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Gestrinona é um hormônio sintético derivado da 19-nortestosterona que tem sido utilizado por cada vez mais pessoas com a finalidade de aumentar massa muscular, reduzir a gordura corporal e aumentar a disposição. Esse hormônio possui propriedades androgênicas, antiestrogênicas e antiprogestogênicas e inibe a liberação de gonadotrofinas pela hipófise.
Conhecido por seu uso no tratamento da endometriose, voltou a ser destaque por ser o componente do chamado “chip da beleza”, um tipo de implante hormonal. Apesar dos benefícios prometidos com o uso do implante, devemos alertar a respeito de alguns efeitos colaterais, como surgimento de acne, aumento da oleosidade de pele e cabelos, ganho de peso, edema e engrossamento da voz. É importante salientar ainda que o uso do “chip da beleza” tem sido visto com preocupação pela comunidade médica, sendo um procedimento não recomendado.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a gestrinona
- 2 - O que é gestrinona?
- 3 - Para que a gestrinona é utilizada?
- 4 - Efeitos colaterais provocados pela gestrinona
Resumo sobre a gestrinona
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A gestrinona é um hormônio esteroide progestágeno sintético derivado da 19-nortestosterona.
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A gestrinona possui propriedades androgênicas, antiprogestogênicas e antiestrogênicas, além de inibir a liberação de gonadotrofinas pela hipófise.
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O uso do hormônio sintético gestrinona na forma de implante subcutâneo é conhecido como “chip da beleza”.
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O “chip da beleza” promete, entre outros benefícios, a redução da gordura corporal e aumento da massa muscular, entretanto pode provocar efeitos colaterais.
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Aumento de acne e oleosidade da pele e cabelos, bem como ganho de peso, engrossamento da voz e hipertrofia do clitóris são algumas reações indesejadas que podem surgir com o uso de gestrinona.
O que é gestrinona?
A gestrinona trata-se de um hormônio esteroide progestágeno sintético derivado da 19-nortestosterona que tem sido amplamente utilizado para fins estéticos na atualidade. Esse hormônio apresenta propriedades:
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androgênicas (relacionadas com o desenvolvimento de características masculinas);
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antiprogestogênicas (reduzem o efeito da progesterona no organismo);
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antiestrogênicas (reduzem os efeitos estrogênicos no corpo).
Além disso, inibe-se a liberação de gonadotrofinas (hormônio folículo-estimulante e hormônio luteinizante) pela hipófise. A gestrinona destaca-se ainda por ser uma substância com ação anabolizante.
Para que a gestrinona é utilizada?
A gestrinona apresenta uso aprovado em alguns países para o tratamento da chamada endometriose, um problema de saúde que se caracteriza pela presença e crescimento do endométrio (tecido que reveste internamente o útero) em regiões fora da cavidade uterina. Começou a ser estudada para tal finalidade no final dos anos 70, sendo a administração, nesse caso, por via oral.
Recentemente, o uso por meio de implantes hormonais de gestrinona tem aumentado, e, de acordo com a Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Febrasgo e Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva, não há na literatura médica trabalho científico de relevância que avaliou a eficácia dos implantes hormonais de gestrinona no tratamento da endometriose.
Amplamente difundida entre celebridades e influenciadoras, a gestrinona tem sido apontada como importante aliada na redução da gordura corporal, melhoria na disposição e aumento da massa muscular. O uso estético, no entanto, gera preocupação entre a comunidade médica.
Em novembro de 2021, por exemplo, o Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade (Defat) e a Diretoria Nacional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) emitiram um posicionamento sobre o uso (e abuso) de implantes de gestrinona no Brasil em que essa preocupação foi destacada. Veja trecho do documento a seguir:
“A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) vem a público informar que também não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de endometriose, rechaça veementemente o seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico e conclama as autoridades regulatórias para incluir a gestrinona na lista C5 e aumentar a fiscalização do uso inadequado destes implantes hormonais no nosso país.”
Vale destacar ainda que, recentemente, o Conselho Federal de Medicina proibiu a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes, incluindo a gestrinona, para fins estéticos, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais.
A decisão, segundo o conselho, baseia-se no fato de não existir comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente. Vale salientar que a recomendação de hormônios para fins terapêuticos permanece sem alteração, como é o caso de mulheres na menopausa e homens com problemas na produção de testosterona.
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Chip da beleza
A gestrinona tem sido implantada sob a pele, no interior de pequenos tubos de silicone ou de material absorvível, em um procedimento que ficou conhecido como implantação do “chip da beleza”. O chip é, portanto, na realidade, de um implante hormonal, o qual promete aumentar o ganho de massa muscular e estimular a perda de gordura. Além disso, é vendido com a promessa de aumentar a libido e a energia. Vale salientar, no entanto, que a recomendação de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes para fins estéticos não é permitida pelo Conselho Federal de Medicina.
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Efeitos colaterais provocados pela gestrinona
Como salientado anteriormente, a gestrinona apresenta propriedades androgênicas, antiprogestogênicas e antiestrogênicas e inibe a liberação de gonadotrofinas pela hipófise. Essas propriedades, de acordo com o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná, podem resultar em “reações indesejadas, como:
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acne;
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oleosidade excessiva na pele e cabelos;
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hirsutismo (aumento de pelos) leve;
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edema;
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ganho de peso;
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engrossamento da voz;
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alopecia androgenética (calvície relacionada à presença de hormônios sexuais masculinos);
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raramente hipertrofia do clitóris.”
Além disso, o conselho salienta que a inibição da liberação de gonadotrofinas pode levar a:
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alterações menstruais e amenorreia;
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ondas de calor;
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sudorese (eliminação de suor);
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redução das mamas;
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mudanças na libido;
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ressecamento vaginal;
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nervosismo.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia