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Em momentos de alegria, principalmente em festas, deixamos a empolgação tomar conta e acabamos cometendo alguns excessos. No dia seguinte, ainda lamentando a ressaca da noite anterior, somos avisados ou concluímos por si só que enfiamos o pé na jaca. Dessa forma, aprendemos que qualquer tipo de exagero ou comportamento abusivo está associado a essa curiosa expressão.
Para alguns, a imagem de alguém literalmente enfiando o pé na jaca é suficiente para associar a estranha alegoria à situação de exagero. Contudo, esse é um erro de interpretação que nega as verdadeiras origens dessa expressão hoje tão comum. Na verdade, a fruta aqui em questão só apareceu por conta de mais um corriqueiro processo de mutação dos termos idiomáticos.
Nos idos do século XVII e XVIII, o transporte de cargas e mercadorias ganhou grande espaço com a economia mineradora. Naquela época, os tropeiros realizavam esse serviço de distribuição no lombo de mulas geralmente munidas de um grande par de jacás. O jacá era um grande cesto indígena (feito de cipó ou bambu) no qual esses viajantes carregavam suas valiosas mercadorias.
Em algumas situações, os tropeiros interrompiam ou terminavam as suas viagens em uma venda onde se entregavam ao prazer da bebida. Depois de tantos goles, era comum que esses tropeiros passassem por um grande constrangimento na hora de subir no lombo das mulas. Não raro, o pobre tropeiro embriagado acabava enfiando o “pé no jacá” na hora de seguir o seu destino.
De lá para cá, o desuso desse tipo de cesto acabou sendo paralelo à própria transformação do termo. Nessa história, a pobre jaca acabou tomando o lugar do utensílio indígena. Apesar da mudança, o exagero dos tropeiros do século XVIII e dos “baladeiros” modernos continuam a render boas histórias.
Por Rainer Sousa
Graduado em História