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Quando falamos sobre o comércio, muitas pessoas logo associam tal atividade com a negociação de mercadorias, visando à obtenção de lucro. Para muitos, o interesse em acrescer os preços em benefício próprio, nada mais é que uma postura natural de qualquer sujeito interessado em vender. Contudo, a despeito dessa opinião, vemos que a mentalidade voltada para a lucratividade nem sempre foi uma via de regra natural.
Na Idade Média, muitos comerciantes consideravam a busca por lucros como sendo uma atividade condenável. Ao lado da usura (cobrança de juros), a obtenção de lucro era combatida enquanto ação pecaminosa por muitos comerciantes da Baixa Idade Média. Não raro, as corporações de ofício exigiam o tabelamento de preços através da soma específica entre o valor da matéria-prima e o custo da mão de obra empregada.
Nos dias de hoje, essa postura pode ser representada pela expressão “vale quanto pesa”. Muitos imaginam que esse termo tenha se popularizado nos ambientes em que o comércio tenha historicamente se desenvolvido. Certamente, muitos vendedores recorrem ao mesmo para qualificar os seus produtos. Entretanto, os interessados pelo passado de nossa língua oferecem especulações bem distantes dessas hipóteses.
Uma primeira explicação de origem europeia diz que, durante a Idade Média, os nórdicos tinham o costume de cobrar uma indenização às pessoas que cometiam assassinatos. Para que o preço da pena fosse estipulado, eles tinham o estranho costume de estipular os valores com base no peso da pessoa morta. De tal modo, a indenização deixada à família do morto era diretamente proporcional ao peso do falecido.
Ninguém sabe ao certo se a expressão tenha se popularizado pela Europa para somente depois, chegar às terras brasileiras. No entanto, nos tempos da escravidão, era comum que o valor de um negro fosse estipulado a partir de sua idade e de seu peso. Dependendo dos valores, a capacidade física do escravo seria maior. Logicamente, quanto mais força (ou peso!) tivesse, o escravo era vendido por um valor maior.
Atualmente, vemos que o peso ainda determina o preço de vários produtos encontrados em feiras, supermercados, empórios e outros tipos de estabelecimentos comerciais. Ao mesmo tempo, a ação dos meios de comunicação e de outros fatores de ordem sócio-cultural leva milhares de pessoas a pagarem caro por um objeto que oferece um certo status, mas que não “vale o quanto pesa”.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola