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A escultura, grosso modo, é a arte de transformar matéria bruta (pedra, metal, madeira etc.) em formas espaciais com significado. Quando dizemos “formas espaciais”, queremos dizer formas em terceira dimensão, isto é, com volume, altura e profundidade.
Das artes plásticas, a escultura é uma das que mais estabelecem interação com o grande público. Isso porque, geralmente, elas são pensadas e produzidas com a finalidade de ocupar espaços públicos. É assim, por exemplo, com os conjuntos esculturais gregos e romanos; mas também com as esculturas produzidas na época do Renascimento ou em culturas de religiões tradicionais, como o budismo e o hinduísmo.
Muitas vezes, as esculturas são também projetadas para acompanhar complexos arquitetônicos, com o objetivo de compor um conjunto artístico harmonioso. É o caso das esculturas que acompanham as catedrais góticas da Idade Média e os palácios em estilo clássico do período das monarquias absolutistas.
Além disso, de acordo com a época, a civilização e a escola artística, a escultura sofre variações temáticas e formais. Isso se torna evidente quando comparamos as obras de um escultor renascentista (do século XVI), como Michelangelo, com as obras de um escultor primitivista ou cubista, como Picasso (do século XX). A Pietá (ver imagem no topo do texto) de Michelangelo, por exemplo, seguramente, tem uma expressão realista típica do Renascimento, que busca transmitir a dor do tema da deposição do corpo de Cristo da cruz e a contemplação pela mãe.
Outro exemplo que merece destaque é O Pensador, do escultor francês Auguste Rodin. Essa estátua foi terminada e exposta ao público no ano de 1888, integrando o conjunto chamado Portões do Inferno. Rodin havia recebido uma encomenda de esculturas especiais sobre os temas presentes no livro Inferno, da Comédia de Dante Alighieri. Muitos especialistas em arte acreditam que O Pensador seja uma representação do próprio Dante. A expressividade dessa estátua é única no movimento impressionista e, como acentua o historiador da arte Stephen Farthing:
[…] Cada componente de O Pensador é ilustrativo da concentração mental. Como observou Rodin: 'Ele não pensa só com o cérebro, a testa franzina, as narinas distendidas e os lábios comprimidos, mas com todos os músculos do braço, das costas e das pernas, os punhos fechados e os dedos contraídos'. Esta obra-prima é um exemplo da extraordinária força expressiva que Rodin imprimia ao corpo humano nu. [1]
Veja, abaixo, a imagem de O Pensador e observe as características apontadas nos parágrafos anteriores:
“O Pensador”, de Rodin, veio a público no ano de 1888
A partir do início do século XX, a escultura passou a ajustar-se às propostas das vanguardas artísticas que emergiram na Europa, como o cubismo, o dadaísmo, o abstracionismo e o construtivismo. Além do já citado Picasso (que também se destacou na pintura), outros escultores, como Constantin Brancusi e Henry Moore, tornaram-se célebres dentro das vanguardas modernistas, que, até hoje, seguem influenciando a produção contemporânea de esculturas.
NOTAS
[1] FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 324
Por Me. Cláudio Fernandes