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Longe de quaisquer questionamentos, tais expressões já nos denotam uma certa familiaridade. A relevância contida em tal aspecto se deve ao fato de que a expressão “risco de vida”, faz parte de nosso léxico desde “remotos” tempos. A começar pelo inesquecível Cazuza em uma de suas criações, assim retratada:
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...
Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...
[...]
O meu prazer
Agora é risco de vida (grifo nosso)
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..
[...]
Cazuza
A partir de uma determinada época, a expressão começou a ser questionada a respeito de sua utilização, sob o propósito de que estaria contrariando às normas convencionais que regem a linguagem, sobretudo no que se refere a aspectos semânticos, pois seria um despropósito atribuir um “risco” ao ato de viver.
Principalmente os órgãos de imprensa, departamentos em que se podia constatar uma ampla difusão do termo em evidência, optaram pelo uso da expressão “risco de morte”, pelo fato de concordarem com o posicionamento acima citado. Desde então, como num passe de mágica, tal modismo, assim como tantos outros, começou a vigorar, tornando-se cada vez mais difundido.
Contudo, essa recorrência merece uma importante ressalva: a expressão “risco de vida” constitui-se de um recurso de linguagem denominado elipse, cuja característica principal é a omissão de algum termo. Embora este esteja facilmente identificável, basta que analisemos o contexto em que se encontra inserido. Portanto, ao analisar a expressão, constatamos:
Risco de (perder) a vida.
Por meio de uma análise minuciosa, identificamos que embora subentendido, há a presença do verbo perder, fato que a concebe como perfeitamente dotada de sentido. Logo, nada há de anormal em proferi-la.
Elencados todos esses posicionamentos, esperamos ter contribuído para essa relevante reflexão, e que talvez em breve possamos novamente compartilhar com o uso da antiga expressão. Quem sabe!!!
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola