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As Dificuldades Enfrentadas pela Economia da Argentina

Uma grave crise econômica no início da década de 2000 atingiu a Argentina, afetando sua capacidade de modernização estrutural e de manutenção de um padrão social de qualidade.

Selo mostra Nestor Kirchner – Ele assumiu a presidência da Argentina em 2003.*
Selo mostra Nestor Kirchner – Ele assumiu a presidência da Argentina em 2003.*
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A Argentina possui a 3ª maior economia da América Latina, atrás de México e Brasil, seu principal parceiro econômico. Na parte central e norte do país estão localizadas as principais concentrações urbano-industriais, com destaque para o eixo formado pelas cidades de Buenos Aires, Córdoba e Rosário. O país possui bons indicadores sociais, apesar do processo recente de empobrecimento da população e redução de renda da classe média argentina, resultado de uma sequência de planos econômicos mal sucedidos efetuados a partir do início da década de 1990, sob a perspectiva do neoliberalismo.

A agropecuária argentina sempre representou um dos principais sustentáculos para o crescimento econômico do país e ocorre com maior expressão nos pampas, com a produção de trigo, soja, milho, cevada, aveia, sorgo, girassol e fruticultura (maça, nectarina, damasco), além da pecuária bovina. Mais ao norte ocorre a produção de algodão e cana-de-açúcar. Na porção oeste, próximo dos Andes, a região de Mendoza é uma importante área produtora de uvas e de vinho. Na Patagônia, destaca-se a criação extensiva de ovinos e a produção de lã, além das reservas de petróleo.

A industrialização argentina seguiu o padrão do processo de industrialização atravessado pelo Brasil. No período correspondente à 2ª Guerra Mundial ocorreu um programa de substituição das importações que foi seguido de políticas de atração de empresas multinacionais, principalmente a partir da década de 1950. Atualmente, os setores mais desenvolvidos são a indústria de transformação, siderurgia, metalurgia, petroquímica, alimentar e automobilística.

Durante a década de 1990 o país adotou medidas neoliberais, o que reduziu a participação do Estado na economia e permitiu uma maior abertura econômica. O peso argentino foi substituído pelo dólar como unidade monetária, o que implicou em direcionar as políticas econômicas argentinas para a atração de dólares, oferecendo altas taxas de juros para rendimentos na moeda estadunidense. Para manter essa política, a Argentina acabou ficando muito endividada, resultando em uma crise econômica sem precedentes. O país decretou moratória em 2001, renegociando suas dívidas e impondo um calote de bilhões de dólares a credores internacionais.

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Após constantes manifestações sociais e quedas de ministros, o governo argentino realizou reformas econômicas radicais, retornando ao peso argentino e assumindo medidas de cortes de gastos, que comprometeram o nível de vida e o poder de consumo da classe média do país. Pouco depois, em 2003, Néstor Kirchner assumiu a presidência, criando uma plataforma de governo esquerdista, acenando com políticas nacionalistas e de cunho protecionista. Também iniciou um movimento de aproximação com os governos de esquerda que estavam se constituindo no subcontinente sul-americano, como o então recém-eleito presidente brasileiro Lula e o venezuelano Hugo Chávez, que no ano anterior conseguiu se reafirmar no poder após uma tentativa frustrada da oposição da Venezuela de impor um golpe no líder venezuelano.

As políticas econômicas de Kirchner surtiram efeito imediato, sendo que os produtos de exportação argentinos continuaram valorizados no mercado internacional e, surpreendentemente, o país voltou a apresentar um bom nível de crescimento econômico, apesar da perda de credibilidade dentro de um contexto de globalização da economia e do excesso de protecionismo frente a países parceiros, como o Brasil.

Créditos da imagem*: Shutterstock e rook76


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
 

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "As Dificuldades Enfrentadas pela Economia da Argentina"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/as-dificuldades-enfrentadas-pela-economia-argentina.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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