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Raúl Castro foi um revolucionário cubano que atuou pelo Movimento 26 de Julho, o movimento que tomou o poder de Cuba durante a Revolução Cubana, em 1959. Irmão de Fidel Castro, Raúl foi o número dois de Cuba por quase cinco décadas, acumulando cargos importantes no governo. Assumiu a presidência em 2008, em razão dos problemas de saúde de Fidel.
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Tópicos deste artigo
Primeiros anos
Raúl Modesto Castro Ruíz nasceu em Birán, em Cuba, no dia 3 de junho de 1931. Raúl, assim como seu irmão Fidel, nasceu e passou alguns anos de sua infância na fazenda de cana-de-açúcar que seu pai possuía. Ángel Maria Bautista Castro y Argiz era um espanhol que havia prosperado em Cuba como fazendeiro.
Raúl Castro nasceu do relacionamento de Ángel Castro com Lina Ruz González, uma cubana descendente de espanhóis que havia trabalhado como empregada doméstica na fazenda de Ángel. Do relacionamento de ambos nasceram sete filhos: Angelita, Ramón, Fidel, Juanita, Emma e Augustina. Ele foi o quarto filho do casal.
Raúl cresceu no mesmo ambiente em que Fidel Castro e, portanto, também gozou da boa condição financeira que a família possuía. Assim, teve acesso a uma boa educação, assim como Fidel, sendo enviado para Havana, onde estudou em um colégio jesuítico chamado Colégio Belen. Raúl também estudou Ciências Sociais na universidade.
Em ambos os casos, destaca-se o fato de que Raúl não era o melhor dos alunos, diferentemente de seu irmão, que era extremamente dedicado. Politicamente falando, Raúl possuía ideais mais revolucionários que seu irmão quando ambos eram jovens. Enquanto Fidel se vinculou ao Partido Ortodoxo, nacionalista e de centro-esquerda, Raúl filiou-se ao Partido Socialista Popular, de esquerda e marxista-leninista.
Papel na luta revolucionária
Raúl Castro desaprovava a ditadura de Fulgêncio Batista e isso o motivou a se engajar na luta revolucionária contra essa ditadura. Ele aderiu ao grupo revolucionário que estava sob a liderança de seu irmão e tomou parte no assalto ao Quartel Moncada, o acontecimento que deu início à luta dos irmãos Castro contra a ditadura de Batista.
Nesse ataque, Raúl Castro fez parte do grupo que foi enviado ao Palácio de Justiça para tomá-lo. Depois que toda a operação se mostrou fracassada, Raúl e seus companheiros decidiram fugir. Ele foi preso cerca de 72 horas depois do ataque. Levado a julgamento, sua sentença determinou que ele permanecesse preso por 13 anos. No entanto, ficou na prisão por 22 meses. Foi liberto em 1955, quando Fulgêncio Batista decidiu dar anistia aos presos políticos.
Raúl seguiu seu irmão, exilando-se no México, local onde formaram o Movimento 26 de Julho. No México, Raúl conheceu Che Guevara, apresentando-o ao seu irmão. Juntos, Fidel, Raúl e Che tomaram parte de uma das revoluções mais importantes do século XX. Outro nome importante que aderiu ao movimento durante o exílio no México foi Camilo Cienfuegos. Esses quatro e outras dezenas de pessoas decidiram, em 1956, que era hora de retornar a Cuba para dar início a uma revolução.
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Revolução Cubana
Raúl Castro era uma das 82 pessoas a bordo do iate Granma, que partiu para Cuba em novembro de 1956. O objetivo deles era reiniciar a luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista, mas o retorno teve um desfecho desastroso, pois os guerrilheiros foram descobertos pelo exército cubano poucos dias depois de chegarem.
Uma luta se iniciou e somente 12 dos 82 conseguiram sobreviver. Entre os 12 sobreviventes estavam Raúl, Fidel, Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Eles se esconderam na região montanhosa de Sierra Maestra e de lá iniciaram a luta contra Fulgêncio Batista. Nessa luta, Raúl foi um dos nomes mais importantes, ocupando o posto de comandante.
