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O povoamento do Brasil Central foi iniciado a partir do desenvolvimento da navegação fluvial na bacia do Paraguai, no século XVI, quando os espanhóis procuravam riquezas minerais, com destaque para as nascentes do rio Aquidauana e a foz do rio Miranda.
As bandeiras portuguesas alcançaram o atual estado do Mato Grosso a partir da 2ª metade do século XVI, e no início do século XVII descobriram jazidas de ouro na região de Cuiabá, no Mato Grosso, e no sul de Goiás. A busca incessante pelas riquezas minerais comprometia até mesmo o desenvolvimento da lavoura de subsistência, inclusive pela proibição da coroa em realizar a atividade mineradora, no ano de 1732. A mineração só poderia ocorrer sob a supervisão da coroa portuguesa.
Em 1747, Portugal dividiu a região em questão nas capitanias de Mato Grosso e de Goiás, no intuito de melhor explorar as riquezas minerais da região. A assinatura de Tratado de Madrid, em 1750, resolveu alguns dos problemas de litígio entre Portugal e Espanha, onde Portugal concedeu à Espanha a colônia de Sacramento (atual Uruguai), recebendo em troca o direito de permanecer nas terras da bacia Platina. Apesar da assinatura do acordo, Portugal acabou ultrapassando o seu limite, com a justificativa de defesa diante dos ataques indígenas. As cidades de Vila Maria (atual Cáceres) e Albuquerque (atual Corumbá) foram fundadas no ano de 1778 por esses fatores.
Na região da Chapada dos Guimarães ocorreu a centralização das principais atividades agrícolas que alimentavam a mineração, complementadas pelo desenvolvimento da criação de gado. Os problemas da mineração, criados com o desvio da mão-de-obra para atender o desenvolvimento social desses núcleos e a insuficiência técnica na organização e execução dos trabalhos de garimpagem, reduziram a eficiência do esforço. Mas no início do século XIX, a mudança de atitude da administração colonial, permitindo a lavra de diamantes, deu novos rumos ao povoamento.
Após os conflitos com o Paraguai, ocorreram outros interesses na região. A preocupação com o povoamento na região do Pantanal proporcionou a expansão da pecuária, incrementando as relações comerciais com o Triângulo Mineiro. Na região do atual estado do Mato Grosso do Sul, a marcha para Oeste do café paulista atingiu sua porção leste no início do século XX.
Na região de Goiás, o povoamento foi mais recente, em razão da distância, da falta de incentivos econômicos e administrativos e das dificuldades com a comunicação. O abastecimento de gado para as áreas mineradoras atraiu criadores de gado da Bahia. Após a mineração, o povoamento assumiu feição dispersora. O movimento na busca por melhores pastagens acabou promovendo um grande desmatamento na região.
No final do século XIX, foi iniciada a ocupação dos cursos superior e médio dos rios Tocantins e Araguaia, envolvendo portugueses, indígenas, negros e mestiços. No início do século XX, tomaram destaque a produção de mate e a pecuária, ambas as atividades lideradas por imigrantes gaúchos. A inauguração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (Bauru-Corumbá), em 1905, foi fundamental para a integração de região, que se iniciou no século XX tendo como característica principal de seu desenvolvimento a produção agropecuária.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP