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O uso cosmético de secreção de gastrópodes nos remonta à Idade Média, sendo esta utilizada para polimento e branqueamento da região da testa; e depilação, quando era associada à cal viva.
Entretanto, ao contrário do que parece, esta aplicação não é sinônimo de falta de tecnologia e, tampouco, de um comportamento antigo. Isso porque, na atualidade, farmacêuticos e dermatologistas conseguem comprovar a eficácia deste produto oriundo de caramujos da espécie Cryptomphalus aspersa, sob condições de estresse.
Em situações como choque mecânico ou exposição a radiações, por exemplo, estes animais expelem uma secreção um pouco diferente da usual, com capacidade maior de proteger sua pele do trauma recebido. Rica em proteínas, enzimas, mucopolissacarídeos, polissacarídeos, glicoproteínas e sais minerais (cálcio e ferro), tal substância possui grande capacidade umectante, antioxidante e regeneradora; e já está patenteada, para uso dermatológico.
A descoberta desse fato ocorreu na década de sessenta, quando um pesquisador espanhol denominado Abad Iglesias submeteu estes animais a radiações do cobalto-60 e percebeu que as queimaduras oriundas da exposição radioativa se regeneravam de forma bastante rápida. Sem financiamento, ficou em situação de quase anonimato por vários anos, até ser solicitada a sua ajuda para a utilização de sua descoberta no tratamento de vítimas do acidente de Chernobyl, com bastante eficácia.
Atualmente existe um arsenal de produtos à base do extrato de caramujo - ou “baba de lesma”, em um Português mais simples. Estes são capazes de tratar rugas, cicatrizes, queloides, manchas de sol, manchas senis, acnes, verrugas, estrias, assaduras, picadas de insetos, queimaduras, ressecamento, dentre outros; estimulando a produção de colágeno e elastina sem provocar a descamação cutânea, tal como o ácido retinoico.
Ainda sobre secreção de caramujos...
Em estudo divulgado pelo Instituto Politécnico Nacional, no México, a secreção de outra espécie de caramujo, o Helix hortensis, é eficaz no tratamento de celulite.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia