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Nos tempos da República Oligárquica, o governo federal se transformara em um joguete político diretamente controlado pelas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Contudo, mesmo tendo tamanha influência, os grupos participantes do chamado “café-com-leite” nem sempre estavam de acordo com relação aos nomes que deveriam compor a sucessão ao cargo presidencial. Em 1910, mineiros e paulistas entraram em desavença sobre o nome que deveria ocupar o posto máximo da República.
Já em 1908, o então presidente Afonso Pena manifestava seu interesse, já com o respaldo dos paulistas, em apoiar a candidatura de João Pinheiro, governador de Minas Gerais. Contudo, o falecimento do governante mineiro abriu caminho para que o presidente manifestasse apoio à candidatura de Davi Campista, seu ministro da Fazenda. Apesar do apoio de Afonso Pena, o ministro Davi não era igualmente prestigiado entre as lideranças mineiras.
Em junho de 1909, a morte do presidente Afonso Pena e a ascensão do vice-presidente Nilo Peçanha deram outra dinâmica à disputa eleitoral da época. Como presidente, Nilo Peçanha manifestou seu claro apoio ao candidato militar Hermes da Fonseca. Apesar de não ter origem oligárquica, marechal Hermes já vinha articulando seu nome junto aos membros do Partido Republicano Mineiro. Contrários a essa ideia, os paulistas procuraram um nome para fazer oposição ao “temível” governo de um militar.
Nesse instante, os oligarcas paulistas sacaram o intelectual baiano Rui Barbosa enquanto uma alternativa à candidatura militar. A intenção primordial era atrair o apoio das oligarquias nordestinas e dos eleitores dos centros urbanos. Começava, dessa forma, a chamada “Campanha Civilista”. Do ponto de vista prático, os oligarcas de São Paulo procuravam oferecer um nome que fugisse à lembrança dos autoritarismos e problemas que marcaram os anos da República da Espada.
Pela primeira vez, um candidato a presidente do país correu vários estados da federação em campanha. Nesse aspecto, a candidatura de Rui Barbosa combinava aspectos dúbios ao nascer do apoio dos poderosos fazendeiros paulistas e, ao mesmo tempo, buscar o apoio dos eleitores urbanos com o oferecimento de discursos voltados para a modernização econômica da nação.
Apesar dos esforços, as antigas artimanhas eleitorais dos coronéis favoreceram a vitória de Hermes da Fonseca. De fato, a competição ao posto presidencial não foi apenas importante para se demarcar um abalo nos laços políticos que sustentavam a oligarquia. Também devemos notar que a movimentação causada pela candidatura de Rui Barbosa apontava que novos grupos de origem urbana se consolidavam no quadro político nacional.
Por Rainer Sousa
Graduado em História