PUBLICIDADE
Após a enorme frustração causada com o indeferimento da Emenda Dante de Oliveira, o cenário político nacional passou por mais uma eleição conduzida pelo Colégio Eleitoral, órgão responsável pela escolha indireta do cargo de Presidente da República. Com o sistema político agora tomado pelo regime pluripartidarista, os vários partidos se movimentavam em torno dos possíveis nomes que poderiam assumir o cargo presidencial.
O PDS, partido que representava o regime militar, passou por uma divisão entre seus integrantes. Enquanto o presidente Figueiredo desejava que o coronel Mário Andreazza disputasse o pleito, outros integrantes do mesmo partido preferiam apoiar a candidatura de Paulo Maluf, empresário e ex-prefeito de São Paulo. Contado com a maioria dos votos na convenção partidária, Maluf foi oficializado como candidato do último governo militar.
A decisão não agradava a todos os políticos do PDS, que não se conformavam com a arrogância, o personalismo e as diversas acusações de corrupção que recorriam contra Paulo Maluf. Com isso, um grupo de dissidentes decidiu formar o Partido da Frente Liberal (PFL). Dessa maneira, mediante a contenda presente entre os membros do regime, o PMDB tinha a chance de assegurar a eleição de um político historicamente desvinculado dos grupos militares.
O nome escolhido foi de Tancredo Neves, político de tendência moderada, governador de Minas Gerais, que tinha a capacidade de agradar um amplo número de participantes do Colégio Eleitoral. Para selar definitivamente a vitória, o PMDB formalizou uma aliança com o PFL indicando o senador maranhense José Sarney – que incoerentemente havia articulado contra as “Diretas Já!” – como vice-presidente de Tancredo. Dessa forma, no dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral iniciou suas votações.
Por meio de uma estranha manobra política, setores democráticos e antigos membros do regime militar se abraçaram naquelas eleições. Dessa forma, com uma larga diferença de 300 votos, Tancredo Neves derrotou a chapa de Paulo Maluf e, assim, foi eleito presidente da República. Apesar das estranhas feições deste acontecimento histórico, um civil voltou ao poder após 21 anos de regime militar no Brasil. Um novo momento de expectativas e discussões se formulava no país.
Por Rainer Sousa
Graduado em História