Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

As Configurações do Mundo Contemporâneo

Ao final da década de 1990, o crescimento dos países emergentes passou a redefinir as relações internacionais que configuram o Mundo Contemporâneo.

A maior participação dos países emergentes e as dificuldades dos países desenvolvidos frente à crise mundial são fatos que marcam a contemporaneidade.
A maior participação dos países emergentes e as dificuldades dos países desenvolvidos frente à crise mundial são fatos que marcam a contemporaneidade.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

A geopolítica mundial tem sofrido grandes modificações nos últimos 30 anos. A partir da década de 1980, as sucessivas dissoluções dos regimes socialistas na Europa, marcadas pela queda do Muro de Berlim em 1989 e o enfraquecimento do império soviético, demonstraram que a configuração das relações políticas internacionais pós-Segunda Guerra estava prestes a se reestruturar. Em 1991, a União Soviética, país que idealizou um projeto político-econômico de oposição ao domínio ocidental capitalista, não conseguiu resistir às pressões internas relacionadas ao multiculturalismo e à fragilidade de sua economia. Sua decadência decretou o fim da Ordem da Guerra Fria e o início da Nova Ordem Mundial, liderada pelos Estados Unidos e com uma estrutura baseada no conflito Norte-Sul: a interdependência entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos.

A Nova Ordem está vinculada aos interesses dos Estados Unidos. Detentor da maior economia mundial, o país desenvolveu durante a Guerra Fria todo um arcabouço técnico para aumentar a sua influência econômica, cultural e militar ao redor do globo. Por outro lado, a Europa apostou na formação de um bloco econômico bastante ambicioso, a União Europeia, que envolve relações econômicas e políticas em torno do ideal de solidariedade e crescimento em conjunto. Com a adoção do Euro, no ano de 2002, o bloco atingiu o maior dos seus objetivos de integração regional, criando instituições para gerenciar esse modelo de organização política. Na composição do eixo dos países desenvolvidos está o Japão, país que conta com alto grau de desenvolvimento tecnológico, mas que está atravessando muitas dificuldades econômicas desde o início da Nova Ordem Mundial, principalmente pelo baixo crescimento econômico acumulado e o envelhecimento de sua população.

Esse cenário começou a sofrer algumas alterações ao final da década de 1990, quando o termo ‘países emergentes’ começou a ganhar espaço nas análises da conjuntura econômica mundial. O crescimento expressivo e contínuo de países como China e Índia, a recuperação econômica da Rússia, a maior estabilidade econômica do Brasil e o desenvolvimento social e tecnológico da Coreia do Sul ofereceram uma nova característica para as relações internacionais: países que apenas detinham uma posição secundária no sistema capitalista mundial passaram a influenciar mais ativamente o comércio internacional, conquistando maior poder nas decisões de blocos e organizações mundiais.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Em 2001, o economista Jim O’Nill do banco de investimentos Goldman Sachs criou o termo BRIC’s, formado por Brasil, Rússia, Índia e China e que atualmente conta também com a presença da África do Sul. Para O’nill, esse grupo de países apresentaria o maior potencial de crescimento entre as nações emergentes, algo que foi consolidado na década de 2000 e que foi absorvido pelos países em questão, que promovem reuniões anuais com o estabelecimento de acordos comerciais e projetos para a transferência de tecnologia.

Todas essas transformações recentes nos direcionam para a seguinte reflexão: após duas grandes guerras, a Pax Americana estruturada ao final da 2a Guerra Mundial pode estar passando por um processo de desconstrução?

A crise econômica mundial expõe a fragilidade momentânea da economia norte-americana. Além do caráter conjuntural, as dificuldades econômicas dos EUA não representam uma decadência de sua ideologia, que continua fortalecida, muito menos do seu poder e eficiência militar. Nenhum outro Estado-Nação emerge como redefinidor de valores e nem sequer existem candidatos para esse posto (desconsiderando as bravatas expressas por líderes como o presidente venezuelano Hugo Chávez ou o iraniano Mahmoud Ahmadinejad).

