.

A ideia socrática de eudaimonia é também marcada pela rejeição do vício e pela afirmação de que "ninguém peca voluntariamente". Em sua visão, todos os atos errôneos são frutos da ignorância, e, portanto, o conhecimento e a compreensão do bem são essenciais para uma vida virtuosa​. Sócrates equipara a virtude ao conhecimento, sustentando que a sabedoria, ao possibilitar o entendimento das virtudes e do que é correto, conduz à felicidade.

Eudaimonia x hedonismo

Enquanto a eudaimonia é entendida como um estado de realização que envolve a prática contínua das virtudes e o desenvolvimento da razão, o hedonismo defende que o prazer é o principal objetivo da vida. O hedonismo, associado a pensadores como Aristipo de Cirene, argumenta que a felicidade é equivalente à maximização dos prazeres e à minimização das dores. No entanto, para os defensores da eudaimonia, o prazer, embora possa ser um componente da vida boa, não é suficiente por si só para alcançar a verdadeira realização​.

Aristóteles e outros filósofos gregos, como Sócrates, apontam que uma vida focada apenas no prazer pode levar à degradação do caráter, enquanto a eudaimonia promove uma existência mais rica e significativa. A eudaimonia, nesse contexto, é uma forma de felicidade superior, pois está enraizada no exercício da razão e no cultivo das virtudes, valores que transcendem o prazer efêmero e se orientam para o desenvolvimento contínuo da pessoa​.

Para saber mais detalhes sobre o hedonismo, clique aqui.

Eudaimonia e eudemonismo

O eudemonismo é uma doutrina ética que considera a eudaimonia como o objetivo final da vida humana. Essa perspectiva é adotada por filósofos como Aristóteles, que identificam a realização do potencial humano como a fonte da verdadeira felicidade. Para o eudemonismo, a felicidade não é alcançada através de prazeres materiais ou impulsos passageiros, mas pela dedicação à excelência e ao cumprimento das finalidades que a natureza humana impõe​.

Além disso, o eudemonismo estabelece uma visão de mundo onde a busca pela virtude é essencial para a vida bem-sucedida. Ele contrasta com o hedonismo, destacando que o verdadeiro bem-estar só pode ser conquistado pela harmonia entre razão e virtude, e não pela simples busca de satisfação sensorial. A felicidade, então, é vista como um processo de autossuperação, que exige disciplina, reflexão e um compromisso constante com o aprimoramento moral e intelectual, permitindo que o indivíduo viva de acordo com sua verdadeira natureza.

Acesse também: O que é o estoicismo?

Exercícios resolvidos sobre eudaimonia

Questão 1

O conceito de eudaimonia, essencial na filosofia grega, transcende a ideia de felicidade comum, conectando-se a uma vida em plena realização. Com base no conceito de eudaimonia, qual das opções reflete melhor a visão de felicidade duradoura defendida por Aristóteles?

A) A eudaimonia se fundamenta na busca por prazeres imediatos e sensoriais, sendo plenamente atingida com a satisfação de desejos.

B) Para Aristóteles, a eudaimonia está na prática de uma vida sem excessos, voltada ao autoconhecimento e ao domínio das paixões pela alma.

C) A eudaimonia se define pela autossatisfação que os bens materiais e as conquistas exteriores trazem ao homem.

D) A felicidade plena para Aristóteles está na atividade racional da alma conforme a virtude, alcançada pela prática de um equilíbrio moral e intelectual.

E) Aristóteles acredita que a eudaimonia se relaciona diretamente ao prazer físico, como o meio mais rápido de atingir uma vida plena e satisfeita.

Resolução:

Alternativa D.

Aristóteles define a eudaimonia como a realização de uma vida que está em conformidade com a razão e a virtude, em que o equilíbrio entre as virtudes morais e intelectuais leva o homem ao seu bem supremo, uma felicidade duradoura e autossuficiente, que não depende de prazeres sensoriais ou conquistas externas.

Questão 2

O termo eudaimonia, desenvolvido na filosofia grega, tem significados que se estendem além da mera felicidade, sendo associado ao conceito de “florescimento” e ao bem-estar completo. Diante da comparação entre eudaimonia e hedonismo, qual das afirmações reflete corretamente a diferença entre essas duas abordagens da felicidade?

A) O hedonismo e a eudaimonia se assemelham na medida em que ambos consideram a felicidade como o resultado do prazer imediato.

B) A eudaimonia envolve a busca pelo prazer como o objetivo final da existência, enquanto o hedonismo enfatiza o desenvolvimento das virtudes.

C) O hedonismo valoriza o prazer como fim último, enquanto a eudaimonia vê a felicidade como um estado de realização alcançado pelo exercício das virtudes e da razão.

D) A eudaimonia e o hedonismo diferem pois apenas o hedonismo defende a importância da excelência moral e intelectual na obtenção da felicidade.

E) Para ambas as filosofias, a felicidade plena é resultante de conquistas externas e de uma vida orientada para o sucesso material.

Resolução:

Alternativa C.

O hedonismo considera o prazer imediato como o principal meio para a felicidade, enquanto a eudaimonia é um conceito mais amplo que valoriza a prática das virtudes e o uso da razão como caminhos para uma realização duradoura e significativa, associada ao autodesenvolvimento e à harmonia moral.

Crédito de imagem

[1] C Messier / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

HOBUSS, João Francisco Nascimento. Introdução à história da filosofia antiga. Pelotas: NEPFIL online, 2014. 172 p. (Série Dissertatio-Filosofia).

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia antiga, v. 1. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2003.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Eudaimonia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/eudaimonia.htm. Acesso em 14 de dezembro de 2024.

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