Geografia ambiental

A Geografia ambiental é uma área de estudo de grande importância para a sociedade. Com ela, compreendemos nossa relação com a natureza e pensamos em estratégias para o futuro.

A Geografia ambiental é uma disciplina, inserida tanto no campo da Geografia física quanto no campo da Geografia humana, que se dedica ao estudo do meio ambiente e das relações estabelecidas entre os seres humanos e a natureza. Essa área do conhecimento geográfico analisa como a sociedade transforma o meio natural e se utiliza dos recursos nele presentes, avaliando os impactos provocados pelas atividades antrópicas no equilíbrio ambiental e as suas consequências nos âmbitos socioeconômico e geopolítico.

Leia também: Geografia urbana — o campo da geografia humana que se dedica à compreensão e à análise das cidades e do espaço urbano

Resumo sobre Geografia ambiental

O que a Geografia ambiental estuda?

A Geografia ambiental é uma subárea da ciência geográfica que se dedica ao estudo e à compreensão do meio ambiente e das interações estabelecidas entre a sociedade e a natureza. Embora esse seja o objeto de estudo da Geografia de modo geral, o enfoque ambiental visa compreender como as ações humanas interferem no equilíbrio ecossistêmico e alteram as diferentes esferas do planeta Terra (atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera), jogando luz nos impactos causados por essa correlação ser humano-natureza e nas suas consequências sociais, (geo)políticas e econômicas.

Não podemos nos esquecer de que os estudos da Geografia ambiental abrangem, ainda, a organização da comunidade internacional para debater temas de extrema importância para a manutenção do nosso planeta e, principalmente, para a tomada de decisões coordenadas acerca das mudanças climáticas e da degradação ambiental, bem como das suas consequências para a sociedade e o meio ambiente no médio e longo prazo.

Na maioria das vezes, esses tópicos se conectam com temas referentes à Geopolítica, à Geografia econômica e a outras importantes áreas das ciências humanas e da natureza, como a Ecologia, o que faz com que a Geografia ambiental adquira caráter interdisciplinar, seja dentro do escopo da própria Geografia, seja em contato com outras áreas do conhecimento.

Conceitos importantes da Geografia ambiental

Pai e filho cultivando uma planta como representação da Geografia ambiental.
A Geografia ambiental faz uso de vários conceitos importantes, como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.

A grande maioria dos temas estudados pela Geografia ambiental se utiliza de alguns conceitos-chave em comum, e por isso é importante conhecermos melhor cada um deles.

Importância da Geografia ambiental

A Geografia ambiental é uma disciplina de grande importância prática e acadêmica. Por meio de seu estudo, é possível conhecermos de maneira aprofundada a biodiversidade do planeta Terra e os diferentes ecossistemas que nele estão presentes, além de compreendermos as dinâmicas das esferas terrestres e a maneira como elas interagem. Dessa forma, a Geografia ambiental nos proporciona análises sobre o papel dos seres humanos na transformação da natureza e sobre os impactos positivos e negativos que a ação antrópica provoca, bem como seus efeitos na sociedade.

Os conhecimentos adquiridos com base na Geografia ambiental permitem que tenhamos maior consciência sobre os problemas ambientais que acometem o nosso planeta, sendo possível ampliar o debate e, principalmente, a ação em direção a um modelo de desenvolvimento mais sustentável.

Veja também: Quais são as principais ações antrópicas no meio ambiente?

Geografia ambiental no Brasil

O Brasil é detentor de uma das maiores biodiversidades do mundo, proporcionada pela grande variedade climática e paisagística do país. Ao todo, seis biomas, com aspectos de fauna e flora bastante distintos, coexistem no território nacional, sendo eles:

Região da Floresta Amazônica como representação da Geografia ambiental no Brasil.
O Brasil abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, detendo a maior parcela da Floresta Amazônica e também da água doce da América do Sul.

Os recursos naturais são, também, encontrados em abundância no território brasileiro. A água doce é o principal deles, sendo o Brasil abrigo da maior parcela da água potável da América do Sul. Outros importantes elementos naturais utilizados e/ou extraídos do meio para fins econômicos no país são os solos, minério de ferro, petróleo, gás natural, ouro, cobre e recursos biológicos, que incluem elementos da fauna e da flora brasileiras.

A intensificação das atividades industriais, a urbanização e a expansão da fronteira agrícola no Brasil, principalmente a partir da segunda metade do século XX, levaram a uma ampliação dos problemas ambientais no país, em especial o desmatamento e a perda de biodiversidade.

A Mata Atlântica é hoje o bioma mais devastado do Brasil, tendo somente 24% de sua cobertura original. Preocupa também as elevadas taxas de desmatamento na Amazônia e no Cerrado, as quais têm impacto direto na dinâmica dos ecossistemas e do clima local, além de afetar a população brasileira e até mesmo o desenvolvimento das atividades econômicas.

Geografia ambiental no Enem

A Geografia ambiental é um tema importante e presente nos mais diversos aspectos da nossa vida cotidiana, razão pela qual é cobrado com frequência nas provas de vestibular e no Enem. Valendo-se da interdisciplinaridade e dos acontecimentos atuais no Brasil e no mundo, a Geografia ambiental aparece no Enem em questões abordando principalmente o desenvolvimento sustentável e os problemas ambientais da atualidade (desmatamento, aquecimento global e mudanças climáticas, perda de biodiversidade, desertificação, ilha de calor, inversão térmica), explorando seus principais causadores e impactos para a sociedade e para o meio natural.

