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No ano de 1935, os críticos do governo de Getúlio Vargas se movimentavam contra as ações do presidente da República. Entre instituições oficias e partidos, a reivindicação por mudanças colocavam em questão o tal caráter revolucionário do regime instalado no início da década. Em meio a essas tensões, destacamos as ações que marcaram o levante que movimentou a cidade de Natal e marcou um dos mais importantes conflitos da Intentona Comunista.
No dia 23 de novembro de 1935, uma ordem militar autorizava a expulsão de um grupo de soldados do 21° Batalhão de Caçadores, supostamente envolvidos com a organização de assaltos a bondes. Ao saber do desligamento desses militares, alguns membros desse mesmo batalhão decidiram realizar uma reunião com membros do Partido Comunista Brasileiro. Mediante tal situação, decidiram promover a invasão do quartel e organizar os revoltosos que tomariam vários pontos da cidade.
Assumindo o poder local, os revoltosos anunciaram publicamente as quedas do governo estadual e do Poder Legislativo. Em resposta, aqueles que presenciaram o anúncio bradam a favor do novo poder revolucionário. Apesar das manifestações de apoio, muito mais deveria ser feito para que a rebelião composta por militares, comunistas e civis seguisse adiante. Por isso, vários grupos foram organizados no sentido de sustentar a nova ordem e tomar o poder em outras cidades do interior.
Enquanto tais movimentações prosseguiam, a revolta comunista se preocupou em revelar suas intenções à população com a publicação do jornal “A liberdade”. Entre outros pontos, defendiam a reforma agrária, a industrialização, a nacionalização dos bancos, a ampliação do acesso à educação e cultura e a expulsão dos representantes do imperialismo capitalista. Anunciando essa vitória, os nomes da Aliança Nacional Libertadora e de Luis Carlos Prestes ganhavam as ruas da capital potiguar.
Em meio às lutas e demandas, os revolucionários souberam do envio de tropas realizado com o objetivo de retomar o controle da situação local. Para piorar as coisas, a coluna de combatentes destinada a tomar a região de Caicó foi derrotada pelas tropas do fazendeiro Dinarte Mariz, que também rumava para a capital. Não se sentido aptos para resistir, decidiram fugir. No entanto, acabaram capturados pelos representantes do poder oficial.
A vitória dos contra-revolucionários acabou restabelecendo a ordem política no Rio Grande do Norte. Entre outras medidas, o governo indiciou cerca de cem mil pessoas suspeitas de participar do movimento. No entanto, seria apenas a insatisfação dos militares de Natal a razão única para a ocorrência de um movimento de tamanhas proporções? Certamente que não. Sendo uma conseqüência do período, o levante potiguar nasceu em torno de interesses diversos.
Mesmo antes de 1935, o Rio Grande do Norte já se mostrava um palco de tensões políticas agitadas desde a Revolução de 1930. A entrada do novo grupo político favorável a Getúlio Vargas vivenciou vários conflitos contra os representantes políticos das oligarquias locais. Enquanto isso, os membros do PCB e líderes sindicais organizavam diversas manifestações que demonstrariam o frágil cenário político da época.
Primeiramente, os líderes do PCB não apoiaram o desejo dos militares em se voltar contra o governo naquela data. Mesmo que o interesse em derrubar o governo Getúlio Vargas contasse com o apoio expresso da Internacional Comunista, os dirigentes locais acreditavam que o momento não seria o mais oportuno. Não por acaso, a fragilidade do movimento – que ainda tentou se estender para outras cidades do país – serviu para as vindouras ações autoritárias de Getúlio Vargas.
Por Rainer Sousa
Graduado em História