O Exército Brasileiro, por meio do Departamento de Educação e Cultura (DECEX), vetou a participação de alunos de Colégios Militares na Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) 2019, vinculada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A informação é da rádio CBN.
O DECEX alega que as questões da primeira fase da olimpíada, realizada entre os dias 6 e 11 de maio pela internet, apresentavam um viés ideológico conflitante aos princípios do Exército. No entanto, o departamento não citou nenhum exemplo de questão. O Brasil Escola procurou o Exército para dar mais esclarecimentos, mas não obteve resposta até as 16h de hoje (14).
Veja: Como participar de Olimpíadas Escolares
A assessoria de imprensa da ONBH divulgou uma nota afirmando que o conteúdo abordado na 1ª fase visa incentivar o desenvolvimento da análise crítica e discussões sobre temas variados. A nota também informa que a participação na olimpíada é opcional e cabe às escolas a decisão de liberar ou não os alunos. Veja a nota íntegra:
"A coordenação da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) informa nesta terça-feira (14/05/2019) que tomou conhecimento do comunicado do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), referente à participação dos alunos do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB) na 11ª edição da Olimpíada de História, por meio de reportagem da CBN veiculada ontem, dia 13/05/2019. As equipes do SCMB participam da Olimpíada de História desde a primeira edição, em 2009, com brilhantismo, tendo já obtido inúmeras medalhas.
Ressaltamos que a proposta da Olimpíada de estudo consistente e aprofundado da História do Brasil tem auxiliado a milhares de estudantes em seu desempenho escolar, no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em vestibulares e concursos.
Dessa forma, o conteúdo abordado na 1ª fase da 11ª edição segue o objetivo principal do projeto: incentivar o desenvolvimento da análise crítica e discussões sobre os mais variados temas. Para que isso seja possível, oferecemos nas provas e tarefas informações, textos, imagens e mapas para que embasem a elaboração das respostas. As questões e atividades são elaboradas com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais, Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Destacamos, porém, que a participação ou não na Olimpíada de História é opcional e que não temos nenhuma ingerência sobre as decisões pedagógicas das escolas participantes.
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Neste ano, 73 mil alunos e professores se inscreveram na competição, o que corresponde a 18,5 mil equipes. Desse total, 16,6 mil grupos seguiram para a segunda fase que teve início nesta segunda-feira (13/05/2019)."
ONHB 2019
A Olimpíada Nacional em História do Brasil reúne estudantes e professores do ensino fundamental (8º e 9º ano) e ensino médio de escolas públicas e privadas. Os participantes formam equipes compostas por três alunos e um professor.
As equipes precisam passar por seis etapas online até chegar à final presencial, que é realizada no campus da Unicamp. Confira o Regulamento.
Guerra ideológica
A deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP) afirmou, em uma de suas redes sociais, que parte do Governo está criando uma guerra ideológica na educação. “Não podemos deixar que razões arbitrárias impeçam que alunos de todo o país participem de competições que estimulam o aprendizado”, comenta Tábata.
No final de abril, o atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 não terá questões polêmicas e ideológicas. “Ideologia de esquerda não deve aparecer na prova”, disse o ministro em vídeo publicado no Facebook do presidente Jair Bolsonaro.
Recentemente, Weintraub informou o bloqueio de 30% das despesas discricionárias das universidades, institutos e colégios federais, após alegar que algumas instituições promovem balbúrdia. No total, cerca de R$ 2 bilhões foram bloqueados. O ministro também manifestou a intenção de cortar recursos de cursos de Humanas, como Filosofia e Sociologia.
Abraham Weintraub é o segundo ministro da Educação do Governo Bolsonaro. Antes dele, o colombiano Ricardo Vélez foi demitido após uma série de polêmicas, como querer mudar a versão da Ditadura Militar dos livros de História.