História da Geografia ambiental

O meio ambiente e a ação dos seres humanos sobre ele, transformando o espaço natural em espaço geográfico, sempre foram a temática central dos estudos da Geografia. Entretanto, em um primeiro momento, a abordagem que a ciência geográfica fazia do meio ambiente era majoritariamente descritiva da natureza e de seus fenômenos. O meio natural foi também incorporado nos estudos geográficos como um objeto de reflexão filosófica acerca da existência humana e do papel da natureza enquanto fornecedora de recursos e de moradia.

A Geografia ambiental como a conhecemos no presente se desenvolveu a partir do século XX, especialmente com o surgimento da corrente crítica do pensamento geográfico.

A década de 1970 representou um marco nas discussões ambientais em todo o mundo, provocando mudanças na maneira como o pensamento geográfico se ocupava dessas questões. Foi durante esse período que aconteceu a primeira conferência mundial sobre o agravamento dos problemas ambientais ocasionados pela intensificação da ação antrópica sobre o meio, em especial o aquecimento global. Além disso, a década marcou o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, com base no qual uma série de estratégias e políticas climáticas e ambientais foram elaboradas em escala internacional.

A Geografia ambiental está, hoje, incorporada nos ramos de estudo da Geografia humana e da Geografia física, permeando a maior parte dos temas pertinentes desse campo do conhecimento científico.

Veja também: Conferências ambientais — as reuniões realizadas a fim de discutir questões sobre o meio ambiente

Exercícios resolvidos sobre Geografia ambiental

Questão 1

(Enem)

Infográfico sobre a interferência antrópica nos elementos da natureza em uma questão do Enem sobre Geografia ambiental.

No infográfico, a interferência antrópica nos elementos da natureza é marcada pela:

A) elevação da temperatura na área industrial.

B) alteração na modelagem do terreno florestal.

C) concentração de ar poluído em aterro sanitário.

D) impermeabilização do solo em local pouco povoado.

E) preservação da vegetação intocada no espaço arborizado.

Resolução:

Alternativa A

A interferência antrópica é marcada pelo aumento das temperaturas na área urbanizada onde se concentra a atividade industrial. Esse fenômeno é conhecido como ilha de calor, e tem como causa a presença de extensas superfícies de asfalto e concreto, a ausência de vegetação ou áreas verdes e o lançamento de gases poluentes na atmosfera.

Questão 2

(Enem)

As queimadas, cenas corriqueiras no Brasil, consistem em prática cultural relacionada com um método tradicional de “limpeza da terra” para introdução e/ou manutenção de pastagem e campos agrícolas. Esse método consiste em: a) derrubar a floresta e esperar que a massa vegetal seque; b) atear fogo, para que os resíduos grosseiros, como troncos e galhos, sejam eliminados e as cinzas resultantes enriqueçam temporariamente o solo. Todos os anos, milhares de incêndios ocorrem no Brasil, em biomas como Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, em taxas tão elevadas, que se torna difícil estimar a área total atingida pelo fogo.

CARNEIRO FILHO, A. Queimadas. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo Instituto Socioambiental 2007 (adaptado).

Um modelo sustentável de desenvolvimento consiste em aliar necessidades econômicas e sociais à conservação da biodiversidade e da qualidade ambiental. Nesse sentido, o desmatamento de uma floresta nativa, seguido da utilização de queimadas, representa:

A) método eficaz para a manutenção da fertilidade do solo.

B) atividade justificável, tendo em vista a oferta de mão de obra.

C) ameaça à biodiversidade e impacto danoso à qualidade do ar e ao clima global.

D) destinação adequada para os resíduos sólidos resultantes da exploração da madeira.

E) valorização de práticas tradicionais dos povos que dependem da floresta para sua sobrevivência.

Resolução:

Alternativa C

A remoção da cobertura vegetal e a ação do fogo representam uma ameaça direta para a manutenção da flora e da fauna, uma vez que destroem os habitats de espécies da biodiversidade local e ocasionam, diretamente, a morte de animais e plantas. Além disso, as queimadas provocam a liberação de fumaça com elementos poluentes da atmosfera.

Fontes

LELIS, D. A. J.; PEDROSO, D. S. As correntes da Geografia e da Educação Ambiental presentes na BNCC e nas DCNEA. Revista Sergipana de Educação Ambiental, v. 8, n. 1, p. 1-20, 2021. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/revisea/article/view/15871.

SOUZA, M. L. O que é a Geografia Ambiental? AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política, v. 1, n. 1, p. 14, p. 14-37, 2019. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/22684.

SOUSA, V. P. Geografia e meio ambiente: Reflexões acerca das práticas socioculturais na concepção de sustentabilidade. Revista Diversidade e Gestão, v. 1, n. 2, p. 178-188, 2017. Disponível em: http://costalima.ufrrj.br/index.php/diversidadeegestao/article/view/860.

MENDONÇA, F. Geografia socioambiental. Terra Livre, v. 1, n. 16, p. 113-132, 2015. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/terralivre/article/view/352.

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/geografia/espaco-meio-ambiente.htm