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Ação popular na Revolta de Stepan Razin

Obra Stepan Razin, feita em 1918 por Boris Kustodiev (1878-1927)
Obra Stepan Razin, feita em 1918 por Boris Kustodiev (1878-1927)
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A Revolta de Stepan (Stenka) Razin ocorreu entre 1667 e 1671, na região dos rios Volga e Don, no sudoeste da Rússia, levantando uma massa de camponeses e cossacos contra o Império Czarista.

A revolta foi liderada por Stenka Razin, neto do chefe militar cossaco Kornilo Yakovlev, e tinha por objetivo libertar os povos da região da dominação que estava sendo imposta pelo governo central de Moscou. A revolta ocorreu em um contexto de intensificação da cobrança de impostos e requisição de soldados dentre os camponeses pelo governo do czar Alexandre I durante a vigência das guerras contra Polônia e Suécia, na década de 1650 e 1660.

Antes disso, o Código de Lei de 1649 havia restringindo a liberdade de locomoção dos camponeses com o aprofundamento dos laços de servidão mantidos com os nobres aristocratas. A reação dos camponeses foi de migrarem para a região do Volga e Don, fugindo dessa servidão. O motivo seria a existência de uma forma de organização autônoma de vida dos cossacos em relação ao Império Russo.

As ações de Razin deram-se inicialmente no mar Cáspio e no norte do Império Persa, a partir de 1667, e consistiam na interceptação de caravanas de mercadores e no saque das mercadorias. Cidades também foram conquistadas, sendo que as vitórias criaram uma aura mística em torno da figura de Razin como um herói popular. O apoio a Razin ocorria de vários lados, não sendo um movimento social ligado às questões étnicas e religiosas, já que tanto cristãos ortodoxos quanto muçulmanos, eslavos ou cossacos, apoiavam suas pretensões.

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Nos locais ocupados pelas tropas comandadas por Razin eram adotadas como formas de organização as assembleias cossacas, que garantiam uma participação popular maior nas decisões do que as estruturas governativas czaristas. O objetivo de Razin era criar uma República Cossaca na região, chegando inclusive a dominar várias cidades importantes, entre elas, Astrakhan e Samara. Em sua organização, inclusive, havia a participação das mulheres como propagandistas ou mesmo comandantes, como foi o caso da mãe de Razin.

A partir de 1670 as ações direcionaram-se principalmente contra a burocracia czarista e a nobreza aristocrática, sendo que as tropas de Razin controlavam 800 milhas do rio Volga. O apoio popular a Stenka Razin crescia inclusive em Moscou, o que levou o czar Alexandre I a enviar grandes e bem armadas tropas para combater os comandados pelo cossaco.

Os combates duraram até 1676, mas as principais batalhas deram-se entre os anos de 1670 e 1671. Apesar do apoio popular e do estímulo de libertação que impulsionava os combatentes comandados por Razin, a força do armamento das tropas czaristas foi mais forte. Em abril de 1671, Stenka Razin e seu irmão Frolka foram capturados e enviados a Moscou. Na capital do Império Russo, os dois foram torturados, sendo que Razin foi condenado à execução por esquartejamento. A repressão nas cidades e aldeias que estavam sob o comando dos cossacos também foi dura, sendo que milhares de pessoas foram executadas.

A Revolta de Razin manteve-se no imaginário social russo durante séculos como símbolo da resistência contra a tirania do Império Czarista. Stenka foi tema de diversas canções populares e de poetas famosos, como Pushkin. Ainda após a Revolução Russa, Lênin dedicou uma estátua, no 1º de maio de 1919, à figura do lendário combatente popular contra a exploração da aristocracia. Até o grande compositor Dmitri Shostakovitch compôs uma sinfonia em homenagem a Razin, chamada Execução de Stefan Razin, evidenciando a importância do rebelde cossaco para a história russa.


Por Tales Pinto
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Tales dos Santos Pinto Escritor oficial Brasil Escola

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PINTO, Tales dos Santos. "Ação popular na Revolta de Stepan Razin"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/acao-popular-na-revolta-stepan-razin.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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