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A história do Brasil é marcada por períodos revolucionários que almejavam mudanças abissais nas esferas política e econômica. Um dos momentos conflituosos com grande dimensão nacional foi a chamada Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos. Esse movimento revolucionário que aconteceu no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina teve como ponto culminante a política centralizadora e autoritária adotada pelo governo regencial que vigorou entre os anos de 1831 a 1840.
A Guerra dos Farrapos ficou conhecida por fazer parte das chamadas rebeliões provinciais - período da história do Brasil em que algumas províncias lutaram contra o governo central e suas políticas centralizadoras. Todavia, a Farroupilha destacou-se por sua intensidade e duração na luta contra o governo regente, acontecendo entre os anos de 1835 e 1845, totalizando dez anos de combate. Uma das características simbólicas desse movimento foi a utilização de farrapos amarrados às roupas dos soldados, que foi uma maneira deles se identificarem e justificou o nome do movimento.
Dentre os motivos que ocasionaram este movimento, podemos destacar a desastrosa medida econômica adotada pelo governo central em reduzir tarifas alfandegárias para produtos referentes aos países da região do Prata, como Argentina e Uruguai, que gerou concorrência à economia do charque (produção de carne seca) da província do Rio Grande do Sul. Além disso, existiu também a nomeação, pelo governo central, do Presidente da Província sulista sem o acordo com as elites gaúchas, gerando antagonismos de opinião. Assim sendo, sob a liderança militar de Bento Gonçalves, os estanceiros arquitetaram um movimento de contestação a essas políticas autoritárias adotadas pelo poder regencial.
Foi no momento de estruturar o movimento para reivindicar mudanças que os estanceiros idealizaram uma política liberal e separatista, ou seja, um dos objetivos dos líderes da Guerra dos Farrapos era conquistar plena autonomia perante o governo central e, para isso, a independência e a proclamação da república do Rio Grande do Sul eram necessárias, pois assim a província conseguiria criar melhores políticas econômicas para a região.
A quantidade de soldados e a boa estrutura do exército dos farrapos, liderados pelo combatente Giuseppe Garibaldi, contribuíram para que a rebelião se estendesse por dez longos anos, pois os pobres que compuseram o movimento enxergavam na independência da província e, consequentemente, na proclamação da República Rio Grandense uma maneira de melhorar suas condições sociais.
Contudo, o governo central adotou uma medida coercitiva perante os farrapos e seus ideais separatistas, pois existia a possibilidade de desintegração do território brasileiro. E foi para extirpar esse perigo que o poder regencial nomeou o comandante Luís Alves de Lima e Silva para defender os interesses políticos do governo central. Todavia, com o embate entre os dois lados e depois de vários mortos nas linhas de batalha, os integrantes da regência e os líderes dos farrapos chegaram a um acordo para pôr fim a mais um capítulo sangrento da história do Brasil.
O governo voltou atrás com a medida alfandegária sobre os produtos da região do Prata com o objetivo de pacificar os ânimos; e, através de um acordo entre os lados, os revoltosos conseguiram anistia e a rebelião chegou ao fim. Portanto, a Guerra dos Farrapos foi uma revolta de caráter liberal, pois lutou contra as medidas extremamente conservadoras e centralizadoras adotadas pelo governo central brasileiro.
Por Fabrício Santos
Graduado em História