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A Guerra Russo-Turca de 1877-1878 inseriu-se nas intrincadas relações nacionais e fronteiriças que se desenvolveram na região balcânica ao longo do século XIX. Tendo como protagonistas do conflito os Impérios Russo e Turco-Otomano, seus resultados contribuíram posteriormente para a eclosão da I Guerra Mundial.
A Guerra teve como precedentes as rebeliões dos estados balcânicos contra o secular domínio turco-otomano na região. Em 1859, a Sérvia havia se rebelado contra o Império Turco-Otomano, sendo seguida por Montenegro, Bósnia e Herzegovina. Estes dois últimos estados revoltaram-se em 1875 em virtude dos impostos cobrados pelos turco-otomanos, unindo-se posteriormente à Sérvia. No ano seguinte, a Bulgária também seria atingida pela insurreição.
Mas a declaração de guerra da Rússia aos turco-otomanos ocorreu em abril de 1877, após forte repressão dos turcos aos romenos. O czar Alexander II declarou a guerra em função dos interesses de ampliação territorial do Império Russo para fortalecer suas ações imperialistas. Outro ponto que fundamentava o apoio russo aos povos balcânicos estava relacionado ao nacionalismo que se desenvolvia na Europa no século XIX. A ligação de sérvios e demais povos balcânicos com os russos, através de uma mesma origem eslava, fomentava a pretensão de fortalecimento do pan-eslavismo.
As batalhas ocorreram principalmente na região do rio Danúbio, principalmente entre tropas russas e romenas contra as forças do Império Turco-Otomano. A batalha que pôs fim à guerra ocorreu com o cerco de Pleven, em que os russos e romenos conseguiram cortar as fontes de suprimentos dos turcos, em dezembro de 1877.
Em janeiro de 1878, foi assinado o Tratado de Santo Estêvão, que pôs fim à guerra e garantiu a independência da Bulgária em relação ao Império Turco-Otomano. Também se tornaram independentes a Sérvia, a Romênia e Montenegro. A Bósnia e a Herzegovina iriam ser unidas, ostentando uma autonomia dentro do Império Turco-Otomano. A Rússia conseguia com o tratado a anexação de outros territórios turcos ao seu Império.
Mas a influência russa na região afligia as potências imperialistas Ocidentais. Grã-Bretanha, Áustria-Hungria e Alemanha não viam com bons olhos o fortalecimento do nacionalismo eslavo na região, o que resultou na alteração do Tratado de Santo Estêvão durante a Conferência de Berlim, em junho de 1878. A principal alteração do Tratado de Berlim, assinado na Conferência, foi a divisão da Bulgária, pretendendo manter um equilíbrio de forças na região, entre os russos e o Império Austro-Húngaro.
A Guerra Russo-Turca de 1877-1878 delineava os problemas da divisão imperialista pelas potências europeias e as consequências do desenvolvimento dos nacionalismos, que iriam resultar na eclosão da I Guerra Mundial.
* Crédito da imagem: Olga Popova e Shutterstock.com
Por Tales Pinto
Graduado em História