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Nos fins do século XVIII, a explosão do processo revolucionário francês atingiu vigorosamente as relações políticas entre as monarquias europeias. No caso de Portugal, as lutas contra os insurgentes franceses foram inicialmente evitadas com a assinatura de um termo de neutralidade. Entretanto, assim que a França invadiu a Espanha, a posição lusitana foi abandonada por conta de um tratado de cooperação militar anteriormente assinado com os hispânicos.
De fato, o avanço francês contra os espanhóis durou pouco tempo e fora resolvido com um novo tratado de cooperação. A partir desse momento, os portugueses eram pressionados pela Espanha a também se aliar à França. Entretanto, a Inglaterra, nação que exercia forte influência econômica em Portugal, lutava contra os exércitos revolucionários franceses e exigia que o governo português manifestasse apoio ao direcionamento britânico.
O desconforto da situação acabou dificultando a negociação de um tratado de neutralidade que atendesse as demandas de Portugal. Sem alternativas melhores, o governo lusitano organizou diversas tropas que esperavam uma vindoura invasão franco-espanhola aos seus territórios. Contudo, entre 1799 e 1800, algumas vitórias dos exércitos antirrevolucionários deram a Portugal a falsa impressão de que a guerra seria evitada em pouco tempo.
Precisando enxugar seus gastos militares e liberar os soldados para o trabalho agrícola, o governo português resolver diminuir os contingentes até ali empregados para uma possível guerra. Notando o recuo, os britânicos também decidiram deslocar os contingentes militares mantidos ali em Portugal. Com a saída britânica de seu território, os portugueses acreditavam que a neutralidade seria finalmente reconhecida.
Contudo, em fevereiro de 1801, a saída dos embaixadores espanhol e britânico de Lisboa reavivou o temor da guerra entre os portugueses. Poucos dias depois, os espanhóis enviaram uma declaração de guerra a Portugal. Mesmo com a confirmação oficial, os lusitanos ainda desconfiavam da eminência do combate, já que, nos três meses seguintes, nenhuma tropa hispânica avançou contra o território português.
Na verdade, a demora dos espanhóis era fruto de uma complicada negociação que os diplomatas daquele país desenvolviam com as autoridades inglesas e francesas. No fim dos diálogos, a Espanha viu que o apoio à França renderia a conquista de alguns territórios lusitanos de grande interesse. Com isso, em maio de 1801, os espanhóis iniciam a Guerra das Laranjas, vencendo facilmente as despreparadas tropas lusitanas comandadas pelo velho duque de Lafões.
Durante a conquista dos territórios do Alentejo, o ministro hispânico Manuel Godoy pediu para que as tropas de seu país recolhessem alguns exemplares das finas e suculentas laranjas daquela região. A intenção do estadista era utilizar das iguarias como um delicado presente para a rainha Maria Luísa, com quem matinha um ardente caso amoroso conhecido por toda a Espanha. Foi por meio desse pequeno detalhe que o conflito acabou ganhando este curioso nome.
Por Rainer Sousa
Graduado em História