Ele esteve envolvido em ações militares no nordeste de Cuba, participou de missões que envolveram o sequestro de cidadãos norte-americanos e, junto de seu irmão, envolveu-se em um ataque a Maffo no final de 1958. Evidentemente, essas missões só foram possíveis porque, ao longo dos anos de 1957 e 1958, o movimento guerrilheiro cresceu bastante.
A batalha decisiva foi a de Santa Clara, na qual as forças dos guerrilheiros foram lideradas por Che Guevara. No dia 1º de janeiro de 1959, Fulgêncio Batista identificou que sua situação estava cada vez mais delicada e decidiu fugir, exilando-se na República Dominicana. Depois disso, Raúl e Fidel foram para Santiago, conquistando a cidade sem luta. No dia 8 de janeiro, chegaram a Havana, já vitoriosos, consolidando a Revolução Cubana.
Governo cubano
O papel de Raúl Castro durante a revolução foi muito questionado, pois alguns historiadores alegam que suas qualidades militares eram limitadas. Com o poder agora nas mãos dos revolucionários cubanos, Raúl ficou responsável pela montagem de um serviço de inteligência e tomou parte nos julgamentos daqueles que se envolveram no governo de Fulgêncio Batista.
Com a formação do novo governo, Raúl Castro assumiu importantes cargos. Ele chegou a ser enviado para a União Soviética com o objetivo de comprar armas para Cuba, que sofreu com a pressão norte-americana no começo da década de 1960. Um dos momentos mais tensos foi quando Cuba foi invadida por guerrilheiros contrarrevolucionários apoiados pela CIA, durante a Invasão da Baía dos Porcos.
Raúl Castro chegou a ser alvo de uma operação de assassinato coordenada pelos Estados Unidos. Essa operação seria colocada em prática no dia 21 de junho de 1960, quando Raúl faria uma viagem para a Checoslováquia. O objetivo era derrubar o avião em que Raúl embarcaria, mas a missão foi abortada no último momento.
Raúl Castro exerceu inúmeras funções no governo cubano, sendo segundo-secretário do Politburo do Partido Comunista de Cuba, vice-presidente do Conselho de Estado Cubano, vice-presidente do Conselho de Ministros, ministro das Forças Armadas Revolucionárias, etc. O acúmulo de cargos de Raúl fazia dele o segundo homem de Cuba, atrás apenas de seu irmão, Fidel.
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Presidente de Cuba
Raúl Castro manteve-se como vice-presidente cubano de 1965 a 2008, quando problemas de saúde forçaram Fidel Castro a renunciar à presidência cubana. Em 2008, Fidel Castro afastou-se oficialmente da presidência, e Raúl Castro foi escolhido para sucedê-lo. Uma vez na presidência, Raúl promoveu algumas reformas, com o objetivo de aumentar a institucionalização política de Cuba.
Com isso, Raúl Castro incentivou o fortalecimento das instituições que fazem parte do governo cubano, dando a elas maior autonomia e diminuindo um pouco do personalismo que marcou o governo de seu irmão. Além disso, Raúl realizou reformas que promoveram certa abertura de Cuba, permitindo que os cidadãos cubanos pudessem ter itens básicos, como celulares, ampliou o acesso à internet, entre outros.
Raúl também incentivou a retomada das relações diplomáticas de Cuba com os Estados Unidos e manteve diálogos com o governo norte-americano durante a gestão de Barack Obama. Essa reaproximação foi interrompida durante o governo de Donald Trump.
Em 2018, Raúl Castro renunciou à presidência cubana e foi sucedido por Miguel Díaz-Canel. No começo de 2021, ele também anunciou sua saída da presidência do Partido Comunista de Cuba. Acredita-se que o posto também seja sucedido pelo atual presidente cubano.
Apesar das reformas e leves aberturas, seu governo ainda sofreu críticas por ter bastantes limitações no campo da liberdade de expressão e por enfrentar uma grave crise econômica, causada pelas sanções impostas por Donald Trump a partir de 2017.
Créditos das imagens
[1] Harold Escalona e Shutterstock
[2] Toniflap e Shutterstock
Por Daniel Neves Silva
Professor de História