Dia das mulheres na ciência: conheça histórias, desafios e dados

No dia das mulheres na ciência, conheça mais de perto a realidade que elas enfrentam.

Em 11/02/2025 07h46 , atualizado em 11/02/2025 14h39
Mulher trabalha em laboratório. Texto na imagem: 11 de fevereiro - Dia das mulheres na ciência
O dia das mulheres na ciência existe desde 2015. Crédito da Imagem: Shutterstock
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“Conquista” essa é a palavra para a história das mulheres na ciência. Conquista de espaços, conquista de reconhecimento, conquista do respeito, tantas vitórias alcançadas e outras tantas ainda necessárias.

Pensando em compreender melhor o que as mulheres enfrentam e o que elas têm a contribuir com o mundo da ciência, conversamos com três personagens que viveram diferentes trajetórias dentro deste meio e conquistaram seus espaços.

Entrevista com mulheres na ciência

Compartilharam conosco suas histórias, Anna Fortunato, Caroline Ruiz e Priscila Fernandes. Anna é diretora de marketing eP&D, formada em engenharia química; Caroline é formada em química e atua como analista técnico químico; já Priscila tem curso técnico em química, está fazendo graduação de química e trabalha como técnica de laboratório. Todas são funcionárias no grupo OCQ.

Assista à entrevista completa:

Dados das mulheres na ciência

O número de mulheres na ciência tem crescido com o passar dos anos, por exemplo, em 2023, as mulheres representavam 43,7% das pesquisadoras do Brasil. Entre 2004 e 2024, o índice de produções científicas assinadas por mulheres aumentou em 11%.

Entretanto, esse crescimento encontra barreiras para acessar cargos de chefia e/ou reconhecimento profissional e financeiro, mesmo com o aumento da produção feminina nas duas últimas décadas, as patentes assinadas por mulheres, sequer passou de 6% nos últimos 15 anos.

Outra estatística que demonstra a necessidade de reflexão é que, em 2021, apenas 2% dos cargos de liderança em Ciência e Tecnologia eram ocupados por mulheres. Ainda há os desafios que elas enfrentam dificilmente captados por pesquisas e números, como o medo de não ser aceita, os assédios, o preconceito, despreparo de professores e líderes masculinos, entre tantos outros.

Desafios que as mulheres enfrentam na Ciência

Caroline nos conta que, por volta dos seus 18 anos, ela começou a atuar em fábricas e lidava com comentários e receios que a menosprezavam. Entretanto, afirma que hoje em dia, a quantidade de mulheres trabalhando em fábricas aumentou, o que alivia um pouco a situação. 

Priscila comenta sobre este aumento da presença feminina atualmente, ela diz que a maioria da sua turma, no curso técnico, era composta por mulheres. Mas ainda assim, ela disse ter lidado com o medo de não ter sucesso na carreira, de ser sub-remunerada, de ser desrespeitada. Felizmente, a jovem afirma que deu sorte e, logo no começo de sua vida profissional, teve líderes mulheres.

Anna compartilha que sentiu muita diferença na graduação, pois, na engenharia química há muitas mulheres, mas compartilham muitas matérias com outras engenharias, que tem a maioria dos alunos homens. A diretora conta alguns comentários que ouviu de professores de outras engenharias: 

"Todas as matérias que eu fazia do ciclo básico de engenharia, a gente ouvia muitos absurdos de outros professores. Na aula de mecênica, eu ouvi que nasci com uma dificuldade natural, por ser mulher, então eu nunca ia entender mecânica. Na aula de computação, que eu deveria levantar e deixar o meu amigo programar, eu deveria assisti-lo programar.

Professor que dizia: "Ah, eu tô vindo substituir, mas odeio dar aula para engenharia química por que só tem mulher aqu
i".

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Mas Anna diz que as dificuldades lhe deram força para crescer e Caroline complementa que é satisfatório tornar-se uma agente de mudança. Anna diz que, na época, os comentários doíam muito, mas aprendeu a lidar, se alegra de ter insistido e se tornado exemplo para outras. 

Representatividade feminina na ciência

Sobre representatividade, Priscila comentou de suas professoras que a ajudaram e Carline comentou de líderes que encontrou pelo caminho e a ajudaram. Anna diz que só teve líderes homens e que sentiu falta de uma inspiração feminina, mas que agora se esforça para ser a líder que não teve.

Priscila afirmou:

"Ter uma liderança mulher faz a diferença, sim. Eu recebei conselhos que fizeram a diferença no meu dia a dia, me anteciparam para muitas coisas que viriam."

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Dicas para meninas que querem entrar para a ciência

Para meninas que pensam em entrar para a ciência, Caroline disse:

"Você pode não se encontrar no primeiro laboratório, no primeiro ensaio, mas existem muitas áreas. Desde a parte de cosméticos, que muitas mulheres se interessam até áreas industriais que são sensacionais também, as áreas de biotecnologia.

Se você tem facilidade com números, se você se sente intrigada como as coisas funciona, hoje, apesar das dificuldades, a gente tem mais abertura no mercado do que 20 anos atrás. Vocês conseguem!"

Priscila também disse:

"Não desistir, não ouvir o que pessoas externas falam. Embora na história não tenha tantas mulheres que apareçam, hoje a gente já tem mulheres em vários lugares, na ciência mesmo.  O prêmio nobel de 2022 foi duas mulheres que ganharam, é maravilhoso.

Então, a gente já tem espaço. Não desistir mesmo, não ouvir essa coisa que não é lugar de menina, por não aguentar tantas cargas pesadas... Isso é balela, não é para ouvir isso, é para acreditar em si!"

Anna concluiu:

"Entender que uma mulher estar presente nesse meio é um agente de mudança, eu acho que é válido. Você se coloca como protagonista da história, quando você é o agente de mudança. A gente tá tendo a oportunidade de ser isso agora."

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Por Tiago Vechi

Jornalista