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Durante os conflitos contra os persas, que marcaram as chamadas Guerras Médicas (490 a.C. – 448 a.C.), os gregos empreenderam uma importante aliança militar comandada pela cidade-Estado de Atenas. Esta mobilização militar instituiu a Confederação de Delos, fundo bélico e monetário onde cada uma das cidades-Estado afiliadas deveria contribuir regularmente com armamentos e recursos financeiros. De fato, essa associação conseguiu aniquilar as pretensões territoriais dos exércitos persas.
Contudo, após essa expressiva vitória, os líderes políticos atenienses remodelaram o funcionamento da Confederação de Delos transformado-a em um instrumento de dominação dos atenienses sob as demais cidades-Estado. O vínculo opcional com a instituição passou a ter caráter obrigatório, chegando ao ponto de forçar seus participantes a pagar imposto aos atenienses. Em 450 a.C., o tesouro acumulado em Delos foi diretamente transferido para a cidade de Atenas.
Por meio de tais ações, as pretensões militares que anteriormente marcavam a existência da Confederação de Delos desapareceram e cederam lugar ao autoritarismo, e às ambições do enriquecido governo ateniense. As áreas controladas por Atenas foram divididas em cinco regiões e um eficiente sistema de arrecadações foi criado. Grande parte dos recursos foi gasto com o embelezamento e a reconstrução da cidade de Atenas, que logo sofreu a oposição de outras subjugadas ao seu poder.
A rivalidade estabelecida contra Atenas instigou outras cidades-Estado como Corinto, Megara, Tebas e Esparta a se unirem contra o crescente imperialismo ateniense. Para tanto, decidiram promover a criação de uma outra associação militar conhecida como a Liga do Peloponeso. O estopim da guerra aconteceu quando a colônia de Córcira se levantou contra a cidade de Corinto, que fazia parte da recém-criada Liga do Peloponeso.
Sendo a revoltosa colônia integrante da Liga de Delos, os atenienses cederam tropas para enfrentar os inimigos provenientes da outra associação militar. Com isso, o conflito teve seus primeiros passos e uma primeira fase encerrada em 421 a.C., momento em que as lideranças atenienses e espartanas assinaram uma trégua estabelecida pela Paz de Nícias. Segundo o acordo, os dois lados se comprometeram a cumprir uma trégua que duraria meio século.
No entanto, o acordo foi descumprido pelos atenienses que, em 413 a.C., realizaram um ataque contra Siracusa, região aliada da cidade-Estado de Corinto. Dessa forma, os conflitos reiniciaram e os atenienses foram violentamente subordinados pelas forças militares comandadas pelos espartanos. Após essa vitória, os espartanos sustentaram algumas de suas tropas na região Ática e conceberam outra frente militar designada para libertar as demais cidades-Estado subjugadas por Atenas.
No ano de 404 a.C., os espartanos venceram a batalha de Egos-Pótamos e, dessa maneira, acabaram com a hegemonia exercida pelos atenienses. Mesmo com o fim da Guerra do Peloponeso, novos incidentes militares envolveram as várias cidades gregas da Hélade. A disputa pela hegemonia sob o mundo grego causou um enorme desgaste humano, econômico e político a boa parte da Grécia. A partir desse instável quadro, os macedônios controlaram a Grécia no século IV a.C..
Por Rainer Sousa
Graduado em História