Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Escova de carbocisteína

A carbocisteína é derivada do aminoácido L-Cisteína, que pode ajudar a reduzir o volume do cabelo e dar brilho, mas não tem a capacidade de alisar.

O sonho de muitas mulheres é alisar os cabelos, e para tal elas se colocam em sérios riscos
O sonho de muitas mulheres é alisar os cabelos, e para tal elas se colocam em sérios riscos
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Conforme dito no texto Escova progressiva com uso de formol, o uso de formol em tratamentos que prometem alisar os cabelos é totalmente proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e constitui um crime hediondo. O uso de glutaraldeído ou glutaral também é proibido para tal finalidade, em virtude de sua semelhança química com o formol, apresentando os mesmos riscos e restrições.

Mas agora existe outra substância que vem ganhando muita fama nos salões de beleza, prometendo alisar os cabelos sem causar dano nenhum à pessoa. Trata-se da carbocisteína. Será que isso é realmente verdade?

Bem, a carbocisteína é uma substância à base de aminoácidos e vegetais, é derivada do aminoácido L-Cisteína, um dos aminoácidos que compõem a queratina natural do nosso cabelo. A fórmula da cisteína e a da carbocisteína estão mostradas abaixo:


Fórmulas da cisteína e da carbocisteína

O formato dos cabelos depende da combinação de forças que atuam na queratina, entre essas forças estão as pontes de enxofre (pontes de dissulfeto). 


Pontes de dissulfeto no cabelo

Para quebrar essas pontes e assim tornar possível a mudança no formato do cabelo, é necessário um agente redutor, como o ácido tioglicólico ou tiol-acético (HS ─ CH2 ─ COOH), soltando os fios de proteínas:


Processo de separação de pontes de enxofre realizado por ácido tioglicólico

Depois é necessário um agente oxidante para regenerar as pontes de enxofre, só que no novo formato, com posições novas.

Assim, a carbocisteína atua de forma semelhante ao ácido tioglicólico (tioglicolato), quebrando as pontes de enxofre. Mas é importante ressaltar que ela sozinha não consegue alisar os cabelos como prometido, é preciso também um agente oxidante. E é aí que mora o perigo, pois para conseguir esse efeito desejado, algumas fórmulas misturam ácido glioxílico e até mesmo formol à fórmula como agentes oxidantes. Desse modo, algumas clientes acabam sendo enganadas, e os riscos são os mesmos.

O secador e a chapinha são usados bem quentes porque o calor aplicado ajuda no processo de oxidação.


O calor da chapinha é usado nas progressivas para ajudar na oxidação

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Além disso, esses processos de oxidação são favorecidos em pH básico, mas a carbocisteína é veiculada em uma formulação bem ácida. Assim, se ela for usada em tratamentos sem os produtos danosos mencionados, ela não alisará o cabelo, mas poderá ajudar a reduzir o volume, hidratar e dar brilho. Alguns cabelos que não são tão ondulados podem até, com o tempo, obter um efeito mais liso.

Outro fato importante é que qualquer escova denominada de “progressiva”, “inteligente”, “de chocolate”, e assim por diante, não é regulada pela Anvisa. Mas existem algumas substâncias ativas específicas com propriedades alisantes, como ácido tioglicólico, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio e hidróxido de guanidina, que são permitidas pela legislação.

A carbocisteína não está inclusa entre essas substâncias, bem como o ácido glioxílico, o que significa que podem haver riscos associados que ainda não foram pesquisados.

Assim, para que você não seja enganada com promessas milagrosas e cuide de forma segura dos seus cabelos, peça para o profissional que realizará a técnica te mostrar a embalagem do produto que será utilizado e veja se ele está registrado na Anvisa por meio do seguinte link: Anvisa / Consulta Cosméticos.

Outro ponto que é importante lembrar é que todos os processos químicos trazem alguma espécie de dano ao cabelo, e isso também é feito pela carbocisteína, pois ela pode alterar a cor dos cabelos. Ela pode provocar a degradação de aminoácidos da queratina do fio, tais como o triptofano, cistina e metionina, aparecendo a cor amarelada. Cabelos loiros podem ficar da cor de um amarelo ovo e cabelos ruivos podem ficar alaranjados.

Se o cabelo já é tingido, a alteração na cor pode ser ainda maior, pois a água oxigenada usada para descolorir os fios decompõe-se facilmente, liberando átomos de oxigênio que quebram as proteínas do cabelo. Assim, o cabelo descolorido já possui sítios ativos, possuindo, consequentemente, um grau de degradação muito maior.

Se a carbocisteína degradar-se e ocorrer a formação do radical cistil, o cabelo pode ficar da cor verde! Isso não ocorre em todos os casos, mas infelizmente há esse risco.

Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química

Escritor do artigo
Escrito por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FOGAçA, Jennifer Rocha Vargas. "Escova de carbocisteína"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/escova-carbocisteina.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante