Geografia urbana é um ramo da Geografia que se dedica ao estudo das cidades e da produção, reprodução e organização do espaço urbano, sendo responsável pela análise de temas importantes como urbanização, hierarquia urbana, mobilidade urbana, segregação socioespacial nas cidades e metropolização. Devido à sua importância para a compreensão das relações entre a sociedade e o meio, questões que abordam as temáticas trabalhadas pela geografia urbana são recorrentes nos vestibulares brasileiros.
Leia também: Conceitos-chave para estudar a dinâmica populacional em Geografia
A geografia urbana é um ramo do conhecimento geográfico responsável pelo estudo das cidades e das dinâmicas inerentes ao espaço urbano.
Ela se constrói por meio de conceitos básicos como os de cidade, espaço urbano, urbanização, metrópole e rede urbana.
O estudo da geografia urbana é importante para a compreensão do meio em que estamos inseridos e do nosso papel na produção e reprodução do espaço urbano.
A geografia urbana é um ramo da Geografia que estuda as dinâmicas e os processos que são responsáveis pela produção e reprodução do espaço urbano, o que compreende as cidades, os fluxos que nela se realizam e os indivíduos que vivem e interagem com esse espaço dia após dia.
Essa área do conhecimento geográfico se ocupa, portanto, da análise e compreensão dos fenômenos que são resultantes diretos da ação humana sobre o meio urbano e de como os fluxos de informações, pessoas, capitais e mercadorias se efetivam e atuam na organização e reorganização do espaço.
Dentre os principais assuntos que são abordados nos estudos da geografia urbana estão os seguintes:
gentrificação do espaço urbano;
mobilidade urbana;
segregação socioespacial;
pobreza urbana;
violência urbana.
Todos os assuntos acima listados apresentam em comum alguns conceitos básicos que constituem a base da geografia urbana, sendo o ponto de partida para os estudos dessa área específica da Geografia. Vamos conhecer esses conceitos no tópico a seguir.
Espaço urbano: corresponde ao espaço que é construído, modificado e reordenado por meio da ação dos agentes sociais, segundo a definição do geógrafo Roberto Lobato Côrrea. Esses espaços concentram grandes populações e são constituídos por casas, prédios e edificações onde as pessoas vivem e também desenvolvem, concomitantemente, diversas atividades associadas ao trabalho e à reprodução do capital, como o comércio, os serviços e a produção industrial. É nele que se desenvolvem as cidades.
Urbanização: fenômeno que é descrito como a ampliação do espaço urbano, caracterizada pelo aumento do espaço físico das cidades e crescimento populacional.
Cidade: espaço físico formado por um adensamento de edificações e de pessoas, correspondendo à materialização da ação social que produz o espaço urbano. As cidades são caracterizadas pelo tamanho da sua população, pela concentração de infraestrutura e pelos serviços e atividades que nelas se desenvolvem e são ofertados. Os limites de uma cidade são estabelecidos por meio do chamado perímetro urbano.
Município: é o nome dado a uma das divisões administrativas de um território. O governo correspondente ao município fica a cargo da prefeitura, composta pelo prefeito, vice-prefeito e vereadores. A sede do município fica localizada na cidade.
Metrópole: cidade que apresenta elevado grau de desenvolvimento e que concentra uma grande variedade de serviços, atividades e instituições. Por essa razão, as metrópoles exercem influência sobre um conjunto de outras cidades ou uma determinada região. A classificação das metrópoles varia conforme a escala territorial que o seu poder de centralidade alcança.
Região metropolitana: ordenamento territorial formado por um conjunto de cidades que se encontram interligadas a uma cidade central, que corresponde à metrópole.
Conurbação: união das áreas de duas ou mais cidades, sendo um processo muito comum nas regiões metropolitanas.
Megalópole: área de adensamento urbano formada por meio da expansão e articulação de duas ou mais regiões metropolitanas.
Rede urbana: corresponde à integração de um conjunto de cidades em diversas escalas territoriais e que acontece por meio dos mais diversos fluxos que se estabelecem entre elas, como de pessoas, informações, capitais, mercadorias e serviços.
Leia também: Cidade e município — qual é a diferença?
A geografia urbana é de fundamental importância para compreendermos o espaço em que estamos inseridos e a maneira como ele se transforma. Por meio das reflexões e dos principais conceitos trabalhados por essa área do conhecimento é possível direcionar um olhar crítico aos fenômenos que são característicos das cidades e entender mais a fundo a relação que possuímos com o urbano enquanto agentes produtores e modificadores desse espaço.
Mediante o estudo da geografia urbana, nos inteiramos acerca da dinâmica das cidades no Brasil e no mundo, além de refletirmos sobre questões fundamentais, como a urbanização, a segregação socioespacial nas cidades e a mobilidade urbana, por exemplo. A importância da geografia urbana se estende ainda para o campo prático, tendo em vista que os temas e conceitos abordados são muito utilizados no planejamento e na gestão urbana.
A construção das cidades e a reprodução do espaço urbano são resultantes da ação que os seres humanos exercem sobre o meio. Sendo assim, a geografia urbana se torna parte de um ramo maior da ciência geográfica que chamamos de geografia humana, que se dedica ao estudo das dinâmicas humanas no espaço geográfico.
A geografia urbana é tema recorrente nos grandes vestibulares brasileiros, em especial o Enem. A abordagem dos assuntos relacionados a esse ramo da Geografia na prova acontece sempre de forma bastante diversificada, valorizando em especial a interdisciplinaridade, que é intrínseca aos estudos do espaço urbano. Nesse sentido, o(a) candidato(a) pode se deparar com questões relacionadas à temática em meio a outras de Geografia, Sociologia e até mesmo História.
Espera-se que o(a) aluno(a) demonstre seu conhecimento a respeito dos conceitos básicos trabalhados na geografia urbana, dos processos de urbanização nos países com diferentes níveis de desenvolvimento e as suas consequências para as cidades, como o fenômeno da macrocefalia urbana, da metropolização e da constituição das redes urbanas, com foco especial sobre o Brasil.
Demanda-se também um olhar crítico sobre temas como a urbanização brasileira, a desigualdade socioespacial no espaço urbano e os problemas ambientais enfrentados no meio urbano, como ilhas de calor, lixo urbano e deslizamentos de encostas.
Pensando na cidade enquanto espaço físico de intensidade de fluxos e adensamento de pessoas e edificações, as primeiras organizações do tipo surgiram há milhares de anos, ainda na Antiguidade, tendo aparecido mediante a transição das antigas aldeias para estruturas um pouco mais complexas no sentido de ordenamento do espaço. Dessa forma, os estudos geográficos que levam em consideração as interações da sociedade com o meio, isto é, da geografia humana, se confundem muitas vezes com os estudos sobre as cidades e o espaço urbano incipiente.
Ao trabalhar conceitos como de regionalização, gênero e meio de vida, o geógrafo francês Paul Vidal de La Blache (1845-1918) se consolidou como um dos principais pensadores da ciência geográfica, citado frequentemente entre os primeiros a articularem suas ideias a respeito de um espaço urbano e das cidades.|1| Junto dele estão nomes pioneiros como o de seu contemporâneo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904), que apresentou igualmente uma descrição sobre as cidades.|2|
Na geografia brasileira, os estudos dos geógrafos estrangeiros, em especial os franceses, tiveram grande importância para o estabelecimento das bases dos estudos urbanos. Apesar disso, conforme analisa o professor Francisco Capuano Scarlato|3|, um pensamento mais crítico sobre o espaço urbano e a vida no interior das cidades, em detrimento da descrição dos sítios urbanos, começou a se desenvolver a partir de meados do século XX, coincidindo com o surgimento de uma fase de renovação da Geografia e principalmente com a aceleração do crescimento das cidades no Brasil.
Em uma próxima etapa, a geografia urbana brasileira adquiriu uma faceta mais tradicional e voltada para a análise da estrutura das cidades propriamente dita e da organização do espaço urbano, o que se deu por volta da década de 1970, retomando a análise crítica do urbano e da forma desigual como acontece a produção e reprodução do espaço urbano em um período um pouco mais recente, que marca o advento da geografia crítica.|4| Nomes como o de Ana Fani Alessandri Carlos, Milton Santos, Roberto Lobato Corrêa e Maria Encarnação Beltrão Sposito figuram hoje entre os principais da geografia urbana desenvolvida no Brasil.
Leia também: Grandes pensadores que contribuíram para o estudo da Geografia
Questão 1
(Enem) A expansão das cidades e a formação das aglomerações urbanas no Brasil foram marcadas pela produção industrial e pela consolidação das metrópoles como locais de seu desenvolvimento. Na segunda metade do século XX, as metrópoles brasileiras estenderam-se por áreas de ocupação contínua, configurando densas regiões urbanizadas.
MOURA, R. Arranjos urbano-regionais no Brasil: especificidades e reprodução de padrões. Disponível em: www.ub.edu. Acesso em: 11 fev. 2015.
O resultado do processo geográfico descrito foi o(a):
a) valorização da escala local.
b) crescimento das áreas periféricas.
c) densificação do transporte ferroviário.
d) predomínio do planejamento estadual.
e) inibição de consórcios intermunicipais.
Resolução: Alternativa B
O crescimento das cidades e principalmente das metrópoles brasileiras foi acompanhado também por um processo de expansão das periferias.
Questão 2
(Enem) Foi-se o tempo em que era possível mostrar um mundo econômico organizado em camadas bem definidas, onde grandes centros urbanos se ligavam, por si próprios, a economias adjacentes “lentas”, com o ritmo muito mais rápido do comércio e das finanças de longo alcance. Hoje tudo ocorre como se essas camadas sobrepostas estivessem mescladas e interpermeadas. Interdependências de curto e longo alcance não podem mais ser separadas umas das outras.
BRENNER, N. A globalização como reterritorialização. Cadernos Metrópole, n. 24, jul.-dez. 2010 (adaptado).
A maior complexidade dos espaços urbanos contemporâneos ressaltada no texto explica-se pela
a) expansão de áreas metropolitanas.
b) emancipação de novos municípios.
c) consolidação de domínios jurídicos.
d) articulação de redes multiescalares.
e) redefinição de regiões administrativas.
Resolução: Alternativa D
A globalização e a intensificação dos fluxos que se realizam por meio do espaço urbano, sejam de informações, capitais ou pessoas, levaram à constituição de redes multiescalares, tornando mais complexa a articulação das áreas urbanizadas.
Notas
|1| SALVI, R. F.; PEREIRA, C. S. S.; SPOSITO, E. S. A racionalidade construída da geografia observada em um exercício epistemológico no campo da geografia urbana. Geografia em Atos (Online), [S. l.], v. 6, n. 13, p. 04–27, 2019. DOI: 10.35416/geoatos.v6i13.6357. Disponível aqui.
|2| SCARLATO, Francisco Capuano. População e urbanização brasileira. In: ROSS, Jurandyr L. Sanches. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimp. (Didática; 3). P. 381-464.
|3| Idem.
|4| SCARLATO, Francisco Capuano. População e urbanização brasileira. In: ROSS, Jurandyr L. Sanches. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimp. (Didática; 3). P. 381-464.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/geografia/geografia-urbana.htm