Os EUA devem reformular seus sistemas de vigilância, segurança nacional e planejamento estratégico, a fim de confirmar o status quo geopolítico que foi determinado após a sua consolidação como potência hegemônica. Mesmo a China possui limites quanto ao seu crescimento econômico e dificuldades para construir, em curto prazo, um mercado consumidor capaz de absorver tamanho crescimento. No caso da Europa, que foi atingida mais gravemente pela crise econômica mundial, deve ocorrer uma mudança no planejamento de suas instituições que ainda precisam ser fortalecidas antes de apostarem na integração de países que possuem economias mais frágeis e limitadas a setores menos modernos ou até mesmo pouco produtivos.

Mais do que a transformação na Pax Americana, merece destaque a reformulação da ONU. A atual configuração da organização supranacional parece estar mais condizente com o momento histórico que a Europa viveu entre o final do século XIX e a 2a Guerra Mundial (redefinição de fronteiras) e com a bipolaridade imposta pelo período da Guerra Fria. Os debates acerca das novas funcionalidades da organização devem ser fundamentados na adaptação a esses novos tempos, em que os atos extremos, individuais ou planejados a partir de células terroristas, tornam-se difíceis de serem conduzidos por uma estrutura geopolítica como a atual, ainda muito preocupada com os interesses particulares nacionais e regionais. As problemáticas globais tais como meio ambiente, escassez de água, terrorismo, violência, energias alternativas, entre tantos outros, requerem o abandono dessas práticas políticas obsoletas e a introdução de uma nova racionalidade pautada em valores universais. Até porque uma pitada de utopia nunca é demais.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "As Configurações do Mundo Contemporâneo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/configuracoes-do-mundo-contemporaneo.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

 “Não podemos negar que a 'nova ordem' que está se desenhando começou a sua gestação dentro da guerra fria. Durante toda a sua evolução, de 1945-85, a guerra fria envolveu outros aspectos que para a época foram considerados secundários pelos analistas mas que acabaram aflorando à superfície após o colapso do Socialismo no Leste europeu. Talvez, o aspecto mais marcante das relações internacionais nos últimos anos tenha sido o deslocamento da preocupação essencial com a questão militar e a guerra nuclear que foi dando lugar a uma preocupação mais urgente com os movimentos da economia mundial”.

MARTINEZ, A., TANAKA, H. Sobre a Geopolítica Atual. Akrópolis: Rev. de Ciências Humanas da UNIPAR. v.4, n.13, 1996. p.15.

A geopolítica da Nova Ordem Mundial diferenciou-se do cenário configurado no âmbito da ordem da Guerra Fria por:

a) multiplicação dos centros de disputa global

b) alteração dos núcleos de poder

c) proliferação dos conflitos armados de grande porte

d) eliminação das intervenções imperialistas

e) bipartidarização do sistema econômico

Exercício 2

 “Criado após a Segunda Guerra Mundial, na década de 40, para manter a paz e a segurança no mundo, o Conselho de Segurança das Nações Unidas se tornou obsoleto e distante do que é hoje a geopolítica mundial, na avaliação não só do Brasil, mas de outros países com ambição de ocupar uma vaga permanente, com destaque para Índia, Japão, Alemanha e algumas nações africanas”.

O Globo, 16 mar. 2011. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 26 jun. 2015,

A avaliação de que o Conselho de Segurança da ONU tenha se tornado obsoleto deve-se às mudanças que configuraram o atual panorama político mundial, que, no caso, pode ser evidenciado:

a) pela descentralização da política econômica europeia.

b) pelo surgimento de novas potências e países emergentes.

c) pela formação do bloco econômico dos países do sul, o Brics.

d) pelo maior controle da economia no modelo planificado.

e) pela derrocada da perspectiva liberal nas resoluções políticas.