Na terceira entrevista da nossa série sobre o Dia da Consciência Negra, conversamos com Cleiton Gonçalves e ouvimos suas opiniões
Em 23/11/2023 08h35
, atualizado em 23/11/2023 10h29
Ouça o texto abaixo!
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O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, suscita muitos debates na sociedade. Já conversamos com Fernanda Sousa e com Benedito Cerezzo acerca das suas visões sobre o tema.
Na nossa terceira e última entrevista temática do Dia da Consciência Negra, conversamos com Cleiton Gonçalves, dono da Somos Mais DF, empresa voltada para produção de arte afro-centrada. Veja o que descobrimos!
Importância do Dia da Consciência Negra
Questionamos ao Cleiton qual a sua opinião sobre o Dia da Consciência Negra. Ele respondeu que mesmo compreendendo a história da data, ele não reconhece a importância de celebrar e relembrar a negritude em um só dia, pois, segundo ele, as lutas da população negra, no Brasil, vão além disso.
Cleiton diz que quando reflete sobre a história do povo negro no Brasil, o sentimento que ele tem é de revolta. Muitos números explicam a revolta sentida por ele: no Brasil, as mulheres negras são 68% das vítimas de assassinato (entre mulheres), a taxa de mortalidade infantil entre negras é o dobro da registrada entre brancas, os negros são 2/3 da população carcerária no país, entre tantos outros fatos estarrecedores.
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Negritude e arte, como se relacionam?
Perguntamos ao Cleiton como ser um homem negro influencia na arte que ele produz. Ele começou explicando sobre o preconceito das pessoas por conta de ele ser um homem preto vendendo arte preta.
Cleiton disse que é possível perceber explicitamente o olhar de julgamento, em algumas situações. A solução que ele encontrou foi participar de feiras e eventos destinados ao seu público para encontrar acolhimento e aceitação.
Arte negra: passado e futuro
Trabalhar com artes visuais sendo uma pessoa negra ainda é um caminho com muitos obstáculos. Mesmo que a participação desta população seja muito marcante na história das artes visuais brasileiras, com nomes como Aleijadinho, mestre Valentim e o Cabra, ocupando seus espaços desde os séculos XVI e XVII.
Outro exemplo desta luta é Arthur Timótheo da Costa, um exímio pintor do século XX ainda desconhecido pelo senso comum. Mas, que em sua época alcançou grandes conquistas com suas produções artísticas, mesmo sendo de origem humilde. Uma de suas obras de maior destaque é o quadro "O menino" de 1917, veja:
Então, são séculos de produção artística realizadas por mãos negras brasileiras. Com o passar do tempo, cada vez mais espaço foi sendo conquistado por essa população.
Perguntamos ao Cleiton sobre seus conselhos para os jovens negros e negras que queiram viver da arte ele respondeu fazendo referência aos avanços que a Consciência Negra tem tido, ele disse:
Hoje vejo a aceitação mais fácil para os jovem serem inclusos, a galera tem se reconhecido e se aceitado como negros, cada vez mais cedo, isso contribui muito na inclusão.